Ponço Afonso de Baião
Ponço Afonso de Baião (Depois de 1185 - junho de 1235[1][2] ou depois de 1237[3]) foi um rico-homem do Reino de Portugal. Primeiros anosNascido depois de 1185, Ponço Afonso era filho (provavelmente primogénito[1]) de Afonso Hermiges de Baião e da sua primeira esposa, . Ponço começa a surgir na documentação de corte em 1202, mais cedo que o seu irmão Lopo Afonso de Baião (que confirma documentação curial a partir de 1205[4]). Terá casado, decerto depois de 1202, com Mor Martins de Riba de Vizela, uma rica-dona que havia sido barregã de Afonso II de Portugal. A escolha para esposa de uma antiga barregã régia parece confirmar a dedicação que demonstraria à corte, através de vários servilismos e talvez até adulações. Entrada na corteEm 1202, foram-lhe atribuídos cargos tenenciais em Penaguião e Godim[2], abdicando desta quando o irmão entra na corte, em 1205. Contudo, Ponço acumulou um grande número de outras tenências, o que comprova a presença regular na corte e a enorme influência, que soube adquirir, sem poder ilibar-se da suspeita de meios mais ortodoxos ou de graves abusos de administração[3]. Magnate povoadorPonço aproveitou os seus cargos tenenciais para iniciar a sua obra povoadora, dando cartas de foro a várias vilas, como Saturninho, em março de 1226; Paredes, em 1232, e Sequeiros (perto de Penaguião), a julho de 1233. Foi também o fundador da povoação de Águas Belas, após ter extorquido as terras do lugar ao concelho de Sortelha. Esta vila deixá-la-ia à sua filha Estevainha. O testamento de Sancho I e o conflito sucessórioAntecedentes: o testamento e a divergência nobiliárquicaApós a morte de Sancho I de Portugal, que nomeara como testamenteiros Gonçalo Mendes II de Sousa, Lourenço Soares de Ribadouro, Gonçalo Soares, Pedro Afonso de Ribadouro, e Martim Fernandes de Riba de Vizela (sogro de Ponço), o seu sucessor não se mostrou cooperante com o testamento deixado pelo pai, no qual teria de ceder terras às suas irmãs. Os executores teriam de fazer valer os direitos do rei no caso de o seu testamento não se cumprisse como o mesmo havia estipulado. Os primeiros anos do reinado do sucessor, Afonso II de Portugal, foram marcados por violentos conflitos internos entre o rei e as suas irmãs Mafalda, Teresa e Santa Sancha de Portugal, a quem Sancho legara em testamento, sob o título de rainhas, a posse dos castelos de Montemor-o-Velho, Seia e Alenquer, com as respectivas vilas, termos, alcaidarias e rendimentos. Ora, Afonso, tentando evitar a supremacia da influência dos nobres no seu governo, pretendia centralizar o seu poder, mas para isso incorria contra as irmãs e em último caso contra o testamento paterno. A maioria dos nobres, chefiados por Gonçalo Mendes II de Sousa, empenharam-se em fazer cumprir as últimas vontades o monarca anterior[5]. Contudo, uma parte da classe manteve-se, na verdade, na fação do rei. Para Ponço era importante manter-se do lado do sogro e não causar problemas junto do novo rei, pelo que, à semelhança de outros nobres das beiras, como Lourenço Soares de Ribadouro, manteve-se igualmente na fação do novo monarca. O conflitoNo ano seguinte, em 1212, Afonso II intimou as irmãs para que que lhe fizessem restituição das terras herdadas. Em respostas, as três infantas-rainhas, Teresa, Sancha e Mafalda, recolheram-se ao fortíssimo e quase inexpugnável castelo de Montemor-o-Velho, que era da primeira e estava guardado pelo cunhado de Lourenço, Gonçalo. As tropas reais, chefiadas por Martim Anes de Riba de Vizela, chegaram mesmo a combater as hostes das infantas, chefiadas pelo Sousão nos pântanos junto ao castelo[6]. Ponço, no entanto, teve necessidade de defender, embora pouco eficazmente, as terras fronteiriças que detinha contra as investidas leonesas que se deram nesses anos, na consequência do pedido de auxílio que a infanta Teresa fizera chegar a Afonso IX de Leão, o seu ex-marido[3]. Este conflito seria resolvido apenas com intervenção do Papa Inocêncio III; o rei indemnizaria as infantas com uma soma considerável de dinheiro, e a guarnição dos castelos foi confiada a cavaleiros templários, mas era o rei que exercia as funções soberanas sobre as terras e não as infantas. Porém os Sousas e os seus seguidores seriam renegados durante todo o reinado, e assim sendo saíram de Portugal, refugiando-se em outras cortes peninsulares. Últimos anosː o reinado de Sancho IIPonço conseguiu, desta forma, permanecer nas boas graças de Afonso II e conservar o seu antigo lugar na cúria régia e as boas graças do novo monarca[3]. A sua influência viria a aumentar com a morte de Afonso II, sendo que integrava o grupo de magnates que se encarregaram da tutela do pequeno Sancho II de Portugal, e da administração do País durante a sua menoridade[3]. Em 1223, confirma as concórdias e composições com o arcebispo de Braga e com as tias do novo monarca. Ainda participou em algumas campanhas de Sancho II contra os Mouros, a Sul[3]. Nesta concórdia encontram-se de novo magnates que se haviam exilado no reinado anterior, como Gonçalo Mendes II de Sousa. Morte e posteridade
Embora se saiba que faleceu provavelmente em junho de 1235, tese corroborada pelo facto de que data deste ano o último documento em que surge, poderá ser ainda ele o tenente de Lamego de 1237, o que prolongaria o seu período de vida em pelo menos mais dois anos[3]. Neste caso teria falecido pouco depois de 1237, decaído já da sua antiga influência, e não chegando a viver, desta forma, o perturbado período final do reinado daquele monarca. Na literaturaPonço parece ter sido alvo de uma cantiga de escárnio do trovador Pero Barroso[7]. O trovador parece ter criticado o seu suposto "mau aspeto" devido a uma suposta "falta de comida", tentando implicitar uma pobreza inerente a estas condições, o que poderia levaria a pensar num tal afastamento da corte que teria deixado de ter condições mínimas[8]. Contudo, a cantiga pode ser interpretada no sentido inverso, no sentido da ironiaː a cantiga contaria provavelmente que Ponço faleceu não por falta, mas por excesso de comida, não havendo, no entanto, dados mais concretos. Uma outra teoria defende que seria uma “indireta” não a Ponço, mas ao seu sobrinho também trovador, Afonso Lopes de Baião, provavelmente pelo apoio ao conde de Bolonha nas guerras que o opuseram a Sancho II de Portugal[8]. Casamento e descendênciaPonço Afonso desposou, em data incerta, Mor Martins de Riba de Vizela (m. depois de 1285[1]), filha de Martim Fernandes de Riba de Vizela e Estevainha Soares da Silva. O casal teve a seguinte descendênciaː
Referências
Erro de citação: Elemento <ref> com nome "FOOTNOTESottomayor-Pizarro1997293" definido em <references> não é utilizado no texto da página.Bibliografia
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