Raul Randon
Raul Anselmo Randon (Tangará, 6 de agosto de 1929 — São Paulo, 3 de março de 2018) foi um empresário brasileiro. Era filho de Abramo e Elisabetha Randon, que lhe deram os irmãos Hercílio, Isolda, Zilá e Beatriz. Abramo nasceu em Conceição da Linha Feijó, na zona rural da antiga colônia italiana de Caxias do Sul, aprendeu o ofício de ferreiro de Carlin Fabris, e com 23 anos de idade mudou-se para Rio Bonito, hoje Tangará, onde abriu uma oficina de ferramentas e uma ferraria.[1] Ali nasceu Raul, que recebeu educação primária em Encantado e a partir dos 14 anos ajudou o pai. Em 1949, já morando em Caxias do Sul com a família, iniciou uma oficina de reforma de motores com o irmão Hercílio, que tinha conhecimento técnico, logo depois passando a trabalhar com máquinas tipográficas em parceria com Ítalo Rossi. Porém, em 1951 a empresa incendiou.[2][3] Os sócios conseguiram continuar seu trabalho precariamente nas oficinas das fábricas de Matteo Gianella e Evaristo de Antoni. Através de Cláudio Corso foram apresentados a Antonio Primo Fontebasso, que deu a ideia de fabricar freios a ar para reboques, e para isso foi constituída uma nova sociedade, com a razão social de Mecânica Randon Ltda. Um ano depois, Fontebasso adoeceu e se retirou.[2] Os irmãos Randon continuaram a empresa, ampliando-a significativamente na década de 1960.[4] Nesta época foi criada a Fundação Assistencial Abramo Randon para fomentar o bem-estar dos funcionários.[5] Segundo Dalla Costa & Souza-Santos,
Em 1970 transformou-se em sociedade anônima com a denominação Randon S.A. Indústria de Implementos para o Transporte, e no ano seguinte tornou-se empresa de capital aberto. Os irmãos Randon continuavam sócios majoritários e Raul foi eleito diretor-presidente.[5] Ao longo da década de 1970, com a expansão do mercado, e após visitas a feiras internacionais para atualização, a empresa decidiu investir pesado nos semirreboques, contratou com o grupo sueco Kochum Industri uma transferência de tecnologia para caminhões fora-de-estrada, e deu um salto na produção, triplicando seu patrimônio.[2][6] A crise dos anos 1980 freou o crédito, elevou os juros e o crescimento da empresa, que vinha acelerando rápido, entrou em colapso, sendo pedida concordata. A recuperação começou com um contrato de exportação de 713 carretas para a Argélia.[2] Nas décadas de 1980 e 1990 consolidou-se a estratégia de joint ventures para afirmação nos mercados, diversificando as atividades no setor de transportes e conquistando o mercado externo. Ao mesmo tempo, buscou-se tornar a gestão mais transparente.[5] Em 1989 Hercílio, seu irmão e grande parceiro nos negócios, faleceu. Na década de 1990 iniciou um período de transição e reorganização administrativa. Os filhos que teve com a esposa Nilva Teresinha D'Agostini — David, Roseli, Alexandre, Maurien e Daniel — já participavam da administração e em 1992 foi criada a holding familiar DRAMD.[2] Em 1999 a Randon tinha um quadro de 4.500 funcionários e um parque industrial superior a 190 mil metros quadrados.[5] Em 2006 Raul retirou-se da Presidência Executiva e passou para a Presidência do Conselho Administrativo,[7] função que desempenha até hoje (2017). Desde a década de 1970 lançou-se também na produção de alimentos com a Rasip — Randon Agrosilvipastoril, iniciando com maçãs, chegando a ser um dos maiores produtores do Brasil, depois produzindo presuntos, salames, vinhos e queijos para mesas sofisticadas, com prêmios internacionais e um faturamento de cerca de R$ 50 milhões em 2016.[8][9][10] Em 2015 a Randon iniciou suas atividades no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS em Porto Alegre através da criação do Instituto Hercílio Randon.[11] As empresas mantêm projetos assistencialistas há muitos anos, agora principalmente através do Instituto Elisabetha Randon, que teve sua atividade distinguida pela Câmara Municipal em 2017 com o Prêmio Caxias do Sul.[12] A antiga oficina de motores tornou-se um grande conglomerado empresarial com unidades produtivas no Brasil, Argélia, Argentina, Chile, Estados Unidos, Marrocos e Quênia, e escritórios internacionais na África do Sul, Alemanha, China, Dubai, Índia e México.[5] Na descrição de Majô Gonçalves, da Revista Mercado Automotivo,
