Na sua presente circunscrição taxonómica, o género Osmunda inclui cerca de 10 espécies. A descoberta de um fóssil de Osmunda claytoniites do Triássico da Antártida, permitiu concluir que a espécie extanteOsmunda claytoniana e o seu parente de há aproximadamente 200 milhões de anos, Osmunda claytoniites, são morfologicamente quase indistinguíveis. O género Osmunda tem, portanto, pelo menos 200 milhões de anos, o que o torna um dos géneros de plantas mais antigos da Terra.
Morfologia
Os membros do género Osmunda são plantas perenes, arbustivas, com um rizoma subterrâneo curto e vertical.[2] Apresentam frondes grandes, com lâmina foliar simples ou bipinada, densamente agrupadas em espiral na extremidade do rizoma, sem escamas, com um feixe vascular forte e em forma de calha.[2]
As frondes são completamente dimórficas ou pinadas (hemidimórficas), com frondes estéreis verdes, fotossintéticas, e frondes férteis acastanhadas, pinadas, não fotossintéticas, portadoras de esporos contidos em grandes esporângios nus. Os esporângios são considerados nus por não estarem agrupados em soros e, ao contrário de muitos outros pteridófitos, não apresentarem ânulo. Os esporângios ocorrem agrupados no bordo dos segmentos finais das folhas, que formam uma espécie de panícula.[2]
Devido à grande massa de esporângios que amadurecem uniformemente ao mesmo tempo dando uma cor dourada vistosa às frondes férteis, os fetos parecem estar em flor, e por isso este género é por vezes chamado de fetos floridos.
Distribuição e ecologia
As espécies de Osmunda ocorrem principalmente nas regiões subtropicais do hemisfério norte e apenas raramente na região Neotropical Na flora da Europa Central, apenas ocorre o feto-real (Osmunda regalis). O género está distribuído por todo o mundo, apenas ausente em grandes partes do norte da Ásia, do norte da América do Norte e da Austrália.[3]
Estes fetos formam estruturas radiculares maciças com raízes densamente emaranhadas e rijas. Esta massa de raízes é um excelente substrato para muitas plantas epífitas. São frequentemente colhidos como osmundina e usados horticulturalmente, especialmente na propagação e crescimento de orquídeas.
Algumas espécies de Osmunda são utilizadas como plantas alimentares pelas larvas de algumas espécies de Lepidoptera, incluindo a espécie Ectropis crepuscularia.
A derivação etimológica do nome do género é incerta. Uma teoria comum é que Osmunda deriva de Osmunder, um nome saxónico para o deus Thor,[5] mas outros autores asseveram que não há provas de que o nome tenha algo a ver com o deus Thor.[6] Outras explicações propõem que provém de palavras do inglês médio e do francês médio para um tipo de feto, ou mencionam um conto popular inglês sobre um barqueiro chamado Osmund que escondeu a mulher e os filhos num pedaço de feto real durante a invasão dinamarquesa. Outra explicação afiram que nome genérico Osmunda homenageia o chefe anglo-saxónico Osmund, rei do Sussex no século VIII. O médico e botânico inglês John Parkinson já utilizava este nome no seu Theatrum botanicum, publicado em 1640. Este facto explicará também a origem do nome trivial alemão Königsfarn (ou feto-real).[6]
O género também tem sido tratado historicamente como consistindo num número de subgrupos, geralmente subgéneros, Osmunda (3 espécies), Osmundastrum (2 espécies), e Plenasium (3-4 espécies). No entanto, suspeitava-se que o género não era monofilético.[7]
Vários autores propuseram a elevação dos subgéneros ao nível de géneros separados.[7] Em 2016 a classificação do Pteridophyte Phylogeny Group (PPG I) dividiu ainda mais Osmunda elevando os seus subgéneros a géneros como Claytosmunda e Plenasium, deixando apenas as espécies originalmente incluídas no subgénero Osmunda.[10] O género passou a ter a seguinte composição:
Osmunda claytonianaL.: nesta espécie, os folíolos das folhas férteis são esqueletizados na secção média e apresentam cápsulas de esporos, embora também ocorram folhas sem esporângios. A área de distribuição vai desde o centro e leste do Canadá até ao centro e leste dos Estados Unidos.[3]
O feto-canela, também conhecido como feto-real canela-castanho (Osmundastrum cinnamomeum(L.) C.Presl, anteriormente Osmunda cinnamomeaL.), já não faz parte do género. Tem folhas que são puramente para assimilação e folhas que são puramente para a formação de esporos. É muito comum no Novo Mundo e na Ásia Oriental, de Assam a Kamchatka. As folhas jovens são colhidas no Canadá e os caules são preparados como espargos. Esta espécie, o feto-canela (Osmundastrum cinnamomeum), forma enormes colónias clonais em zonas pantanosas.
↑ abc J. Dostál: Osmundaceae. In: Gustav Hegi: Illustrierte Flora von Mitteleuropa. 3. Auflage. Band I, Teil 1. Verlag Paul Parey, Berlin-Hamburg 1984. S. 99–102.
↑ ab
Lotte Burkhardt: Eine Enzyklopädie zu eponymischen Pflanzennamen: Von Menschen & ihren Pflanzen – Berlin: Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Freie Universität Berlin, Berlin 2022. doi:10.3372/epolist2022.
↑Thomas N. Taylor, Edith L. Taylor, Michael Krings: Paleobotany. The Biology and Evolution of Fossil Plants . Second Edition, Academic Press 2009, ISBN978-0-12-373972-8 , p. 437-443
↑Miller, C.N. jr. (1982). «Osmunda wehrii, a New Species Based on Petrified Rhizomes from the Miocene of Washington». American Journal of Botany. 69 (1): 116–121. JSTOR2442836. doi:10.2307/2442836
Pryer, Kathleen M.; Schneider, Harald; Smith, Alan R.; Cranfill, Raymond; Wolf, Paul G.; Hunt, Jeffrey S.; Sipes, Sedonia D. (2001). «Horsetails and ferns are a monophyletic group and the closest living relatives to seed plants». Nature. 409 (6820): 618–622. Bibcode:2001Natur.409..618S. PMID11214320. doi:10.1038/35054555
Pteridophyte Phylogeny Group (Novembro 2016). «A community-derived classification for extant lycophytes and ferns». Journal of Systematics and Evolution. 54 (6): 563–603. doi:10.1111/jse.12229
Schneider, Harald; Smith, Alan R.; Pryer, Kathleen M. (1 Julho 2009). «Is Morphology Really at Odds with Molecules in Estimating Fern Phylogeny?». Systematic Botany. 34 (3): 455–475. doi:10.1600/036364409789271209
Smith, Alan R.; Pryer, Kathleen M.; Schuettpelz, Eric; Korall, Petra; Schneider, Harald; Wolf, Paul G. (24 Abril 2022). Fern classification(PDF). [S.l.: s.n.] pp. 417–467, in Ranker & Haufler (2008)
Phipps, C.J., Taylor, T.N., Taylor, E.L., Cuneo, N.R., Boucher, L.D., and Yao, X. (1998). Osmunda (Osmundaceae) from the Triassic of Antarctica: An example of evolutionary stasis. American Journal of Botany 85: 888-895
Ligações externas
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Osmunda