Ordem dos constituintes

Em linguística, a ordem dos constituintes de uma sentença é um critério tipológico para a classificação das línguas do mundo de acordo com sua sintaxe.

Esse tipo de classificação vem sendo usado para subdividir e agrupar as diferentes línguas pelas semelhanças não incidentais ocasionadas por uma ordem de constituintes específica.

Definição

De acordo com Velupilai (2012), "desde o estudo seminal de Greenberg[1] (1966, reeditado em 1990 Greenberg) na ordem dos elementos significativos em línguas, a ordem das palavras tem sido uma área altamente proeminente da pesquisa em tipologia"[2]  ou seja, as línguas possuem propriedades de organização sintática distintas e agrupam-se, sintaticamente, de maneiras diferentes na sentença. Um dos parâmetros de ordem vocabular que mais se destaca dentro da literatura tipológica é a ordem dos constituintes da sentença, sujeito (S), verbo (V) e objeto (O) e a ordem dos constituintes dos sintagmas nominais[3]. Há seis ordens possíveis identificadas nas línguas:

  • Sujeito-Verbo-Objeto (SVO)
  • Sujeito-Objeto-Verbo (SOV)
  • Verbo-Sujeito-Objeto (VSO)
  • Verbo-Objeto-Sujeito (VOS)
  • Objeto-Sujeito-Verbo (OSV)
  • Objeto-Verbo-Sujeito (OVS)

Um dos parâmetros de ordem vocabular que mais se destaca na literatura tipológica é a ordem dos constituintes da sentença e a ordem dos constituintes dos sintagmas nominais. As Línguas apresentam ordens distintas para suas diversas construções, mas obedecem a uma ordem básica de palavras na sentença, sujeito (S), verbo (V) e objeto (O). Para se estabelecer essa ordem, seguem alguns critérios, como: “maior frequência de ocorrência, a menor marcação pragmática e morfológica, a maior produtividade gramatical, o maior grau de harmonia intercategorial” (OLIVEIRA, 2015, p.88). Os estudos de Sintaxe Tipológica tem a finalidade de estabelecer qual a ordem básica dos constituintes da oração, em uma determinada língua, e, em caso de línguas pouco documentadas, a abordagem tipológica se mostra como um recurso eficiente para prever as estruturas da língua pesquisada.

Ordens possíveis

De acordo com o WALS[4] (DRYER, 2013[5]), são seis ordens possíveis nas línguas do mundo: SOV, SVO, VSO, VOS, OVS, OSV, dos três elementos da ordem das línguas: Sujeito, Objeto e Verbo (S, O e V). Apresentados na tabela de valor de traços, os grupos SOV e SVO constituem maioria das línguas do mundo. Considerando a ordem das palavras nas línguas do mundo, temos a ordem SOV em primeira posição com o maior número de línguas (565), o que representa 41,03% do total de línguas; em seguida, temos as línguas de ordem SVO que representam 35,43% desse grupo, com 488 línguas. Em terceira posição, temos as línguas da ordem SVO, sendo um total de 95 que representam 6,89% das línguas do mundo

O grupo das línguas com ordem - Objeto, Sujeito e Verbo (OSV) é a mais rara, de acordo com o WALS[4]. As línguas VOS, OVS e OSV totalizam 40 línguas, que não ultrapassam o total de 2,89% do total das línguas do mundo. Assim, a ordem VOS corresponde a 25 línguas e 1,81%, as OVS são 11 línguas e 0,79% e as de ordem OSV são apenas 4 (quatro) línguas e 0,29%, ou seja, as mais incomuns. No entanto, o que chama atenção ainda é a significativa quantidade de línguas de Nenhuma Ordem Dominante (NDO) apresentadas no WALS, que chegam ao percentual de 13,72% das línguas faladas do mundo, num total de 189 línguas.

Observados os dados do APICS[6], as línguas crioulas e Pidgin apresentam as mesmas seis ordens (SOV, SVO, VSO, VOS, OVS, OSV), dos três elementos da ordem das línguas: Sujeito, Objeto e Verbo (S, O e V). Tendo em vista a tabela de valor de traços, os grupos SOV e SVO constituem maioria das línguas do mundo. Considerando a ordem das palavras nas línguas do mundo, temos a ordem SOV em primeira posição com o maior número de línguas (565), o que representa 41,03% do total de línguas do mundo; em seguida temos as línguas de ordem SVO, que representam 35,43% desse grupo, com 488 línguas. Em terceira posição, temos as línguas da ordem SVO, sendo 95 que representa 6,89% das línguas do mundo.

De acordo com os dados do Atlas de Estruturas de Linguagem Creole e Pidgin (APiCS), foram reunidos  informações de 76 idiomas crioulos e pidgin de todo o mundo que tratam de recursos gramaticais e lexicais, bem como informações de valores e recursos das línguas estudas.  Quando comparamos os dois bancos de dados (WALS e APICS), observa-se que nas línguas pidgin e crioulas a ordem SVO é quantitativamente superior ao do WALS. Há uma distribuição mais equilibrada entre as línguas de ordem SOV (565 línguas) e SVO (488 línguas), se comparadas ao APiCS.

Se observarmos isoladamente os dados do APiCS, identificamos a ordem SVO em primeiro lugar, em uma quantidade muito superior às demais ordens de palavras, sendo esta ordem responsável por 72,44% das línguas. As demais línguas representam 27,56%, ou seja, as ordens SOV, VSO, VOS, OSV e OVS constituem apenas 27 línguas, enquanto as de ordem SVO são 71.

Constituintes

Chamam-se constituintes os elementos frasais que expressam as categorias sintáticas de sujeito, verbo e objeto.

A lista seguinte indica o conjunto de possibilidades para as ordens dos constituintes, da mais frequente à mais rara. As abreviaturas que se seguem são as habituais: S para sujeito, O para objeto, V para verbo.

A nível mundial, há três tipos dominantes nas línguas:

O seguintes tipos são mais raros e agrupam 5% das línguas do mundo:

  • As línguas VOS (« bebe o leite o gato ») incluem, por exemplo, o fijiano e o malgaxe.
  • As línguas OSV (« o leite o gato bebe ») incluem, por exemplo, o aquém.
  • As línguas OVS (« o leite bebe o gato ») incluem, por exemplo, a hixcariano.

Bibliografia

Referências

  1. GREENBERG,, GREENBERG, Josef H.; Josef H. (1966). «Some universals of grammar with particular reference to the order of meaningful elements.». Universals of language. The MIT Press: Cambridge. pp. 58–90. 
  2. VELUPILLAI,, Viveka. (2012). An introduction to linguistic typology. 2012: Dados de catalogação na publicação da Biblioteca do Congresso. John Benjamins Publishing Company. 517 páginas 
  3. OTHERO,, Gabriel de Ávila; KENEDY,, Eduardo; OLIVEIRA, Rosana Costa de (2015). «Sintaxe tipológica». Sintaxe, sintaxes: uma introdução. São Paulo: Contexto. pp. 85–102. 224 páginas 
  4. a b «WALS-online (The World Atlas of Language Structures)» 
  5. DRYER,, Matthew S. «Order of Subject, Object and Verb». WALS-Online (http://wals.info) - The World Atlas of Language Structures (WALS) 
  6. HUBER, Magnus (2013). «The Atlas of Pidgin and Creole Language Structures (APiCS)». "Consortium APICS" The Atlas of Pidgin and Creole Language Structures (APiCS) 


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