Paul Murry
Paul Murry (Saint Joseph, 25 de novembro de 1911 - Palmdale, 4 de Agosto de 1989) foi um desenhista norte-americano que ficou especialmente conhecido por desenhar quadrinhos Disney das aventuras do Mickey entre 1950 e 1984. Com exceção das tiras de jornal, foram nada menos que 412 histórias[1] com a participação do camundongo, tendo, em 330 delas,[2] o Mickey como personagem principal BiografiaO início da vida profissional de Paul Murry foi como fazendeiro. Mais tarde, decidiu ser desenhista e, em 1937, começou a trabalhar em uma empresa de impressão. O dono da empresa o contratou depois de ter visto os desenhos feitos por Murry nas bordas de um formulário de perguntas enviado pelo desenhista a um concurso. Nesse concurso, Murry ganhou um piano novo, instrumento que, no ano seguinte, financiaria sua viagem a Hollywood para um período de experiência num emprego na Disney.[3] Naquela época, os quadrinhos Disney eram publicados apenas nas tiras de jornal. Assim, Paul Murry inicialmente procurou emprego como animador nos desenhos da Disney para o cinema. Trabalhou principalmente para Fred Moore, que era um dos principais animadores da Disney e que, essencialmente, havia criado o Mickey moderno. Essa foi a razão principal que mais estimulou Murry a, posteriormente, desenhar os quadrinhos do Mickey. Além dos curta-metragens, o desenhista trabalhou nos longas Pinóquio, Dumbo, Você já foi à Bahia? e A canção do Sul, todos contendo personagens que, mais tarde, utilizaria nas histórias em quadrinhos que desenharia. Paul Murry produziu quadrinhos para a Disney de 1943 até 1984, e, apesar de nunca ter roteirizado uma história sequer, desenhou um total de 757 histórias,[4] entre tiras de jornal e histórias publicadas em revistas, a maior parte destas para a editora Dell Comics. Por suas mãos, além do Mickey, Pateta, Minnie e Pluto, passaram personagens tão distintos como o Zé Carioca, o galo Panchito, personagens da turma da floresta (Coelho Quincas, Lobão e Lobinho, Zé Grandão e João Honesto, Grilo Falante, entre outros), além do Superpateta, Gilberto, os vilões Mancha Negra e João Bafodeonça, etc. Seu último trabalho foi publicado em Walt Disney's Comics and Stories nº 510, quando a revista foi descontinuada, sendo retomada somente dois anos mais tarde, pela editora Gemstone. Os anos finais do desenhista, até seu falecimento em 1989, aparentemente não foram devotados aos quadrinhos e nem ao Mickey. Quadrinhos DisneyO início nas tiras de jornalPaul Murry estreou nos quadrinhos Disney co-desenhando, juntamente com Bob Grant, a primeira história do Zé Carioca, publicada nas tiras diárias de jornal entre 1942 e 1943. A estreia de Murry ocorreu na tira publicada em 7 de março de 1943. O roteirista foi Hubie Karp e o também desenhista Dick Moores arte-finalizou o desenho de Murry.[5] Nos anos seguintes, até 1946, Murry ficou apenas desenhando para as tiras de jornal. Além de mais umas poucas tiras com o Zé Carioca, Murry também trabalhou com o Panchito, num total de 53 Pranchas dominicais (sunday strips),[6] o Coelho Quincas, 10 histórias, compostas por várias sundays,[7] e o Mickey, 30 tiras diárias[8] e 4 histórias completas, compostas por várias dailies, 3 delas em parceria com outros desenhistas.