Paulistas

Paulistas
Bandeira de São Paulo
População total

46 649 132 [1]

Regiões com população significativa
 Paraná 552.191 [2]
 Minas Gerais 432.236 [2]
 Mato Grosso do Sul 214.946 [2]
 Bahia 189.264 [2]
 Rio de Janeiro 145.933 [2]
 Mato Grosso 136.721 [2]
 Pernambuco 102.188 [2]
 Santa Catarina 99.395 [2]
 Goiás 92.336 [2]
 Ceará 66.137 [2]
Línguas
português (predominante), alemão, italiano e trentino
Religiões
60,06% Igreja Católica
24,08% Evangélicos
8,14% Irreligião
3,29% Espiritismo
1,08% Testemunhas de Jeová
3,35% Outras
Etnia
63,9% Brancos[3]
29,1% Pardos[4]
5,5% Negros[3]
1,4% Amarelos
0,1% Indígenas
Grupos étnicos relacionados
caipiras
brasileiros
lusófonos
italianos

Os paulistas são os indivíduos nascidos no estado de São Paulo, localizado na Região Sudeste do Brasil.

Formação e origem do povo paulista

Ramalho e seu filho.

Quando os primeiros europeus chegaram ao atual território paulista, o litoral e o Planalto Paulista eram habitados predominantemente por indígenas tupis-guaranis, como os tupiniquins, tupinambás e carijós, mas existiam também alguns que pertenciam a tribos jês, como os guaianás e os guaramomis. Já o interior era, em grande parte, ocupado por ameríndios falantes de idiomas macro-jê, como os caingangues, caiapós e xavantes.[5]

Nas primeiras décadas do século XVI, alguns náufragos e degredados portugueses se fixaram em terras paulistas, em sua grande parte no litoral, como António Rodrigues e o enigmático Bacharel de Cananeia, enquanto João Ramalho, considerado o "pai dos paulistas" e o "fundador da paulistanidade", se instalou no Planalto de Piratininga. Estes primeiros colonos adotaram a cultura indígena e se miscigenaram com mulheres ameríndias. Da miscigenação luso-indígena se formou a base do povo paulista colonial e a cultura caipira.[6][7] Os membros das famílias tradicionais paulistas do período colonial são denominados “quatrocentões”.

Durante o Período Colonial da História paulista, iniciado em 1532, com a fundação de São Vicente, a primeira vila do Brasil, mais colonos europeus, predominantemente portugueses, mas também espanhóis, neerlandeses, franceses e ingleses, se fixaram no território paulista e se misturaram com caboclas, descendentes de portugueses e indígenas. Eram poucas as mulheres brancas que se fixaram em terras paulistas neste período.[8]

Até meados do século XVIII, a presença do escravo africano no atual território estadual (exceto no Vale do Ribeira, que teve ciclo do ouro no século XVII, com o uso do trabalho do africano escravizado) era muito rara, pois seus habitantes não possuíam condições de comprá-los, visto que essa era a região mais pobre da América Portuguesa. Com isso, a economia paulista era baseada na lavoura de subsistência, com o trabalho forçado do indígena.[9]

A procura por índios para escravizar levou, no final do século XVI, ao surgimento de exploradores paulistas, os bandeirantes, que mais tarde passaram também a procurar por pedras preciosas nos domínios portugueses. O bandeirismo envolveu a maioria dos homens paulistas e foi um dos responsáveis pela expansão das fronteiras da América Portuguesa para além do Tratado de Tordesilhas. Com isso, exploradores vindos de São Paulo se fixaram, nos séculos XVII e XVIII, em regiões como o Paraná (a região do Terceiro Planalto Paranaense ainda era inabitada por não-indígenas), o litoral e a região serrana de Santa Catarina, Minas Gerais e o Centro-Oeste do Brasil.

