Autor de defesas fantásticas, o divertido Maier foi um dos maiores goleiros da história da Alemanha. No Maracanã contra a Seleção Brasileira, sempre a mesma categoria também brilhou.
Na Copa de 78, cercado por repórteres, o atacante Fischer ouve a pergunta: "Como um jogador tão ruim como você consegue jogar numa seleção campeã do mundo?" Furioso, o alemão abre caminho em busca do autor da pergunta. Era o goleiro Sepp Maier em mais uma de suas brincadeiras. Ele se destacava entre os sisudos alemães pelo eterno bom humor, mas não foi o humorista que entrou para a história, e sim o goleiro. [1]
Aos 22 anos, ele assumiu a camiseta número um da Seleção e só a deixou ao encerrar a carreira, quatro Copas do Mundo depois.
Com 1,85 m, pernas arqueadas, cabelos vermelhos e encaracolados, formava um tipo marcante. Era o "Anjo" que a torcida e a imprensa adoravam.
Maier dizia que suas maiores virtudes eram o controle absoluto dos nervos, a fé incondicional em si mesmo e o treinamento, sempre centrando esforços nos trabalhos de cintura e de recuperação. Mais importante do que as qualidades acima, foi a insanidade típica dos goleiros que fez de Maier um dos maiores de todos os tempos. Corajoso, oferecia o rosto às chuteiras adversárias em saídas arrojadas. Sua atuação contra a Holanda de Cruyff na final da Copa de 74 entrou para a história do futebol.
Seu bom humor também se revelava uma arma. "Quando ele erguia o tom de voz e dizia algo duro, todos corríamos para resolver. Era assustadora a transformação do rosto de anjo em demônio", garante o zagueiro do Bayern e da Seleção Schwarzenbeck. Ele usava o humor até na crise: o poderoso Bayern fazia uma terrível campanha em 1975 e andava na zona de rebaixamento. Após uma reunião para tratar da crise, os jogadores fugiram da imprensa. Apenas Maier encarou os microfones e falou solenemente. "Enviamos um ofício para a Federação Alemã pedindo que nossos adversários joguem com um a menos. Quem sabe assim pare de sobrar um atacante livre na minha frente!"
A alegria de Maier sofreu um baque em julho de 1979. Num acidente de automóvel teve fraturas nas costelas, na clavícula e no braço, lesões no fígado, no pulmão e no diafragma. Ficou seis meses treinando duro para voltar, mas já não era o mesmo. O sorriso se tornara difícil, as brincadeiras acabaram.
1 As Alemanhas Ocidental e Oriental e suas respectivas seleções unificaram-se ainda em 1990, mas o processo só ocorreu nas suas ligas de futebol ao fim da temporada 1990/91