[9] Seu primeiro trabalho com o camundongo foi justamente a primeira dessas 4 histórias, O Segredo dos Fantasmas (The House of Mystery),[10] desenhada a 6 mãos, juntamente com Floyd Gottfredson e Dick Moores, com roteiro de Bill Walsh. A história foi publicada nas tiras diárias de jornal entre 13 de novembro de 1944 e 27 de janeiro de 1945. Depois dela, vieram uma história sem título, composta por 6 tiras diárias (daily strips), The New Girlfriend (12 dailies) e Mickey's Mini-plane (18 dailies). A migração para as revistasMesmo que Paul Murry seja mais conhecido por desenhar aventuras do Mickey, especialmente para as revistas Walt Disney's Comics and Stories e Mickey Mouse, sua primeira história em quadrinhos desenhada especialmente para uma revista teve o Coelho Quincas como personagem principal. A história O Amigo Coelho (Brer Fox an' de Stolen Goobers),[11] com roteiro de Chase Craig e arte-final de Carl Buettner, foi publicada na revista Four Color Comics nº 129, de dezembro de 1946. Entre 1946 e 1949, Murry desenhou 15 histórias, alternando entre o Coelho Quincas (sempre com roteiro de Chase Craig) e o Lobinho. Importante destacar, neste período, o primeiro trabalho de Murry publicado na revista que o tornaria famoso nos anos seguintes, a Walt Disney's Comics and Stories. A estreia do desenhista naquela publicação ocorreu no nº 76, de janeiro de 1947, em uma história do Coelho Quincas, O Pudim Vapt-Vupt (The Whipme-Whopme Pudding).[12] Por razões desconhecidas, Paul Murry não desenhou nenhuma história no ano de 1948, fato que se repetiria em 1952 e em 1983. As primeiras histórias com o MickeyA primeira história solo desenhada por Murry, tendo o Mickey como personagem principal, foi O Monstro Marinho (The Monster Whale),[13] publicada originalmente em Vacation Parade nº 1, de julho de 1950. Naquele ano, entretanto, o desenhista não trabalhou mais com o camundongo. Murry desenhou outras 19 histórias em 1950, sendo 16 delas com o Pato Donald, 2 com Tico e Teco e uma com a Vovó Donalda.[14] Em 1951 foram mais duas histórias longas com o Mickey, The Mystery of the Double-Cross Ranch[15] e The Ruby Eye of Homar-Guy-Am,[16] ambas publicadas na Four Color Comics, além de duas histórias de uma página, publicadas na mesma revista. Porém, Murry já começava a diversificar seu leque de personagens, pois além do Mickey e Pato Donald, também desenhou histórias tendo o Pateta, a Minnie e o Pluto como personagens principais. Aliás, as histórias de Murry tendo a Minnie como personagem principal foram pouquíssimas (apenas 5).[17] Já com o Pluto, Murry trabalhou bastante. Foram 77 histórias tendo o cachorro do Mickey como personagem principal.[18] Desenhou, ainda, 55 histórias tendo o Pateta como personagem principal, sendo 27 delas histórias de apenas uma página (one pages).[19] A parceria com Carl FallbergDesde o final dos anos '40, a revista Walt Disney's Comics and Stories publicava histórias seriadas com o Mickey, histórias essas que se estendiam por mais de uma edição da revista. No início, eram apenas roteiros reaproveitados das tiras de jornal, mas, depois, alguns desenhistas e roteiristas foram testados em histórias inéditas. Porém, em maio de 1953 foi publicado o primeiro seriado desenhado por Murry, O Último Refúgio (The Last Resort), originalmente publicada em Walt Disney's Comics and Stories nºs 152, 153 e 154, entre maio e julho de 1953, com roteiro do veterano Carl Fallberg.[20] A parceria com o roteirista rendeu um total de 97 histórias,[21] e estendeu-se até 1972, com Os Piratas de Porto Plácido (The Pirates of Port Placid).[22] Destas 97 histórias, 44 foram publicadas na Walt Disney's Comics and Stories, sendo 38 delas histórias seriadas com o Mickey. Abaixo, a relação desses 38 seriados.
