Rodrigo de Castro Osorio
Nota: Para outros significados de Rodrigo de Castro, veja Rodrigo de Castro (desambiguação).
Rodrigo de Castro Osorio, (Valladolid? 1523 - Sevilha 1600) foi um cardeal, arcebispo de Sevilha e membro do Conselho de Estado de Espanha durante o reinado de Filipe II de Espanha. Foi tio de Pedro Fernández de Castro y Andrade, VII Conde de Lemos. Conhecido popularmente como "Cardeal Rodrigo de Castro"; autêntico homem renascentista, tido por muitos autores como o último grande príncipe eclesiástico. BiografiaNascido em Valladolid em 1523, por se encontrar ali casualmente a sua nai, Beatriz de Castro, "A formosa", III Condessa de Lemos, mulher duma beleza tal que deu em inspirar o popular verso:
O seu nascimento em Valladolid é, no entanto, discutido por autores como Germán Vázquez, dado que nunca se pôde achar a partida de nascimento. Porém, a opinião maioritária, obtida através de documentos secundários e terceiras pessoas, é a do seu nascimento em Salamanca. Germán Vázquez esgrime o seu testamento, no que, falando de Monforte de Lemos, diz; "por bien y utilidad de mi patria". Este argumento, sim serve, em câmbio, para que outros autores estabeleçam a sua "galeguidade"; assim diz Cotarelo; "Lonxe da patria, xamais a olvida" "Dichosos serían para Don Rodrigo os días pasados na patria, xamáis olvidada"; nesta ordem de cousas, é muito criticado por se rodear, no seu Arcebispado Hispalense, duma corte de funcionários galegos, com os quais, segundo Cotarelo, consultava no seu idioma nativo.[1] Estuda direito canônico na Universidade de Salamanca, onde o seu irmão é bispo. O seu espírito inquieto leva-o a viajar: Flandres, Portugal, França, Itália, Alemanha; viagens nas que se faz com um importante patrimônio artístico, a maior parte do qual vai atesourando na cidade de Monforte de Lemos, à que o liga uma forte predileção. Adquire um importante papel na corte de Filipe II de Espanha, onde se lhe encomendam importantes missões diplomáticas, ademais de fazer parte do Conselho de Estado e do Supremo Conselho da Inquisição.[2] Foi ordenado presbítero em 1559, provavelmente por Pedro de Castro, então bispo de Cuenca. O bispo e o capítulo da catedral elegeram-no cônego e chantre da catedral; ocupou o cargo por apenas meio ano.[3] Nessa época, participou do processo contra o arcebispo de Toledo, Dom Bartolomé Carranza, tanto na Espanha como em Roma.[3] Em 31 de janeiro de 1560, compareceu em Guadalajara ao casamento do rei Felipe II com Isabel de Valois; depois, ele quis voltar ao seu cânon de Cuenca, mas o rei o nomeou conselheiro da Inquisição e ele teve que ir residir na corte.[3] Foi eleito bispo de Zamora em 30 de agosto de 1574, sendo consagrado em 7 de novembro, na igreja de San Jerónimo el Real, em Madrid, pelo cardeal Gaspar de Quiroga y Vela, bispo de Cuenca e inquisidor geral, coadjuvado por Bernardo de Fresneda, bispo de Córdoba, e por Francisco Soto de Salazar, bispo de Albarracín e Segorbe. Foi transferido para a Sé de Cuenca em 13 de junho de 1578.[3][4] Participou activamente das negociações entre o Rei Filipe II e a família real de Portugal pelo trono daquele reino. Quando as negociações pacíficas fracassaram, a guerra começou e em 1580 o rei espanhol tornou-se governante de Portugal.[nota 1] De Badajoz, a caminho de Portugal, o Rei Filipe escreveu ao Bispo Castro pedindo-lhe que fosse a Barcelona para receber a sua irmã Maria da Áustria, esposa do Sacro Imperador Maximiliano II; ao mesmo tempo, o rei comunicou-lhe que o havia proposto arcebispo de Sevilha.