Sabiá-do-campo

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSabiá-do-campo


Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Mimidae
Género: Mimus
Espécie: M. saturninus
Nome binomial
Mimus saturninus
(Lichtenstein, 1823)
Distribuição geográfica

O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) é uma espécie de mimão (mockingbird em inglês). É uma ave famosa por seu vasto repertório de cantos, que incluem imitações de outras espécies. Também pode ser chamada de tejo-do-campo, sabiapoca ou Calhandra.[2]

Apresenta a caracteristica de ave Sinantrópica, ou seja, pode se adaptar as grandes cidades, desde que estejam disponíveis água e áreas verdes onde eles possam pousar, caçar e fazer ninhos. Sua cor marron com torso acinzentado colaboram para sua preservação, já que mimetizam ambientes urbanos e campestres. São pássaros pequenos, os adultos medindo de 12 a 15 cm. Uma curiosidade é que seu canto vibrante e sonoro parece não corresponder ao animal tão pequeno.

É comum vê-los em pequenos bandos de 3 a 7 indivíduos (como observados em Taubaté - SP, cidade de 300.000 habitantes ou mesmo em cidades maiores como Belo Horizonte - MG), são bastante dóceis e não temem a presença humana, ao contrário dos pardais e bem-te-vis que são muito "ariscos".

Aparência

Ave inteiramente marrom, com as partes de baixo mais claras, possui uma faixa marrom-escura atravessando os olhos e uma sobrancelha branca. A ponta da Cauda também é branca. É comum vê-lo levantando a cauda durante os segundos após seu pouso sobre galhos finos, antenas e fios da rede elétrica.

Alimentação

Alimenta-se principalmente de invertebrados e frutos[3], bem como de filhotes de outras aves retirados dos ninhos. Dentre os invertebrados, os insetos (formigas, cupins, besouros) constituem a maior parte das presas.

Os frutos podem ser silvestres (neste caso de pequeno tamanho, engolidos inteiros) ou cultivados, como banana, mamão, laranja e abacate. As sementes não são digeridas, e atravessam intactas o tubo digestivo. A ave atua, assim, como dispersora das sementes dos frutos que ingere.

A maior parte do alimento é obtida enquanto a ave caminha pelo solo. Outros métodos de alimentação com presas animais são menos freqüentes, como a captura de insetos em vôo a partir de poleiros elevados, ou com saltos a partir do solo.

Frutos são coletados pela ave empoleirada; frutos de grande tamanho, cultivados, podem ter parte de sua polpa consumida após caírem ao solo.

Reprodução

A ave constrói o ninho com gravetos secos em forma de taça rala sobre árvores ou arbustos e em certos locais, sobre os grandes ninhos abandonados de outros pássaros[4]. Choca, em média, 2 a 3 ovos verde-azulados, pintados de sépia[5], chocando, às vezes, os ovos de outros pássaros. O casal é auxiliado por um terceiro ou quarto indivíduo do bando, que talvez sejam crias de anos anteriores[3]. Repelem os outros pássaros das proximidades do ninho.

Hábitos

Observado geralmente em bandos, que podem ter até por volta de 13 integrantes. Na porção sul de sua distribuição não forma bandos, e costuma viver em casais.

Enquanto caminha pelo solo, de tanto em tanto abre ambas asas numa exibição denominada "lampejo de asas", cuja finalidade não é entendida e que é observada também em outras espécies do gênero.[6] Trabalhos prévios teorizaram diversas origens, como um comportamento defensivo,[4][7] um comportamento de captura de presas[8] e de acasalamento ou exibição social.[7]

Referências

  1. «IUCN red list Mimus saturninus». Lista vermelha da IUCN. Consultado em 19 de abril de 2022 
  2. «Mimus saturninus» (em inglês). ITIS (www.itis.gov) 
  3. a b Martha Argel De Oliveira, Maria (28 de maio de 1989). «Eco-etologia do sabia-do-campo Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) (Passeri formes, Mimidae) no Estado de São Paulo». Campinas, SP. doi:10.47749/t/unicamp.1989.48045. Consultado em 16 de novembro de 2024 
  4. a b Sick, Helmut; Barruel, Paul (1986). Ornitologia Brasileira: uma introdução. 2 2.a ed ed. Brasília: Ed. Univ. de Brasília 
  5. Salvador, Sergio A. (1 de dezembro de 1985). «Estudio de parasitismo de cría del Renegrido (Molothrus bonariensis) en Calandria (Mimus saturninus), en Villa María, Córdoba». El Hornero (3): 141–149. ISSN 1850-4884. doi:10.56178/eh.v12i3.1183. Consultado em 16 de novembro de 2024 
  6. Smith, Paul; Ríos, Sergio D. (4 de julho de 2019). «Re-thinking wing-flashing in Mimidae, with new reports from Paraguay». Ethology Ecology & Evolution (em inglês) (4): 386–393. ISSN 0394-9370. doi:10.1080/03949370.2019.1575911. Consultado em 16 de novembro de 2024 
  7. a b Dhondt, André A.; Kemink, Kaylan M. (setembro de 2008). «Wing-flashing in Northern mockingbirds: anti-predator defense?». Journal of Ethology (em inglês) (3): 361–365. ISSN 0289-0771. doi:10.1007/s10164-007-0070-z. Consultado em 16 de novembro de 2024 
  8. Hailman, Jack (Outubro de 1960). «A Field Study of the Mockingbird's Wing-Flashing Behavior and Its Association with Foraging». Wilson Ornithological Society. The Wilson Bulletin. 72 (4): 346. Consultado em 16 de novembro de 2024