Ria

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Enseadas de Marlborough, Nova Zelândia, uma forma de ria.

Ria é um acidente geomorfológico que se apresenta como um vale fluvial no entorno da foz de um rio, em que um vale costeiro permanece submerso sob as águas.[1] Outra acepção é a que descreve tal acidente geográfico como uma costa muito recortada e onde o mar é pouco profundo.[2] Em termos gerais é um braço de mar que adentra na costa e que está submetido à ação das marés.[3] Tal acepção é corroborada pela Encyclopedia of Coastal Science, que afirma:

Não há distinção clara entre ria e estuário, sendo muitas rias estuarinas no sentido de que rios deságuam e proveem a água doce que se misturam à agua salgada do mar que entra e sai com o movimento das marés.[4]

As rias são especialmente frequentes no litoral da Galiza, noroeste da Península Ibérica,[1] razão pela qual esta palavra é típica do galego e do asturiano.[1] Na publicação Vocabulário Português & Latino, de 1720, há a seguinte citação histórica sobre tal palavra:

Ria (...) o mesmo que boca, ou entrada, de rio grande no mar. Usamos desta palavra particularmente quando falamos nas rias de Galiza.[5]

O litoral atlântico espanhol, com suas rias recortadas e cheias de escarpas e praias, converteu-se numa das marcas turísticas espanholas mais conhecidas do mundo, que incluem as ilhas Cíes, cidades como Vigo e a Corunha, bem como a Ponte de Rande.[6][7]

Também a Guiné-Bissau se destaca por suas rias, comumente chamadas de rios pela população, como explica Amílcar Cabral:

Na Guiné, terra cortada por braços de mar, que nós chamamos rios, mas que no fundo não

são rios: Farim só é rio para lá de Candjambari; o Geba só é rio de Bambadinca para cima, e por vezes mesmo para lá de Bambadinca há água salgada; Mansoa só é rio depois de Mansoa para cima, já a caminho de Sara, perto de Caroalo; Buba, esse não é rio de lado nenhum, porque até chegarmos a terra seca, é só água salgada; Cumbidjâ, Tombali, são todos braços de mar, a não ser na parte superior com um bocadinho de água doce na época das chuvas, sobretudo o rio de Bedanda que vem a Baiana buscar água doce. O único rio de facto, a sério, na nossa terra, é o

Corubal[8]

Rias ibéricas

Mapa com a localização das Rias Altas galegas

Veja também

Referências

  1. a b c GUTIERREZ, Mateo (2013). Geomorphology. [S.l.]: CRC Press. 1014 páginas. ISBN 9780203093313 
  2. Editores do Aulete (2007). «Verbete: ria». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 23 de fevereiro de 2015 
  3. BIRD, Eric C.F. (2010). Encyclopedia of the World's Coastal Landforms. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 1494 páginas. ISBN 9781402086380 
  4. SCHWARTZ, M. (2006). Encyclopedia of Coastal Science. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 1211 páginas. ISBN 9781402038808 
  5. BLUTEAU, Rafael (1720). Vocabulário Português & Latino. [S.l.]: Officina de Pascoal da Sylva. 824 páginas 
  6. Da redação (6 de agosto de 2009). «Galiza, Espanha». Revista Visão. Consultado em 5 de agosto de 2017 
  7. Da redação (2016). «Dez visitas imprescindibles». Turismo de Vigo. Consultado em 5 de agosto de 2017 
  8. CABRAL, Amílcar. Alguns princípios do Partido. 1974 [1969]. Guiné-Bissau. 29 páginas. p. 18.
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