As demais histórias seriadasAlém das histórias seriadas em parceria com Carl Fallberg, mencionadas acima, Paul Murry desenhou outras 27 histórias para a Walt Disney's Comics and Stories, sendo duas delas com roteiro reaproveitado das tiras de jornal, conforme relação abaixo:
A série Álbum de FotosUma série interessante da Disney era o chamado "Álbum de Fotos", em que os personagens iniciavam a história mostrando uma fotografia em um álbum como mote para o desenrolar da história. O interessante era que, por vezes, os personagens que apareciam no splash panel mostrando e comentando a fotografia não participavam da história. Desenhistas como Tony Strobl, Jack Bradbury, Al Hubbard e Dick Moores (entre outros) passaram pela série, o mesmo acontecendo com roteiristas do quilate de Carl Fallberg e Vic Lockman. Paul Murry contribuiu com 16 histórias,[23] quais sejam:
As histórias para o Disney StudioEntre 1963 e 1968, além de produzir para a Dell Comics, Paul Murry desenhou 11 histórias para o Disney Studio.[24] Curiosamente, apenas umas poucas destas foram publicadas nos Estados Unidos até o momento. As 11 histórias desenhadas por Murry para o Disney Studio são:
O Mancha Negra e o SuperpatetaNos anos 1960, Paul Murry foi o responsável pela popularização do antigo personagem Mancha Negra, criado por Floyd Gottfredson em 1939, ao desenhar uma série de histórias em que esse vilão enfrentava o Mickey e o Superpateta. A primeira história de Murry com o Mancha Negra foi A Volta do Mancha Negra (The Return of the Phantom Blot),[25] de 1964. Outra história interessante foi A Bruxa Adormecida no Bosque (The Phantom Blot Meets Mad Madam Mim),[26] de 1965, em que o roteirista Bob Ogle faz a Madame Min apaixonar-se perdidamente pelo vilão, situação que foi posteriormente explorada em outras histórias envolvendo o Mancha Negra e a Min. Neste período, Murry desenhou apenas 8 histórias longas com o Mancha Negra, além de 7 one pages, mas foram histórias marcantes. Abaixo, a relação dessas 8 histórias longas:
Apenas em 1977 Murry voltaria a trabalhar com o Mancha Negra, em uma série de 8 histórias para a Walt Disney's Comics and Stories, a maioria delas curtas histórias de 8 páginas, mas certamente sem o brilho de antes.[27] O Superpateta foi outro grande sucesso de Paul Murry. Sobre este personagem, aliás, há duas curiosidades interessantes. A primeira tentativa de criar-se o herói foi na história Mancha Negra Encontra o Super-Pateta (The Phantom Blot Meets Super Goof),[28] de 1965, mencionada na tabela acima, em que o Pateta apenas pensa ter superpoderes. Posteriormente, o roteirista Dell Connell criou a história O Super-Trapalhão (All's Well that Ends Awful),[29] de 1965, na qual o Superpateta obtinha os seus poderes por meio de uma capa construída pelo Professor Pardal. Para efeitos de origem do personagem, entretanto, é considerada a história O Ladrão de Zanzipar (The Thief of Zanzipar),[30] de 1965, com roteiro de Bob Ogle. É nela que os superamendoins aparecem pela primeira vez. Murry desenhou 18 histórias longas com o super-herói no período entre 1965 e 1978, além de 8 one pages, em um total de 28 histórias.[31] Abaixo está a relação das 18 histórias longas de Murry com o Superpateta:
Outras primeiras aparições nos quadrinhosAlém do Superpateta, Murry desenhou as primeiras aparições nos quadrinhos de vários personagens. Da turma da floresta foram o Coelho Quincas, Zé Grandão, João Honesto, Zé Veloz, Neco Ati, Zé da Estrada e Compadre Coruja. Desenhou também as primeiras aparições de Ivanzinho (primo malvado do Lobinho), Tia Malvina Maléfica e Tio Maunuel (tios malvados do Lobão), Urso Colimério e o guarda florestal Sucupira, Tio Martinho, Primo Miquelino, Tio Miguelzinho, Primo Austregésilo e Matilde (todos parentes do Mickey, mostrados em histórias curtas da série Álbum de Fotografias Disney), Ben Ali Michel (vilão de uma dessas histórias curtas) e Barzan das Selvas. Porém, algumas dessas primeiras aparições são dignas de nota. Dois outros super-heróis Disney dos quadrinhos surgiram pelas mãos de Murry:
Dentre os vilões que apareceram nos quadrinhos pela primeira vez pelo traço de Murry merecem ser mencionados:
Os últimos personagens a surgirem pelo traço de Paul Murry foram Tiraprosa de Chumbo Grosso, seu cavalo Malhado, sua eterna "fã" Chica e o Delegado Patusco, na história Quando um Bravo Correu (When you Show your Gums ... Smile!),[41] de 1969. A trilogia da P.I.Em 1966 Murry desenhou o Mickey como um super-agente secreto, seguindo o estilo dos filmes de James Bond, na conhecida Trilogia da P.I.. A série de três histórias em que Mickey e Pateta são recrutados pela P.I. - Polícia Internacional, com argumento de Don Christensen, foi desenhada a 4 mãos, juntamente com Don Spiegle, que se encarregou de desenhar as figuras humanas, e publicada originalmente em Mickey Mouse nºs 107 a 109, entre abril e outubro de 1966. São elas:
