Neferircaré

Neferircaré
Neferircaré
Neferircaré, representado como príncipe Ranefer, num relevo do complexo mortuário de seu pai Sefrés. Seu título real e regalias foram adicionadas durante seu próprio reinado.[1][2]
Faraó do Egito
Reinado 8, 10, 11 ou 20 anos meados do século XXV a.C.
Antecessor(a) Sefrés
Sucessor(a)
Sepultado em Pirâmide de Neferircaré, Sacará
Consorte Quentecaus II
Descendência
Dinastia Quinta
Pai Sefrés
Mãe Meretenebeti
Titularia
Nome
G39N5<
kAkAi
>

(k3 k3.j)[b]
Trono
M23
t
L2
t
<
N5r
D4
F35D28
>

(Nfr-jr(.w)-k3-Rˁ = "Perfeito é quem o Cá de Rá criou"[3] ou "Bela é a Alma de Rá"[4]
Hórus
G5F12N28G43

(Wsr ḫˁ.w = Forte de aparências[3])
Duas Senhoras
G16N28G17

(Ḫˁ m nbty = Quem apareceu [por meio] das Duas Senhoras[3])
G16F12N28G43
(Wsr ḫˁ.w = Forte de aparências [por meio] das Duas Senhoras[3])
Hórus de Ouro
S42 S42 S42
S12

(Sḫm.w nb-w = O Poder Triplo[3] ou Os Três Poderes[5]
Título

Neferircaré (Neferirkaré) ou Neferquerés foi o terceiro faraó da V dinastia egípcia, sucessor do seu pai Sefrés.[4] Não é clara a duração do seu reinado. A Pedra de Palermo encontra-se partida a partir do quinto censo de gado; tendo em conta que a contagem do gado se fazia em geral cada dois anos, pode se contabilizar dez anos de reinado para Neferircaré. Segundo a lista de Manetão reinou vinte anos. A maioria dos egiptólogos considera que reinou dez anos ou onze anos.

A sua mãe foi a rainha Meretenebeti e o seu pai Sefrés. Foi casado com Quentecaus II, tendo tido com ela talvez dois filhos, Neferefre e Niuserré. Continuou as políticas dos seus antecessores, concedendo terras e bens aos nobres e aos templos. Durante o seu reinado os administradores locais adquirem cada vez mais autonomia em relação ao poder central, situação que eventualmente conduzirá à decadência do Egito durante o denominado Primeiro período intermediário. Este rei foi o primeiro a incluir de forma oficial na sua titulatura o nome "Filho de Rá", bem como a inscrever o seu nome de nascimento num cartucho.

Pirâmide

O rei seguiu a tradição do seu antecessor e construiu o seu complexo funerário em Abusir. A sua pirâmide foi concebida inicialmente como uma pirâmide de seis degraus. Mais tarde os construtores modificaram a estrutura no sentido de oito degraus, tentando formar um pirâmide perfeita. Esta pirâmide era a mais alta das três pirâmides do complexo de Abusir. Contudo, o complexo funerário não chegou a ser concluído, devido à morte prematura do rei. Cerca de quinze anos depois, o rei Niuserré incorporaria a avenida e o templo do vale deste complexo no seu templo solar. Perto da pirâmides foram encontradas barcas solares, semelhantes às encontradas em Guiza. No complexo funerário foram também achados em 1893 fragmentos de papiros escritos em hierático, uma forma cursiva dos hieróglifos; trata-se dos documentos mais antigos que se conhecem escritos desta forma. Graças a ele é possível conhecer um pouco dos rituais praticados nos templos.[6]

Notas

[b] ^ A tradução é incerta podendo ser uma forma abreviada de seu nome de trono[7][8] ou um nome de nascimento com significado de "Meu Cá é o verdadeiro Cá"[3]

Referências

  1. Borchardt 1910, placas 33 e 34.
  2. Allen 1999, p. 337.
  3. a b c d e f Leprohon 2013, p. 39.
  4. a b Clayton 1994, p. 61.
  5. Leprohon 2013, p. 39, nota 52.
  6. Kinnaer, Jacques. «The Pyramid of Neferirkare.». Consultado em 19 de outubro de 2013 
  7. Leprohon 2013, p. 38.
  8. Scheele-Schweitzer 2007, pp. 91–94.

Bibliografia

  • Allen, James; Allen, Susan; Anderson, Julie; Arnold, Arnold; Arnold, Dorothea; Cherpion, Nadine; David, Élisabeth; Grimal, Nicolas; Grzymski, Krzysztof; Hawass, Zahi; Hill, Marsha; Jánosi, Peter; Labée-Toutée, Sophie; Labrousse, Audran; Lauer, Jean-Phillippe; Leclant, Jean; Der Manuelian, Peter; Millet, N. B.; Oppenheim, Adela; Craig Patch, Diana; Pischikova, Elena; Rigault, Patricia; Roehrig, Catharine H.; Wildung, Dietrich; Ziegler, Christiane (1999). Egyptian Art in the Age of the Pyramids. Nova Iorque: Museu Metropolitano de Arte. ISBN 978-0-8109-6543-0. OCLC 41431623 
  • Borchardt, Ludwig (1910). Das Grabdenkmal des Königs S'aḥu-Re (Band 1): Der Bau: Blatt 1–15. Lípsia: Hinrichs. ISBN 978-3-535-00577-1 
  • Clayton, Peter A. (1994). «Dynasty 22». Chronicle of the Pharaohs (em inglês). Londres: Thames and Hudson. ISBN 0-500-05074-0 
  • Leprohon, Ronald J. (2013). The great name: ancient Egyptian royal titulary. Writings from the ancient world, no. 33. Atlanta: Sociedade de Literatura Bíblica. ISBN 978-1-58983-736-2 
  • Scheele-Schweitzer, Katrin (2007). «Zu den Königsnamen der 5. und 6. Dynastie». Gotinga: Universidade de Gotinga, Seminário sobre Egiptologia e Coptologia. Miscelânea de Gotinga. 215: 91–94. ISSN 0344-385X