Ramón Mercader
Jaime Ramón Mercader del Río Hernández, também conhecido como Ramón Mercader, Jacques Monard ou ainda Frank Jacson (Barcelona, 7 de fevereiro de 1913[1] – Havana, 18 de outubro de 1978)[2] foi um agente no exterior do Comissariado do Povo para Assuntos Internos NKVD da URSS, na época que Josef Stalin era o secretário geral do Partido Comunista da União Soviética.[3] Seu ato mais conhecido foi se infiltrar na casa de Leon Trótski, em seu exílio no México e cometer o atentado que levaria à morte o principal rival de Stalin. Como um suposto rico comerciante ele se tornara amante da trotskista americana Sylvia Agelot, e se infiltrara na casa onde Trótski morava,[4] cometendo o atentado ao final da tarde de 20 de agosto de 1940. Em 1961 foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. VidaMercader nasceu em Barcelona, mas passou grande parte de sua juventude na França com sua mãe, Eustacia Maria Caridad del Río Hernández, após a separação de seus pais. Seu avô havia sido governador de Cuba. Ainda jovem abraçou o marxismo-leninismo, ajudando organizações marxistas-leninistas na Espanha durante meados dos anos 30. Esteve preso por algum tempo devido a suas atividades, mas libertado quando a Frente Popular venceu as eleições e assumiu o governo de seu país em 1936. Nesta época sua mãe se torna uma agente soviética.[5][6] Pouco tempo antes de irromper a Guerra Civil Espanhola Ramón viaja a Moscou, com o intuito de treinar as artes da sabotagem, luta de guerrilhas e assassinato. Foi-lhe dado o nome-código “GNOME” por seus superiores. Assassinato de TrotskyNa primavera de 1939 Stalin afirma ao agente Sudoplotov:
Em outubro de 1939, Mercader entrara no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios. Segundo Volgokanov a operação que levou ao assassinato de Trótski custara cerca de cinco milhões de dólares ao governo stalinista (Volkogonov, Trotski, pg 458). No dia 24 de maio de 1940, falha um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México. A espiã soviética, África de las Heras, que também se infiltrara na casa de Trótski trabalhando como empregada, ajudou-o no plano.[8] Um segundo plano foi rapidamente engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trótsky, consegue amizade com a secretária de Trótsky, Sylvia Agelof. Encontra-se por duas vezes com Trótsky sob o pretexto de ser um patrocinador canadense de suas ideias. Na segunda, em 20 de agosto, no escritório da casa de Trótsky em Coyoacán (próximo da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com um piolet (pequena picareta de alpinismo). Segundo alguns relatos, os seguranças de Trótsky iriam matá-lo, mas Trótsky impediu, gritando: "Não o matem! Este homem tem uma história a contar." Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar sua real identidade; não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão, ficando os primeiros cinco anos em solitária (Levine, 1960 pg. 10). Apenas em agosto de 1953 sua verdadeira identidade foi descoberta, suas conexões com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética, quando foram abertos os arquivos da NKVD. Mercader descreve suas ações em seu julgamento no México
Prisão, Fidelidade e ReconhecimentoMesmo sendo frequentemente torturado pela polícia mexicana, Mercader jamais revelou sua identidade ou suas ligações com a NKVD. Alfonso Quiroz, um psicólogo mexicano que se interessou pelo caso, concluiu após diversas análises que Mercader era uma pessoa superdotada, pois além de dominar vários idiomas fluentemente tinha uma capacidade de raciocínio acima do normal. Após poucos anos de prisão, Mercader pleiteou liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón. A NKVD chegou a elaborar um ousado plano para resgatá-lo da prisão em Outubro de 1944.[9] Entretanto, este plano, que contaria com a participação da espiã Anna Feodorovna Filonenko-Kamaeva, jamais foi realizado.[10] Após cumprir sua pena, foi finalmente libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde Fidel Castro o acolheu. Em 1961, Mercader mudou-se para a URSS e foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país. Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD). Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério de Kuntsevo, em Moscou, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa. Filmografia sobre Ramón Mercader
Ver tambémReferências
Fontes
Bibliografia
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