Santa Casa de Misericórdia de Belo HorizonteA Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte é a instituição médica mais antiga da capital de Minas Gerais,[1] cujo desejo de construir um hospital que atendesse à população sem recursos remonta a 1897. Localizada atualmente na esquina da Avenida Francisco Sales com a Avenida Brasil, a Santa Casa é o maior hospital público do estado. Em 2021 o hospital realizou mais de 1,7 milhão de exames, 139 mil consultas, 29 mil internações e 11 mil cirurgias e hoje é referência para tratamento oncológico em Belo Horizonte.[2] HistóriaA fundação de Belo Horizonte a necessidade de um hospitalA região da atual Belo Horizonte antes era formada pelo Arraial do Curral Del Rei. Seus antigos moradores tinham como referência médica o hospital da Santa Casa de Sabará. Porém, como o trajeto era longo, a maioria das enfermidades eram tratadas no próprio arraial por meio de alimentos e ervas medicinais.[3] Com a instalação da Comissão Construtora da Nova Capital (CCNC) em 1894, percebeu-se a necessidade da construção de uma casa de saúde para atendimento dos mais pobres, tornando-se uma obrigação dos ricos e dos político a sua manutenção. Dessa forma, a CCNC trouxe para o Arraial a tradição das Santas Casas de Misericórdia presentes nas principais cidades do país.[3] Em maio de 1899, várias personalidades pertencentes à elite belorizontina se reuniram para a fundação da Associação Humanitária da Cidade de Minas. A Associação foi fundada com o objetivo de criar hospitais para os indigentes da cidade recém-fundada.[4] O tratamento de indigentes foi o principal foco da saúde na nova capital, já que a população mais abastada seguia para a então capital Rio de Janeiro[4] para cuidados médicos. Filantropia para ajudar os necessitadosDe 1899 a 1903, a Santa Casa funcionou de forma precária com enfermaria improvisadas em barracas e barracões. O hospital não tinha renda própria, então era necessária a benfeitoria da população mais abastada para compra de materiais básicos para o funcionamento do centro de saúde.[4] Recursos também avinham dos governos estadual e municipal. Várias eram as formas de arrecadação para além da filantropia de famílias abastadas da cidade. Quermesses eram feitas em frente ai hospital e também ocorriam jogos de tômbola organizados pelas damas da caridade.[4] O jogo sorteava objetos doados pelos dirigentes da Santa Casa e o preço das cartelas era revestido para novas obras e compras de material para uso da instituição.[4] Então, em 1903 é inaugurado o hospital com pavilhão central destinado à administração, enfermaria, cozinha, refeitório e banheiros. A higienização da cidade e os moradoresDesde a fundação da nova capital, circulava entre a elite belorizontina a ideia do discurso higienista com finalidade de ter um controle das camadas mais baixas e dos desclassificados de qualquer ordem mais abastada.[4] A Santa Casa teve papel importante na higienização do centro da capital belorizontina por adotar em massa o discurso criado pela elite. Os médicos da instituição começaram a prevenir epidemias e isolar os doentes com capacidade de contaminação com finalidade de constituir uma sociedade saudável e aprimorar o processo de modernização da capital.[5] Os médicos da Santa Casa eram referência no assistencialismo e no controle dos doentes pobres. Por ser referência no assunto, esses eram vistos como autoridades sanitaristas e começaram a discutir, juntamente com a prefeitura, as políticas sanitárias de Belo Horizonte.[4] Todo esse processo de higienização dos centros urbanos – controlar as epidemias entre os pobres e ter autoridade em saúde pública – passa pelo conceito da medicina social.