Na década de 1760, a cultura da cana-de-açúcar se tornou a base da economia paulista, sendo essa planta cultivada sobretudo na região do "quadrilátero do açúcar", demarcado pelas vilas de Sorocaba, Piracicaba, Mogi Guaçu e Jundiaí. Nos canaviais, empregava-se o trabalho do escravo africano e a presença dele no território paulista aumentava cada vez mais. As lavouras cafeeiras no Vale do Paraíba, as quais existiram durante grande parte do século XIX, empregavam a mão-de-obra escrava.[10][11]

Ao longo da primeira metade do século XIX, com o fim do Ciclo do ouro, muitos habitantes de Minas Gerais migraram em direção ao Nordeste Paulista, atraídos pelas terras férteis desta zona do estado.[12]

No início do século XIX, a população indígena em território paulista era muito pequena, com exceção do noroeste e oeste paulista, regiões ainda não colonizadas. Em 1817, Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius, durante suas viagens pelo Brasil, passaram pelo estado e assim descreveram sobre seu povo:

“Muitos paulistas conservaram-se sem a mistura com os índios, e são tão brancos, mesmo mais claros, do que o colono europeu puro nas províncias do norte do Brasil. Os mestiços, filhos de brancos e índios, mamelucos, conforme o grau da mistura, têm a pele cor de café, amarelo-clara, ou quase branca. Fica, porém, sobretudo no rosto largo, redondo, com maçãs salientes, nos olhos negros não grandes, e numa incerteza do olhar, a revelação, mais ou menos clara, do cruzamento com o índio.”[13]

Entre 1880 e 1930, milhões de imigrantes se fixaram no estado de São Paulo, para trabalhar nos cafezais do interior em substituição à mão-de-obra escrava e nas indústrias da capital. Eram, em grande parte, europeus, predominantemente italianos, portugueses e espanhóis, mas também houve a imigração de muitos libaneses, sírios e japoneses.[14]

Na primeira metade do século XX, o Oeste e Noroeste Paulista, antes com escassa população não-indígena, foram ocupados com o avanço das ferrovias. Os povoadores dessas regiões eram principalmente imigrantes e paulistas descendentes próximos destes, mas também houve a presença de brasileiros de Minas Gerais e de outros estados do país.[15]

Entre as décadas de 1950 e 1970, no contexto do avanço industrial paulista cada vez maior, milhões de brasileiros, oriundos sobretudo da Região Nordeste, migraram para São Paulo, especialmente para a capital e sua área metropolitana em busca de melhores condições de vida e trabalho.[16][17]

Nos anos 2000, milhares de nordestinos retornaram à sua região de origem.[17]

Línguas paulistas

A língua dominante de São Paulo é a portuguesa, que inicialmente era pouco falada no território paulista até o século XVIII. Inicialmente, os paulistas, assim como as demais populações de territórios paulistânicos, se comunicavam através da língua geral paulista, uma língua crioula formada no século XVI a partir de dialetos do tupi antigo, com influências do português e do espanhol, sendo ela a língua habitual dos bandeirantes. No início do século XVII, as bandeiras paulistas iniciaram uma série de ataques contra as missões jesuíticas espanholas no Paraguai, interior do Paraná (Guayrá) e norte do Rio Grande do Sul (Sete Povos das Missões), em busca de indígenas guaranis para escravizar. Como resultado, o contato estabelecido durante este período de guerras entre os paulistas e os espanhóis trouxe elementos do guarani para a língua geral paulista.

Em 1758, o ensino e o uso do tupi e da língua geral foi proibido pela administração do Marquês de Pombal, tornando o português a única língua oficial da colônia. Com isso, a língua geral paulista foi gradualmente desaparecendo, sumindo completamente no início do século XX, em decorrência da grande onda migratória. Atualmente, é uma língua morta, mas é objeto de interesse de linguistas.[18][19]

Dialetos e outras línguas

Dialetos paulistas

Com a introdução da língua portuguesa, foi desenvolvido o dialeto caipira, uma linguagem possivelmente influenciada pela língua geral paulista.[20] O dialeto caipira é generalizado principalmente no interior do estado, havendo mais de uma variante, dependendo da região. Sua primeira documentação foi feita em 1920, com a publicação de O Dialecto Caipira, obra de Amadeu Amaral, mas uma de suas mais antigas referências foram feitas na década de 1860, pelo advogado e jornalista campineiro Pedro Taques de Almeida Alvim Júnior.[21]

