Teia de Indra![]() A Teia de Indra, ou Rede de Indra (também conhecida como Joias de Indra ou Pérolas de Indra, do sânscrito इंद्रजाल) é uma metáfora usada para ilustrar os conceitos de vácuo (Shunyata),[2] originação dependente (Pratitya samutpada),[3] e interpenetração[4] nas filosofias hinduísta e budista. Embora o conceito hinduísta original tenha sido desenvolvido e explicado em diversos textos filosóficos da Índia antiga, a versão budista da metáfora foi desenvolvida posteriormente pela escola Mahayana através da elaboração do Sutra da Guirlanda de Flores (Avatamsaka) no século III, e em seguida pela escola Huayan, entre os séculos VI e X.[2] ExplicaçãoA ideia central do pensamento cosmológico e metafísico budista é que todos os fenômenos estão intimamente conectados. Essa ideia é expressa através da imagem da interconexão do universo tal como expresso na teia da divindade védica Indra, que estaria pendurada sobre seu palácio no monte Meru, o axis mundi, centro do mundo da cosmologia e mitologia védicas. A Rede de Indra teria uma jóia multifacetada em cada vértice, e cada jóia estaria refletida em todas as outras jóias.[5] Francis Harold Cook descreve a metáfora da rede de Indra da seguinte forma:
O hinduísmo Proto-Sāṃkhya e o budismo antigoOs materiais mais antigos dos quais essa metáfora foi derivada são encontrados nas obras filosóficas indianas mais antigas, os Saṃhitās védicos, Brâmanas,Upanixades e Sutras, de forma que a "Rede de Indra" tem suas raízes filosóficas nas formas primitivas do Sāṃkhya, uma das seis darśanas do hinduísmo. De fato, muitos estudiosos sustentam que o budismo é um ramo da filosofia Sāṃkhya do hinduísmo.[carece de fontes] CogniçãoA hermenêutica Sāṃkhya, associada às práticas da yoga, ensina que a cognição é um "protam" vertical (como o fio que corre verticalmente através de um tear, uma "urdidura"), e que a natureza dos fenômenos (isto é, espacial) é a "trama" que se imbrica pelo tear, em três "cores": branco/amarelo/dourado, vermelho/marrom e azul/preto. Essas três cores correspondem à teoria triguna, composta por sattva (o bem/realidade/existência), rajas (paixão/atividade) e tamas (escuridão/morbidez).[carece de fontes] ![]() IndraAs fases mais antigas dessa interpretação são menos discretas, mas podem ser vistas nas descrições de Indra como o skambha vertical, ou a coluna do mundo, que também está associada com o centro do universo, sem movimento e atemporal, o eixo da roda do mundo. Chegando-se na pina da roda, experimenta-se a passagem do tempo, mas ao chegar ao centro, não ocorre experiência alguma, um estado no Sāṃkhya denominado kaivalya, ou isolamento. Esse isolamento libertaria o indivíduo da Dukkha (literalmente, "um eixo quebrado ou desencaixado", mas que passa a significar apenas o sofrimento em todas as suas acepções).[carece de fontes] Também é possível que a descrição de Indra como condutor de carruagem, as rédeas na mão, ajudou a consolidar a imagem dos fios que compõem a teia, já que é com essas rédeas que Indra faz o mundo girar.[carece de fontes] BudismoDurante o período Upanixade (cerca de 1000 a.C.–200 d.C.), o deus védico Indra foi semioticamente substituído por Vixnu (por vezes traduzido como "o onipresente") e Shiva ("o auspicioso"),[carece de fontes] provavelmente por causa da associação do primeiro tanto com com o ano cíclico (a pina da roda do tempo) e seu eixo central, talvez ligado à associação primordial do segundo com o Monte Kailash, uma montanha bela mas praticamente impossível para escalada na região do Himalaia, considerada pelo hinduísmo como o pilar do mundo.[carece de fontes] Porém, quando o budismo se separou e desenvolveu sua forma sectária na metade desse período, os budistas posteriores, tais como os do século III d.C., tenderam a identificar-se mais com os elementos antigos doo hinduísmo do que com os que se desenvolveram em seguida.[carece de fontes] Isso não aconteceu em todo o Oriente, e vários outros elementos da filosofia hinduísta/budista continuaram a se interpenetrar ao longo da história do sudeste asiático, até os dias de hoje. A Escola HuayanEm relação à escola Huayan do budismo chinês, a rede de Indra simboliza um universo em que relações mútuas infinitamente repetidas existem entre todos os elementos do universo.[7] TempoO elemento "vertical"do tempo (kāla) emerge da tendência de se considerar o norte da mesma forma que o norte celestial (uttara, literalmente, "acima").[carece de fontes] Para os indianos, que vivem na parte inferior do hemisfério norte, o mundo era considerado como uma montanha, ao redor da qual o sol percorria seu curso diário. [carece de fontes] Essa revolução constituía uma das pinas da roda do tempo, e designava o eixo norte como o eixo universal, por vezes chamado de "coluna" (skambha) do mundo. [carece de fontes] Tal direção vertical foi em algum momento associada com o ápice (kūṭa) da realidade, um tema que pode ser visto também no kāla-cakra-tantra do budismo tibetano, o "tear" da roda do tempo. Como aqui o tempo é tomado em seu sentido psicológico, ou seja, com uma noção de passado, presente e futuro, ainda que "permanecendo sempre no presente", essa coluna vertical também era associada à consciência - o sistema Sāṃkha usa o termo kṣetra-jña ("conhecedor do campo") ou apenas jña ("conhecedor").[carece de fontes] Isso permitia a identificação do tempo psicológico com o Tempo-Mundo (mahākāla). Para os metafísicos do sudeste asiático, isso explicava como que a alma (Atman) podia viver eternamente, sendo uma das margens não mensuráveis do tempo eterno. [carece de fontes] Ainda assim, na metafísica budista, a não fenomenalidade do tempo, juntamente com seu papel limitador e destrutivo quanto a todas as entidades espaciais, implicava que o Atman era ele mesmo "vazio de qualquer conteúdo fenomenal permanente" (śūnyata).[carece de fontes] Conceitualmente, o "eixo vertical do mundo", antes entendido como mestre incansável e eterno da mortalidade, dava lugar ao "Tempo, o vazio de toda fenomenalidade".[carece de fontes] Ver também
Referências
Bibliografia
Leitura adicional
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