Nicola Rollo
Nicola Rollo (Bari, 15 de maio de 1889 — São Paulo, 29 de julho de 1970) foi um escultor ítalo-brasileiro.[1] Segundo Raphael Galvez, estudou em Roma, na Academia de Belas Artes e segundo outras fontes, ele teria estudado escultura, já no Brasil, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, tendo sido aluno do escultor Adolfo Adinolfi. Primeiros trabalhosAinda segundo depoimento de seu discípulo Raphael Galvez, teria chegado ao Brasil em 1913, quando estava com 24 anos. Quanto à documentação, não foi encontrada qualquer menção de sua atividade até a participação no Concurso para o Monumento Comemorativo ao Iº Centenário da Independência do Brasil, realizado em 1º de junho de 1919. O vencedor do concurso foi Ettore Ximenes (Palermo, 1855 - Roma, 1926), o segundo colocado Luigi Brizzolara (Chiavari, 1868 - Gênova, 1937) e o terceiro Nicola Rollo. Embora o projeto de Ximenes tivesse tido o aval da oficialidade, o de Rollo, segundo Monteiro Lobato, era o preferido do grande público. Em seu artigo O projeto Rollo, para a Revista do Brasil,[2] Monteiro Lobato já celebrava o gênio e dizia que "a cidade de São Paulo, infestada de Zagros indecorosos, sente-se orgulhosa de ter em seu seio, a levantar o voo, um artista cujo nome está predestinado a circular pelo mundo livre de fronteiras, como um eleito da Glória". O mesmo Monteiro Lobato, ao comentar A vitória de Ximenes,[3] e atentar para o caráter fraudulento desta vitória, escreverá mais uma vez a favor de Rollo: "Rollo teve a votação unânime da Cidade de São Paulo com exceção apenas de quatro pessoas, que, por coincidência, formavam a comissão julgadora." Também O Correio Paulistano, que forneceu a única descrição sobrevivente do projeto, celebra Rollo entusiasticamente:
As comemorações iniciaram-se efetivamente 2 anos antes, mediante a elaboração do referido concurso e encerraram-se apenas em abril de 1923 (encerramento da Exposição Universal do Rio de Janeiro). No bojo das festividades estavam embutidas a revogação do banimento dos Orleans e Bragança (a família imperial brasileira), a encomenda - por parte da comunidade italiana da cidade de São Paulo - do conjunto escultórico que ladeia o Teatro Municipal de São Paulo, em homenagem ao maestro Antônio Carlos Gomes (obra do escultor italiano Luigi Brizzolara) , inúmeras inaugurações, celebrações e festividades em todo o território nacional. Vida PessoalRollo era casado com D. Raphaela, com quem teve cinco filhos: Antonio, Alba, Laura, Mário e Raphael, que veio a falecer ainda menino (a mãe morreu no parto). Além da esposa e filhos, dos alunos mais chegados (dentre eles Raphael Galvez,que residiu muitos anos com o mestre) Rollo convivia com seu irmão Adolpho, que também era escultor. O mesmo teria sido de grande ajuda quando da montagem das alegorias no Palácio das Indústrias (Palácio 9 de julho) onde ele manteve atelier. Vida profissionalRollo desempenhou atividades de professor no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo e na Escola de Belas Artes ( Vicente Di Grado, Tereza D'Amico, Alfredo Oliani, Joaquim Figueira e Raphael Galvez foram alguns dos seus alunos) e executou inúmeras obras tumulares para particulares. Participou, também sem sucesso, do concurso para o monumento em homenagem a Giuseppe Verdi e do concurso para o monumento dos Andradas, a ser erigido em Santos (1920). Rollo elaborou uma maquete que já carregava muitos dos elementos que tanto o seu projeto quanto o de Victor Brecheret iriam utilizar para o monumento às bandeiras: os dois cavalos emparelhados com os respectivos cavaleiros, a tensão muscular e o cortejo de figurações que se seguem aos mesmos. Algumas obras avulsas (como a cabeça de Fauno, em bronze, legada a Raphael Galvez), três bandeirantes em bronze para o Museu Paulista (Francisco Dias Velho, Manuel de Borba Gato – cujo modelo foi Raphael Galvez – e Bartolomeu Bueno da Silva), o túmulo da família Trevisoli (Cemitério da Consolação, 1920), retratando a lenda de Orpheu e Eurídice, o túmulo do maestro Chiafarelli (Cem. da Consolação, 1923) e o túmulo de Luís Ísola (Cemitério da Consolação, 1927) são obras acabadas que Nicola Rollo produziu na década de 1920. Durante sua vida ele construiu inúmeras maquetes e modelos em argila para um colossal monumento aos bandeirantes, que seria colocado em um tanque em frente ao Museu Paulista (encomenda de Mário Etman). Em 1926, Rollo ilustrou e criou a capa do livro "Um Homem Acabado", de Pappini, quando este foi publicado em S.Paulo, por uma editora italiana. Em 1928, elaborou quatro diferentes projetos para o monumento à memória de Del Prete, que seria erigido no Rio de Janeiro. Eis a descrição que A nota do dia[5] nos legou do terceiro ("O Trídico do Amor") e do quarto projeto ("A mensagem de Roma"): Na década seguinte, Rollo realizou um túmulo muito simples, no cemitério do Araçá, em 1932 e em 1939 integrou o júri do IV Salão Paulista de Belas Artes, ao lado dos professores Ricardo Cipicchia e Vicente Larocca. Em 1940 Rollo enviou um projeto magnífico, em que a simplicidade e a clareza são a tônica, para o concurso para o monumento a Oswaldo Cruz, sendo que o periódico Diário das Notícias assim se referiu ao projeto de "10 de Novembro" (pseudônimo utilizado por Rollo)
Em 1941, Rollo assombrou a população de São Paulo quando anunciou aos professores de física da Universidade e aos jornalistas que inventara o moto-perpétuo.[7] Houve uma demonstração no anfiteatro da Gazeta, conforme esperado, foi um completo fracasso. A experiência frustrada foi financiada pelo leiloeiro Florestano Felice e Mario Graciotti, ambos amigos pessoais de Rollo. Coube a análise, entre outros, aos doutores Samuel Ribeiro e Souza Andrade, das máquinas Piratininga. Além das incursões no campo da física e da metafísica, e suas considerações teóricas em companhia de Mário Graciotti, que afastaram Rollo da escultura, ele terá certamente pintado e desenhado. Pode-se apreciar a excelência do seu traço numa composição de Galhos, feita a partir da observação do natural, executada em betume sobre papel resinado. Conhece-se outro desenho seu, ofertado a Mayra Laudanna por Mário Graciotti, que o recebeu das mãos do próprio Rollo. A lápis, o mestre desenhou uma virgem extremamente longilínea, de cânone ultrapassado, que cruza os braços sobre o peito e curva a cabeça. Este desenho lembra alguns de seus trabalhos tumulares. Em 1956, é ainda um gigante escultor quem executa o Ecce Agnus Dei (Este é o Cordeiro de Deus), encomenda de José Florestano Felice e Odilo Checchine para a praça em frente à matriz do Guarujá. É um Cristo, executado com grande economia de meios, quase lembrando um torpedo. Ele tem dois braços “aplicados”, que levantam um cordeirinho. Nicola Rollo morreu em São Paulo no dia 29 de julho de 1970, aos 81 anos e está enterrado no Cemitério São Paulo. A municipalidade o homenageou, batizando uma via pública com o seu nome. Galeria
Referências
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