Até o início do século XX, a linguagem caipira predominou em todo o estado, inclusive em sua capital. No interior de São Paulo, para preservar o dialeto caipira, a prefeitura de Piracicaba o reconheceu como patrimônio histórico e cultural em decreto assinado em 25 de agosto de 2016, alguns dias depois, no mesmo mês, foi lançado por Cecílio Elias Netto o Dicionário do Dialeto Caipiracicabano: Arco, Tarco, Verva, reunindo 1,479 verbetes.[22] Assim como o resto do estado, a região de Piracicaba foi palco de uma grande influência italiana, que se deu a partir da década de 1870; imigrantes provenientes do Albiano, Sardenha, Romagnano, Cortesano e Vigo Meano se estabeleceram na região, em 1890, e além do dialeto caipira, ainda hoje dialeto trentino, trazido pelos imigrantes, é preservado entre os descendentes no município, especialmente nos bairros de Santana e Santa Olímpia.[23]

Houve um grande fluxo de imigrantes calabreses, vénetos e napolitanos em outras áreas de São Paulo, desenvolvendo um pidgin ítalo-paulista, uma língua criada para facilitar a comunicação, baseada no dialeto caipira, misturado com as línguas napolitana, vêneta e calabresa.[24] A linguagem ítalo-paulista e as línguas italianas, somadas com a obrigatoriedade do português, que viria a substituí-las quase que completamente, acabou por influenciar no desenvolvimento do português paulista moderno, sendo um grande exemplo o dialeto paulistano, uma variação da Região Metropolitana de São Paulo, que além dos italianos, foi influenciada por outros grupos de imigrantes, como sírios, libaneses, japoneses, espanhóis e portugueses, contribuindo em seu desenvolvimento, agregando novos termos, fazendo com que o falar da Região Metropolitana de São Paulo e zonas de influência se diferencie substancialmente do dialeto do interior de São Paulo.[24]

População

A população de São Paulo em 2024 era de 46,6 milhões de habitantes, sendo o estado mais populoso do Brasil, 52,65% de sua população é do sexo feminino e 47,35% do sexo masculino.[25][26]

Em 2010, 20,60% (8.498.812) da população do estado era de outras unidades da federação, principalmente da Bahia (1.702.676), Minas Gerais (1.616.885) e do Paraná (1.003.286). São Paulo é o estado que mais recebe migrantes de outras unidades federativas, também é o estado com o maior número de imigrantes internacionais (545.686) sendo a maioria da Bolívia (115.705), Haiti (37.723) e China (35.441).[27][28][29]

Muitos paulistas descendem de portugueses, japoneses, alemães, espanhóis e, principalmente, italianos, havendo no estado a maior comunidade italiana fora da Itália. Em 2024, haviam entre 15 a 20 milhões de paulistas ítalodescendentes,[30] quase um terço da população de São Paulo.

Migração paulista

Cerca de 2,4 milhões de paulistas vivem fora do Estado de São Paulo. Os estados brasileiros com maior quantidade de migrantes paulistas em 2010 foram o Paraná (552.191), Minas Gerais (432.236) e o Mato Grosso do Sul (214.946).[31][32] Nos Estados Unidos, vivem legalmente mais de 80 mil paulistas, e no Japão, mais de 40 mil.[33]

Religião

Segundo o Censo Brasileiro de 2010, da população paulista, 60,06% professavam a Igreja Católica, 54,08% eram evangélicos, 7,14% irreligiosos, 3,29% eram adeptos do espiritismo, 1,08% eram testemunhas de Jeová e 3,35% professavam outras religiões.