[3] O envio das bulas pelo papa foi feito com surpreendente brevidade e, em 20 de outubro de 1581, ele foi promovido a arcebispo metropolitano de Sevilha. O novo arcebispo tomou posse da sé em Barcelona, por procuração, em 15 de fevereiro de 1582. Acompanhou a irmã do rei a Madri e ali teve que ficar nove meses para servir de testemunha no processo contra Antonio Pérez, secretário do rei.[2][3] Foi criado cardeal no Consistório de 12 de dezembro de 1583. Acompanhou o rei em sua viagem política a Aragão, Catalunha e Valência e, em Saragoça, recebeu o chapéu vermelho do núncio apostólico Ludovico Taverna, bispo de Lodi, em 7 de março de 1585; e lá, ele celebrou o casamento de Catarina Micaela com Carlos Emanuel I, Duque de Saboia e depois voltou para Sevilha.[2][3] Em 20 de maio do mesmo ano, recebe o título de cardeal-presbítero de Santos XII Apóstolos.[3][4] Celebrou sínodos arquidiocesanos em 1586 e 1592. Em fevereiro de 1588, encarregou Fernando de Silva de representá-lo perante o vigário-geral e absolver Miguel de Cervantes Saavedra da censura de excomunhão em que incorrera, sem culpa, pelo embargo ao trigo das igrejas de Écija destinadas à Invencível Armada; o mesmo arcebispo posteriormente assinou a absolvição.[3] Depois de uma peregrinação a Santiago de Compostela em julho de 1594, visitou Monforte de Lemos e se hospedou no convento de San Antonio. É durante a convalescência duma grave enfermidade quando decide começar a monumental obra do Colégio de Nossa Senhora da Antiga, o seu maior legado para Monforte de Lemos. O colégio, a única mostra de estilo herreriano na Galiza, leva o nome da virgem sobre a que recaia a devoção do cardeal. Nesta mesma época instaura na cidade uma festa em honra das relíquias que fora atesourando, e que se conservam no museu do convento de Santa Clara (conhecido como as clarissas), de Monforte. A escritura de dotação do colégio outorga-se em Madrid, estando presente o seu sobrinho Pedro Fernández de Castro y Andrade, ainda muito novo, que desenvolveria durante a sua vida muitos dos traços do humanismo e paixão pelas artes do seu tio.[2] O rei Filipe II nomeou-o Conselheiro de Estado em 1596 e seu sucessor, Filipe III, o manteve nesse cargo. Em 1598 foi a Madrid para o casamento do futuro rei Felipe III com Margarida da Áustria; o acontecimento foi obscurecido pela morte do rei Filipe II e o casamento foi celebrado em Valência, dirigido por Juan de Ribera, arcebispo daquela cidade. O cardeal é muito criticado pelo seu gosto pelo boato e pela sumptuosidade. Sente uma grande afeição pela cetraria, da que fica constância pelo tratado de Pero López de Ayala que ainda se conserva no museu de Nossa Senhora da Antiga, e que pertencia à sua colecção pessoal. Custosas partidas de caça e grão número de serventes e criados, ademais do gosto pelo luxo e as obras de arte.[2] O seu outro aspecto era a sua generosidade e humanismo; creia uma residência para raparigas em situação difícil, luta pela humanização do trato nas prisões, ajuda o clero empobrecido e ajuda na construção e melhora de templos, hospitais e asilos, ademais de exercer de mecenas das artes. De ele diria Lope de Vega num popular soneto:
Nunca veria o Colégio de Nossa Senhora da Antiga, já que falece em Sevilha em 1600. Como deixado disposto no testamento, o traslado dos seus restos a Monforte de Lemos foi realizado, onde jazem, no Colégio, sob uma estátua realizada por Juan de Bolonia que o apresenta em posição de rezo e enfrontado a uma pintura da virgem que monopolizava as suas devoções, Nossa Senhora da Antiga, pintura que esconde detrás de si o sepulcro da sua nai, Beatriz de Castro "A Formosa".[3] Conclaves
ReferênciasNotas
Bibliografia
Ligação externa
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