[6] A elite da cidade não pensava somente na saúde pública dos doentes, mas também em manter a força de trabalho e a mão de obra dos abastados em boas condições para executarem um bom serviço e terem uma boa saúde para serem mais produtivos.[4] A reforma de Santa Casa de MisericórdiaVisando os pensamentos da medicina moderna, no ano de 1946 a Santa Casa recebeu novos prédios, com ordens do diretor José Maria Alkimin e do arquiteto Raffaello Berti, para atender mais pacientes.[7] A Santa Casa foi projetada e, em parte executada, por italianos imigrantes que chegavam a Belo Horizonte.[8] Juntamente com o arquiteto, uma equipe formada pelo médico Melo Alvarenga, o engenheiro civil Jacynto Rugani e pela consultoria hospitalar do professor da Faculdade de Medicina Ernesto Sousa Campos criou os leitos de internação, blocos cirúrgicos e outras áreas indispensáveis para cuidados médicos[9] – o pavilhão Irmãs de Caridade, as enfermarias Hugo Werneck e Wenceslau Braz, a Maternidade Hilda Brandão, o Pavilhão Robert Koch, o pavilhão Semmelveis e o necrotério.[9] Raffaello Berti usou na construção dos novos pavilhões da Santa Casa a evolução tecnológica do período entre guerras com uso de concreto armado, aço e vidro.[9] Além da Santa Casa, o arquiteto projetou o hospital Felício Rocho, o Sanatório Alberto Cavalcanti, a Maternidade Odete Valadares, o Hospital São José, o Hospital Vera Cruz e o Hospital Municipal Odilon Behrens. Associação da Voluntárias da Santa CasaFundada em 1971, a Associação das Voluntárias da Santa Casa (AVOSC) é uma instituição que tem como função auxiliar os pacientes internados para uma melhor acolhida dentro do hospital.[10] Além de tornar o espaço acolhedor para os pacientes, a AVOSC ajuda com doações de medicamentos, doação de vale-transporte para pacientes da área oncológica, organização de brinquedotecas para pacientes pediátricos, doações de roupas para recém-nascidos e cursos para gestantes e puérperas de como cuidar dos seus filhos.[11] A Santa Casa de Misericórdia nos dias atuaisAtualmente a Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte conta com outros prédios que compõem o Grupo Santa Casa. O grupo é formado pela Santa Casa BH, Hospital São Lucas, Centro de Especialidades Médicas Santa Casa BH, Faculdade Santa Casa BH, Funerária Santa Casa BH e Instituto Geriátrico Afonso Pena.[12] Todos os prédios estão próximos à Avenida Francisco Salles e à área hospitalar de Belo Horizonte no bairro de Santa Efigênia. A Santa Casa, depois da ampliação projetada por Raffaello Berti, tem uma área total de 32.000 metros quadrados com mil leitos disponíveis para os enfermos.[13] Com uma média diária de 16 mil pacientes circulando pelo hospital, a Santa Casa conta com mil e quatrocentos médicos em mais de cinco mil empregados ao todo.[14] O prédio da Santa Casa é patrimônio tombado pela prefeitura de Belo Horizonte.[15] IncêndioEm 27 de junho de 2022, um incêndio de grandes proporções causado pelo vazamento de gás oxigênio atingiu o andar de Centro de Terapia Intensiva do prédio da Santa Casa.[16] Muitos pacientes foram transferidos para outros hospitais da região hospitalar, como o hospital João XXIII e o hospital São Lucas e outros conseguiram descer e esperar até que o fogo fosse apagado pelo Corpo de Bombeiros.[17] Apesar dos estragos, não houve nenhum ferido pelo fogo ou pela inalação da fumaça.[17] Após cinco meses do acidente, o hospital reabriu o andar do CTI. Na reinauguração estavam presentes o governador Romeu Zema, o secretário de saúde gestão 2018-2022 Fábio Baccheretti e os diretores da Santa Casa.[18] Os diretores criaram a rede de doação “Santa Causa” que recebeu diversas doações totalizando R$3,5 milhões de reais para o custeio das obras e compras de equipamentos que estavam em falta por dificuldade de verbas do governo estadual.[18] Referências
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