Raul foi presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) entre 1975 e 1978.[13] Construtor de "um dos maiores conglomerados de empresas do Brasil",[14][5] considerado entre os mais importantes no setor de transporte para cargas terrestres, implementos rodoviários, auto-peças e serviços,[15][6][5] sua trajetória está intimamente associada ao desenvolvimento de Caxias do Sul e da região,[16] recebendo mais de 200 prêmios e distinções nacionais e internacionais,[17] entre eles a Medalha Pacificador da ONU Sérgio Vieira de Mello, concedida em 2006 pelo Parlamento Mundial para Segurança e Paz,[18] o Prêmio Personalidade Exportação da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil,[19] a Medalha Tiradentes da Polícia Civil gaúcha, concedida a quem contribui com serviços relevantes para a causa da Instituição Policial,[20] a Medalha do Mérito Farroupilha, da Assembleia Legislativa do Estado, destacando a importância dos projetos sociais e ações implementadas pelo grupo Randon,[21] a Ordem do Mérito Industrial da Confederação Nacional da Indústria,[22] a Medalha Júlio Redecker de Desenvolvimento, da Câmara Federal,[23] o Destaque Medicina Veterinária 2013, na categoria Agronegócio, concedido pelo Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul, destacando "relevantes contribuições dadas pelo empresário em termos de pesquisa e desenvolvimento aplicado aos produtos",[24] e em 2015 recebeu o Prêmio Lide de Empreendedorismo, quando foi destacado como "O Empreendedor da Década",[25] e louvado no Correio Braziliense como dono de "uma das maiores empresas privadas brasileiras, chegando a ser referência global e a atender mais de 100 países".[14] Foi biografado por Luís Augusto Fischer em 2012 como parte das homenagens do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade a 27 lideranças "responsáveis pelas mudanças significativas no Rio Grande do Sul nos últimos 20 anos a partir da adoção de uma postura voltada à qualidade, à competência e à inovação".[26] Em 2015 a Randon S.A. Implementos e Participações liderou o ranking da Exame como a Melhor do Setor Autoindústria e a Fras-le foi considerada uma das cinco maiores fabricantes mundiais de materiais de fricção, a maior fabricante de lonas para veículos comerciais do mundo, e uma das mil maiores empresas do país.[27] Em 2016 Raul foi incluído pela revista Exame em sua lista dos cem líderes com melhor reputação no Brasil, sendo o 48º colocado.[28] Em 2017 foi agraciado pela Universidade de Pádua com o título de Doutor Honoris Causa em Ingegneria Gestionale, reconhecendo seu mérito como empreendedor no âmbito social. Randon foi o segundo brasileiro a receber esta honraria.[29] No mesmo ano recebeu homenagem da CIC em reconhecimento por sua contribuição ao desenvolvimento econômico e social da região, do estado e do país,[13] e o Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho o reconheceu como um empreendedor "de atuação e importância internacional para a indústria de transformação e o próprio desenvolvimento do Brasil".[30] Seus aniversários têm sido comemorados com uma já tradicional cavalgada, que além de festejar o aniversariante têm o objetivo de resgatar a cultura e as tradições gaúchas. A Cavalgada Raul Anselmo Randon está registrada na 25ª Região Tradicionalista.[31] Seus 80 anos foram comemorados em 2010 com uma grande festa nos pavilhões da Festa da Uva, contando com a presença da governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, do presidente da Assembléia Legislativa, Giovani Cherini, e do prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, além de outras autoridades estaduais e municipais e 1.800 convidados.[32] Referências
Ver tambémLigações externas |