Reino da Cilícia Nota: Não confundir com Reino Arménio da Cilícia.
O Reino da Cilícia foi um estado independente que existiu de 612 a 546 a.C. Durante e depois do reino independente, a Cilícia foi governada pela dinastia de Sienésis. Sob o Império Aquemênida, o estado permaneceu como uma província autônoma até 400 a.C. HistóriaAntecedentesA Cilícia é formada por duas partes — a área ocidental inacessível das montanhas Tauro, também conhecida como "Cilícia acidentada", e as planícies orientais, dominadas pelos rios Cidno, Saro e Píramo e ricas em cereais. Na segunda metade do segundo milênio antes de Cristo, toda a região, conhecida como Quizuatena, fazia parte do Império Hitita. Fontes contemporâneas mencionam as duas principais cidades das planícies, Tarso e Adana. A língua mais importante era o lúvio.[1] Naquele tempo, a região era governada por um príncipe da família real hitita, chamado “sacerdote”.[2] Após a queda do Império Hitita em 1 180 a.C. a região foi incluída no reino neo-hitita de Taruntassa, com a capital em algum lugar na Panfília. Não se sabe quanto tempo esse estado existiu. Quando os assírios descobriram a região no século IX a.C., chamaram a área fértil oriental de Que e a região ocidental de Hilacu ou Quilacu, provável origem do nome Cilícia. As planícies de Que foram originalmente conquistadas pelos assírios. O rei Tiglate-Pileser III (r. 744–727 a.C.) nomeou um governador na região, com residência em Adana. No entanto, não era uma posse segura do Império Neoassírio. Após a morte de Sargão II em 705 a.C., a Cilícia tornou-se independente novamente sob a antiga dinastia, a casa de Muquesa (Muksa). Conhecida pelas fontes fenícias como Mpš e pode (de acordo com uma inscrição de Caratepe) ser identificado com o Mopsus da lenda grega, que se diz ter fundado uma cidade e um oráculo na Cilícia. No entanto, o rei assírio Assaradão (r. 680–669 a.C.) reconquistou a área.[2][1] Enquanto isso, a região de Hilacu permaneceu independente. Os assírios não estavam interessados nessa área montanhosa subdesenvolvida e em suas tribos pobres. Contudo, durante o reinado de Assurbanípal (r. 668–631 a.C.), Hilacu foi ameaçado pelos ataques cimérios, uma tribo nômade do nordeste que já havia invadido a Armênia. Portanto, Hilacu se colocou sob proteção assíria.[2] ReinoApós a queda do Império Neoassírio em 612 a.C., a Cilícia tornou-se um reino totalmente independente com capital em Tarso. No recém-estabelecido reino ambas as áreas da Cilícia foram unidas. Os gregos deram o título de seus reis, suuanassai, como Sienésis e o nome do país como Cilícia.[1][2] Por estarem em uma geografia estrategicamente significativa, os cilícios poderiam conseguir expandir seu reino ao norte como o rio Hális em um curto período.[carece de fontes] O primeiro rei da Cilícia conhecido é mencionado pelo historiador grego Heródoto. Ele conta que em 585 a.C., o rei Sienésis I, o fundador do reino, e Labineto da Babilônia mediaram as negociações de um tratado de paz no fim da guerra de cinco anos entre a Média e a Lídia:[3]
Essa história confirma que a Cilícia era naquele momento um poder independente e não pertencia ao Império Neobabilônico.[2] O governo pacífico conduzido pela dinastia de Sienésis manteve o reino sobrevivente.[carece de fontes] Nada mais de sabe sobre Sienésis I, além do que nos é contado por Heródoto.[5] Sienésis I provavelmente foi sucedido por Apuassu, que enfrentou as campanhas do rei babilônico Neriglissar em 557 a.C. Embora Apuassu tivesse preparado emboscadas e ataques para deter o avanço babilônico, ele foi derrotado e perseguido por Neriglissar ao longo da costa ciliciana até chegar em Ura, que foi tomada e saqueada por Neriglissar.[6] Apuassu conseguiu fugir e não foi capturado, mas apesar disso a campanha foi bem-sucedida em afirmar o controle babilônico na Cilícia que se tornou um estado-tampão entre o Império Babilônico, Lídia e Império Medo.[6] As razões que levaram a esse ataque são desconhecidas, mas é possível que isso possa ter ocorrido porque Apuassu era um rei vassalo do Império Medo, rival da Babilônia.[2][5] Sendo assim a campanha foi parcialmente destinada a neutralizar a crescente influência dos medos na Anatólia.[7] No entanto, isso não pode ser confirmado.[5] No outono de 556 a.C.,[8] o rei babilônico Nabonido liderou o exército babilônico em uma campanha para da Cilícia. O fato de Nabonido ter feito campanha na Cilícia logo após a campanha de Neriglissar pode sugerir que a Síria, que estava sob domínio da Babilônia, foi ameaçada por invasores da Cilícia,[9] ou pode indicar que Nabonido em geral estava preocupado com a segurança do império.[8] Uma inscrição sugere que Nabonido fez uma campanha bem-sucedida para a Cilícia em 555 a.C.,[10] no caminho, talvez atacando a Hamate na Síria,[11] mas o registro é fragmentário.[10] Quando os medos foram derrotados pelos aquemênidas em 550 a.C., Apuassu pode ter tentado recuperar sua independência, mas ele não teve sucesso e provavelmente por volta de 546 a.C., ele teve que reconhecer a autoridade dos persas para manter a administração local com os cilícios. A Crônica de Nabonido menciona uma campanha do rei Ciro, o Grande por volta de 547/546 a.C. em um certo país não identificado, pois na crônica contém uma lacuna. Não é impossível, mas é improvável que a Lídia seja o alvo dessa campanha.[2] Após essa campanha, não encontramos referências a Cilícia nas fontes babilônicas, o que sugere que não havia mais contatos comerciais entre cilícios e babilônios.[2][12] Seja como for, em algum momento da década de 540 a.C., Ciro adicionou a Cilícia ao Império Aquemênida, tornando-a um reino vassalo. O rei persa Xerxes I escolheu a Cilícia para reunir um grande exército para atacar a pátria grega em 481 a.C. No próximo ano, Sienésis II serviu como um dos comandantes da marinha persa. A planície costeira do país costumava servir para reunir exércitos. Embora a Cilícia tivesse um rei nativo, ela era uma satrapia e tinha que pagar altos impostos anuais ao imperador persa. Devido à sua autonomia estendida, os cilícios pagavam mais impostos que outras satrapias.[13] Segundo Heródoto, a Cilícia tinha que dar 500 talentos de prata (aproximadamente 1,3 toneladas) e 360 cavalos brancos como impostos.[14][15] Como satrapia do Império Aquemênida, os cilícios eram independentes em seus assuntos internos e mantinham essa autonomia por quase 150 anos. Em 401 a.C., Sienésis III e sua esposa Epiaxa se envolveram em uma revolta de Ciro, o Jovem contra seu irmão Artaxerxes II Mnemão. Sienésis foi forçado a se aliar com Ciro, devido a presença de suas tropas no país. Essa era uma política sólida, porque, caso contrário, a Cilícia teria sido invadida pelo exército rebelde. No entanto, após a derrota de Ciro na Batalha de Cunaxa, a posição de Sienésis foi difícil. A maioria dos estudiosos supõe que esse comportamento marcou o fim da independência da Cilícia, que depois de 400 a.C., tornou-se uma satrapia comum.[5][2][13] Dinastia de Sienésis
Referências
Bibliografia
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