Mickey e Pateta receberam, nessas aventuras, os codinomes de "Abóbora 3" e "Abacaxi", respectivamente, e, além de treinamento em artes marciais, disfarces, comunicações e explosivos, receberam armamentos especiais e um veículo aero-terrestre-anfíbio, A Coisa (The Thing),[45] para seus deslocamentos nas missões para as quais são designados. A série Teatro DisneyEntre 1965 e 1966 foram publicadas uma série de 14 histórias, em que os personagens Disney parodiam clássicos da literatura mundial. A série ficou conhecida como Teatro Disney[46] e Paul Murry desenhou 8 dessas histórias. As demais ficaram a cargo de Tony Strobl. Abaixo, a relação das histórias com desenho de Paul Murry:
Outras histórias de épocaAlém das histórias da série Teatro Disney, Murry também gostava de ambientar o Mickey e o Pateta (e, eventualmente, a Minnie) em histórias do passado, como no Velho Oeste ou no tempo dos piratas. A explicação sempre era que uma máquina do tempo os havia levado à época em questão. Abaixo, uma lista dessas histórias:
O final da carreiraDepois da última história seriada publicada na Walt Disney's Comics and Stories, que foi A Invasão de Dragões (Flight of the Dragon),[47] de 1974, Murry ficou alternando-se entre a WDC e a Mickey Mouse, produzindo histórias menores do que as seriadas de 24 págs. A única exceção foi A Ilha dos Monstros (Monster Island),[48] história com estrutura de 24 págs., mas publicada de uma só vez em Mickey Mouse nº 149, de junho de 1974. No período final de sua carreira, Murry desenhou 13 histórias, que foram publicadas na Mickey Mouse,[49] e 71 histórias, que foram publicadas na Walt Disney's Comics and Stories.[50] Destas últimas, 62 foram produzidas em uma estrutura fixa de 8 págs., que foi o padrão no final da carreira do desenhista. A última históriaA última história de Paul Murry publicada em vida foi The Remot Control Caper,[51] na Walt Disney's Comics and Stories nº 510, de 1984. Histórias publicadas após o falecimento de Paul MurryApós o falecimento do desenhista foram publicadas, na Dinamarca, 3 histórias,[52] sendo que nenhuma delas, curiosamente, saiu até o momento nos Estados Unidos. São elas:
Murry como capista DisneyAlém das histórias em quadrinhos, Paul Murry também desenhou muitas capas para as revistas Disney publicadas pela Dell Comics. Foram produzidas um total de 228 capas,[53] entre 1951 e 1981. A primeira capa produzida pelo desenhista saiu em Four Color Comics nº 313, de fevereiro de 1951, edição que publicou, entre outras, a história The Mystery of the Double-Cross Ranch, de Murry. A última capa produzida foi para a edição nº 210 de Mickey Mouse, de fevereiro de 1981, que publicou duas histórias de Murry: A Baleia Assassina (Whale of a Mystery) e Temporada Atribulada (Dude Ranch Rustlers). Murry fora da DisneyAlém das inúmeras histórias que Paul Murry produziu para a Disney, o desenhista também trabalhou nas revistas em quadrinhos do Pica-Pau, de Walter Lantz, e nas tiras de jornal do personagem Buck O'Rue, ao lado do roteirista Dick Huemer, no início dos anos '50.[54] PublicaçõesEm PortugalO primeiro número da primeira revista mensal do Mickey lançada em Portugal, em abril de 1980, pela Editora Abril, contava com três histórias suas:
No BrasilNo Brasil, Paul Murry foi publicado pela primeira vez na revista O Pato Donald nº 2, de agosto de 1950, da Editora Abril, com a história O Amigo Coelho (Laffin' Place),[57] publicada originalmente em dezembro de 1946, na revista Four Color Comics nº 129. A história contava com o Coelho Quincas, o João Honesto e o Zé Grandão. Em dezembro de 2009, Murry ganhou uma edição especial de 196 págs., "As Grandes Aventuras do Mickey",[58] contendo 12 histórias do desenhista. Em setembro de 2016, a Editora Abril publicou mais uma edição especial (capa dura, 484 págs.) dedicada ao desenhista, da série "Disney de Luxo", com praticamente o mesmo título, "As Grandes Aventuras de Mickey",[59] contendo 24 histórias, entre elas as inéditas O Rubi de Omar Salgado (The Ruby Eye of Homar-Guy-Am), O Rancho Bons e Velhos Tempos (Yesterday Ranch), Perigo na Ferrovia (Ridin' the Rails) e A Diligência Fantasma (Ghost Stage). Referências
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