Paulo Alvim
Paulo de Tarso Alvim Carneiro (Ubá, 23 de fevereiro de 1919 — Ilhéus, 18 de fevereiro de 2011) foi um engenheiro agrônomo, pesquisador e professor universitário brasileiro. Comendador e Grã-cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, era membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Cientista de renome internacional, realizou as seguintes pesquisas: fisiologia vegetal aplicada à agricultura; estudo dos fatores ecofisiológicos que determinam a produtividade das plantas, especialmente cultivos tropicais como cacau e café e essências florestais; sistemas de produção agrícola para regiões tropicais úmidas (especialmente Amazônia e Mata Atlântica).[1] BiografiaPaulo nasceu na cidade mineira de Ubá, em 1919.[2] Era filho de Francisco Alvim Carneiro e Alayde Brandão Alvim, mais conhecida em Ubá como Dona Neném Alvim. Passou sua infância e adolescência em sua cidade natal, onde fez seus cursos primário e secundário no Colégio Brasileiro e no Ginásio Mineiro Raul Soares, respectivamente. Seu pai morreu quando tinha apenas 2 anos, assim a educação de Paulo e seus três irmãos mais velhos - Maria José, José Geraldo e Lygia Vicentina - ficou sob a responsabilidade de sua mãe, que foi costureira por muitos anos.[3] Quando sua irmã Lygia faleceu prematuramente aos 29 anos, seus quatro filhos, sendo o mais velho com cinco anos e o menor com três meses, foram acolhidos por Dona Neném.[4] Em 1937, Paulo prestou o vestibular para o curso de agronomia na Escola Superior de Agricultura e Veterinária do Estado de Minas Gerais (ESAV), hoje Universidade Federal de Viçosa (UFV), onde passou em 3º lugar entre 130 candidatos. Em dezembro de 1940, Paulo se formou engenheiro agrônomo e foi então convidado para ser Professor Assistente de Botânica em sua faculdade. Com o apoio do agrônomo Octávio de Almeida Drumond, Paulo ministrou em 1943 o primeiro curso de Fisiologia Vegetal oferecido no Brasil para estudantes de Agronomia.[3] Por indicação da própria ESAV, em 1945, Paulo recebeu uma bolsa de estudos do “International Institute of Education” para fazer uma pós-graduação na Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Em 1948, obteve o título de PhD em Fisiologia Vegetal com tese sobre o tema “Studies on the mechanism of stomatal behavior”. De volta ao Brasil, começou a trabalhar com fisiologia de plantas cultivadas e sobre a ecologia dos cerrados, onde demonstrou a íntima relação entre esse tipo de vegetação e as características químicas do solo, contribuindo para as técnicas de manejo do solo e expansão da agricultura em tal bioma.[3] Em 1949, por ocasião do 2º Congresso Sul-Americano de Botânica, em Tucumán, Argentina, coordenou o movimento que resultou na criação da Sociedade Botânica do Brasil.[3] PesquisaSuas atividades de pesquisador estão relacionadas principalmente com a fisiologia vegetal aplicada à agricultura, mais especificamente aos fatores ecofisiológicos que determinam a produtividade das plantas, com atenção especial a cultivos tropicais, como cacau e café. Inventou o primeiro porômetro portátil para o estudo da abertura dos estômatos em condições de campo, o que é fundamental para o estudo das relações água/planta. Seu invento é conhecido como Porômetro de Alvim. Ainda na área das relações água/planta, aperfeiçoou o método tradicional de infiltração para avaliar o grau de abertura dos estômatos, tornando-o mais preciso.[3] Demonstrou pela primeira vez, experimentalmente, que várias plantas tropicais necessitam de um "choque" de desidratação-hidratação (seqüência de período seco para um período úmido) para abrirem suas flores ou renovarem sua folhagem. Chamou o fenômeno de "hidroperiodismo". Inventou ainda um tipo de dendrômetro simples, utilizado não apenas para medir o crescimento em diâmetro das árvores, mas também para avaliar o grau de desidratação das plantas e determinar, ou não, o de irrigações. Decorreram de seus trabalhos as primeiras indicações sobre a possibilidade de se utilizar o solo do cerrado para fins agrícolas, utilizando-se fertilizantes e corretivos, o que é hoje uma realidade da agricultura brasileira. Na última década, conduziu uma série de trabalhos sobre problemas ecológicos e agrícolas da região amazônica. À frente do planejamento técnico-científico da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, foi o principal responsável pela organização e implantação dos departamentos técnicos da instituição, de maneira especial do Centro de Pesquisas do Cacau-CEPEC.[3] Foi diretor técnico-científico da CEPLAC por quase 25 anos e durante esse período a produção brasileira de cacau registrou o maior aumento de sua história e a produtividade média das fazendas baianas aumentou 60%. Na literatura botânica, foi homenageado com a descrição de 3 novos gêneros e 7 novas espécies da região cacaueira. Entre 1985 e 2011 foi membro da Academia Brasileira de Ciências. Em 1950 participou da fundação da Sociedade Botânica do Brasil, foi o primeiro presidente da Sociedade Latino-Americana de Fisiologia Vegetal e foi conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Membro da Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal, American Society of Plant Physiologists, Sociedade Latino-Americana de Fisiologia Vegetal, American Society of Agronomy, International Society of Tropical Biology, American Association for the Advancement of Science, Sociedade Honorária Sigma Xi e Sociedade Honorária Phi Kappa. Presidiu a Fundação Pau Brasil, organização não governamental com sede nas dependências da CEPLAC e dedicada a atividades conservacionistas e a estudos sobre agricultura sustentável e diversificação agropecuária na região cacaueira da Bahia.[3] MortePaulo morreu em sua casa, em Ilhéus, em 18 de fevereiro de 2011, aos 91 anos, em decorrência de problemas renais.[5] Ele foi velado na Loja Maçônica Regeneração Sul Bahiano e foi sepultado no Cemitério da Vitória, também em Ilhéus.[6][7] Distinções
Homenagens
Medalhas
Prêmios
Títulos Honoríficos
Publicações selecionadas
Referências
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