A igreja foi construída pelo papa Leão III por volta de 800 e recebeu o nome de "San Pellegrino in Naumachia", uma referência à naumaquia construída a noroeste do Castel Sant'Angelo e dedicada pelo imperador romanoTrajano em 109. No século XVII, o papa Clemente X(r. 1670–1676) cedeu a igreja para a Pontifícia Guarda Suíça, que a utilizou para seus serviços religiosos, juntamente com Santi Martino e Sebastiano degli Svizzeri, até 1977. Depois da cessão, a igreja caiu em desuso e começou a se arruinar, mas foi restaurada no século XIX quando evidências de afrescos do século IX foram descobertos. Com o nome de San Pellegrino degli Svizzeri, foi transformada na igreja nacional da Suíça.[4]
As origens da igreja são antigas, remontando ao século VIII,[1] um fato atestado em diversas passagens do Liber Pontificalis[5][6] e também em escavações arqueológicas conduzidas pelo monsenhor Anton de Waal em 1888.[7] De Waal descobriu antigas pinturas do século IX e outras dos séculos XIII e XIV.[8] Há uma tradição que conta que Carlos Magno, em sua coroação em 800, deu as relíquias de São Peregrino de Auxerre para esta igreja, a razão de seu nome.[3] Outra razão pode ter sido o serviço prestado pela igreja aos peregrinos (em latim: peregrini), uma vez que vizinho à igreja estava o Hospitale Francorum, um hospital para peregrinos franceses , e um cemitério.[2][9]
A igreja originalmente chamava-se San Pellegrino in Naumachia.[3][1][10] Uma naumaquia, literalmente "combate naval", é um lago artificial onde batalhas navais eram apresentadas para uma audiência. A "Paixão de Pedro e Paulo", do século V, reconta a crucificação de São Pedro e acrescenta: "Santos homens...levaram seu corpo em segredo e o depositaram sob um terebinto perto da naumaquia, no local chamado o Vaticano".[11] As ruínas da estrutura foram escavadas em 1743, entre a via Alberico et via Cola di Rienzo[12]. Hülsen sugeriu que esta estrutura, construída perto do Circo de Nero, à noroeste do Mausoléu de Adriano (atual Castel Sant'Angelo), que é posterior, é a naumaquia referida no nome da igreja[13] e chamou-a de "Naumachia Vaticana". Escavações posteriores ajudaram a identificar seu formato, tamanho e orientação. Era uma estrutura retangular com cantos internos e externos arredondados, com 120 metros de largura e, pelas estimativas dos arqueólogos, pelo menos 300 metros de comprimento na direção norte-sul. Esther Boise van Deman identificou o estilo das paredes de tijolo da fachada da naumaquia como sendo da época de Trajano.[14] Em 1932, Jérôme Carcopino relatou a descoberta, entre os Fasti Ostiensi, da dedicação pelo imperador Trajano, em 11 de novembro de 109, de uma naumaquia.[15] Desde então, esta "Naumachia Traiani" tem sido identificada como sendo a mesma "Naumachia Vaticana".[16][17]
Em 1671, o papa Clemente X cedeu-a definitivamente para a Guarda Suíça, que a utilizou para seus serviços religiosos até 1977 em conjunto com Santi Martino e Sebastiano degli Svizzeri.[2] O cemitério suíço está atrás da igreja. Por séculos, membros da Guarda Suíça foram enterrados na cripta da igreja.[19]
Arquitetura
As partes mais antigas do edifício atual datam do século XV. A igreja recebeu muitos elementos decorativos novos entre os séculos XII e XVIII. Entre os séculos XIII e XV, diversos papas, como Inocêncio III, Gregório IX, Bonifácio IX e Nicolau V demonstraram um interesse especial pela igreja.
Exterior
A Guarda Suíça encomendou, em 1671, a fachada da igreja, em estilo neoclássico.[2] É uma fachada simples com um par de de colunas duplas dóricas sustentando um entablamento coroado por um frontão triangular. O grande nicho de topo arredondado sobre a entrada abriga uma estátua de São Peregrino.[20]
Interior
Os túmulos dos antigos capitães da Guarda Suíça também ficam na igreja.[3][2] No interior estão restos de alguns antigos afrescos, incluindo um "Cristo Pantocrator".[3][2] Do edifício original, apenas a abside estava decorada com afrescos.
O teto da igreja foi decorado com caixotões de madeira, populares durante o Renascimento e o Barroco, e provavelmente é do século XVII. Entre seus caixotões azuis, verdes e dourados estão inseridos os brasões dos comandantes da Guarda Suíça, como os lírios da família Pfyffer von Altishofen[18] e a flor da família Röist.
Birch, Debra J. (2000), Pilgrimage to Rome in the Middle Ages : continuity and change, ISBN978-0-85115-771-9 (em inglês), Woodbridge, Suffolk, UK: Boydell Press, p. 130
de Waal, Anton (1889), «Ein Christusbild aus der Zeit Leo's III», Roma: Tipografia Sociale, Römische Quartalschrift für christliche Altertumskunde und Kirchengeschichte (em inglês), 3: 386–390
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Frothingham, Arthur L. (janeiro–junho de 1887), «Archaeological News», Baltimore: John Murphy & Co., The American Journal of Archaeology and of the History of the Fine Arts (em inglês), III (1 & 2): 192.
Howard, Kathleen; De Montebello, Philippe (1983), The Vatican:spirit and art of Christian Rome, ISBN0-87099-348-8 (em inglês), Malibu: The Metropolitan Museum of Art, p. 152, In the seventeenth century, the church became the chapel of the Swiss Guard and was considered the national church of the Swiss in Rome.
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Molard, Francis (1896), «L'église de Saint Pellerin à Rome», in: Bulletin de la Société des Sciences Historiques et naturelles de l'Yonne, Etudes Hagiographiques (em francês), Auxerre: Perriquet, pp. 618–619
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Platner, Samuel Ball (1929). A Topographical Dictionary of Ancient Rome. Londres: Oxford University Press
Rendina, Claudio (2007). Le chiese di Roma : storie, leggende e curiosità degli edifici sacri della Città Eterna, dai templi pagani alle grandi basiliche, dai conventi ai monasteri ai luoghi di culto in periferia (em italiano). Roma: Newton Compton. p. 290. ISBN978-88-541-0931-5
Viviani, Giulio (2010). La cappella di San Pellegrino nella Città del Vaticano (em italiano). Vaticano: Libreria Editrice Vaticana. ISBN88-209-8371-0
Cópia arquivada(PDF) (em inglês), Patrons of the Arts in the Vatican Museums, 2010, consultado em 7 de junho de 2015, cópia arquivada (PDF) em |arquivourl= requer |arquivodata= (ajuda)🔗