Referências

  1. «Estimativa de População 2020» 
  2. a b c d e f g h i j https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  3. a b «Censo demográfico 2010» (PDF): 67 
  4. «Censo demográfico 2010» (PDF): 68 
  5. Drummond, Carlos (1973). «Os indígenas de São Paulo quando da chegada de Cabral» (PDF). Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. LXX: 5-10. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  6. «Nº20 – Perfil > João Ramalho». Revista Apartes (edições anteriores). Consultado em 10 de agosto de 2022 
  7. «Vida caipira: O caipira é o homem rural típico do Brasil». educacao.uol.com.br. Consultado em 4 de janeiro de 2023 
  8. Ellis Júnior, Alfredo (1936). Os primeiros troncos paulistas e o cruzamento euro-ameríndio (PDF). São Paulo: Companhia Editora Nacional. 351 páginas 
  9. MANUEL MONTEIRO, John (1994). Negros da terra: Índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. [S.l.: s.n.] p. 30 
  10. Micheli, Marco (2017). «Considerações sobre a produção de açúcar e a lavoura de mantimentos em São Paulo na virada do século XVIII ao XIX». Universidade de São Paulo. Revista Angelus Novus. 13 (13): 151-167. Consultado em 18 de outubro de 2022 
  11. Chagas, Renata Lúcia Cavalca Perrenoud (2004). Prognóstico do consumo de energia elétrica nos sistemas urbanos de abastecimento de água em pequenos e médios municípios da região paulista do vale do rio Paraíba do Sul (PDF) (Tese de Doutorado). Guaratinguetá: Unesp. pp. 49–54 
  12. CUNHA, Maísa Faleiros da (2010). «Mineiros em terras paulistas: população e economia» (PDF). Cedeplar-UFMG. Anais do XIV Seminário Sobre a Economia Mineira: 4-5. Consultado em 22 de outubro de 2022 
  13. Spix, Johann Baptist von; Martius, Carl Friedrich Philipp (2017). Viagem pelo Brasil (PDF). I. Brasília: Senado Federal. pp. 176–177 
  14. GRASIELLE, Gonçalves de Oliveira. A influência da cultura italiana em São Paulo (PDF). [S.l.: s.n.] p. 6 
  15. Pupim, Rafael Giácomo (2008). Cidade e território do oeste paulista: mobilidade e modernidade nos processos de construção e reconfiguração do urbano (PDF). São Carlos: USP. pp. 50–51 
  16. «Migrações no Brasil». Mundo Educação. Consultado em 18 de janeiro de 2023 
  17. a b Silva, Júlio César Lázaro da. «Principais Migrações Inter-regionais no Brasil». Brasil Escola. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  18. Anunciação, Silvio (março de 2014). «Registro raro de língua paulista é identificado». Jornal da Unicamp (591). Consultado em 27 de abril de 2023 
  19. «.: HELB - História do Ensino de Línguas no Brasil :.». www.helb.org.br. Consultado em 3 de setembro de 2022 
  20. Pires, Cibélia Renata da Silva (fevereiro de 2009). «O uso da língua geral e sua restrição na América portuguesa» (PDF). Revista Espaço Acadêmico. 93. Consultado em 27 de abril de 2023 
  21. RODRIGUES, Beatriz. Linguagens urbanas e modernidade na "Babel amalucada": cartas caipiras em periódicos paulistanos (1900-1926) (PDF). [S.l.: s.n.] p. 58 
  22. Romanelli, Tais (5 de dezembro de 2016). «O Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva - A Província - Paixão por Piracicaba». A Província. Consultado em 10 de julho de 2024 
  23. Região, Do G1 Piracicaba e (1 de agosto de 2013). «Comunidade tirolesa ensina dialeto e mantém tradição viva em Piracicaba». Piracicaba e Região. Consultado em 16 de maio de 2024 
  24. a b MORDENTE, Olga Alejandra. Identidade cultural e linguística nas falas dos italianos imigrantes. [S.l.: s.n.] p. 47 
  25. ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2020/estimativa_dou_2020.xls  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  26. (PDF) http://www.nesp.unb.br/saudelgbt/images/arquivos/Perfil_Sao_Paulo.pdf  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  27. https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  28. https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/1505#resultado  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  29. https://www.nepo.unicamp.br/observatorio/bancointerativo/numeros-imigracao-internacional/sincre-sismigra/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  30. Internazionale, Ministero degli Affari Esteri e della Cooperazione. «150 ANOS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO BRASIL». conssanpaolo.esteri.it. Consultado em 10 de julho de 2024 
  31. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/10/145-dos-brasileiros-moram-fora-do-estado-em-que-nasceram-diz-ibge.html/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  32. https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/631#resultado/  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  33. «Meio milhão de brasileiros vivem no exterior». GGN. 16 de novembro de 2011. Consultado em 21 de outubro de 2022 

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