Modas & Bordados

Modas & Bordados
Fundação 1912
Editora O Século (Portugal)
Idioma língua portuguesa

A Modas & Bordados foi uma revista portuguesa que esteve em circulação entre 1912 e 1977[1] dirigida ao público feminino da classe média e alta portuguesa. Integrava, como suplemento, o jornal diário O Século. Foi considerada uma das revistas femininas mais influentes do século XX. A redação e as oficinas de impressão da revista encontravam-se na Rua de O Século, número 43, em Lisboa. O suplemento variava inicialmente entre as 8 e 12 páginas e custava 2 réis.[2]

História

A primeira diretora da revista foi Isabelle Gazey de Carvalho (conhecida como Madame de Carvalho) e o editor Álvaro António Garcia. Inicialmente, a revista teve uma grande adesão, procurando cativar um público de classe média que pretendia replicar o modo de vida daqueles que eram mais abastados.[2]

Em meados dos anos 20, Madame de Carvalho deixou de assumir funções como diretora, sendo substituída por pouco tempo por Helena de Aragão. Mais tarde, a nova responsável da publicação passou a ser Carolina Homem de Christo, introduzindo algumas mudanças na revista a nível de de formato e conteúdo. A publicação passou a surgir com mais secções.[3]

Em outubro de 1926, Carolina Christo abandonou a direção da revista por motivos de saúde.[3] A partir de 1928, por recomendação de Ferreira de Castro[3], Maria Lamas passou a assumir o cargo de diretora, acrescentando à revista conteúdo intelectual[4] e apresentando temáticas relacionadas com uma nova representação da mulher, através da discussão de temas sociais associados diretamente à mulher, procurando colocar em causa a sua posição na sociedade conservadora e tradicional portuguesa durante o Estado Novo.[5] Decidiu criar o Correio da Joaninha, em 1937, onde, sob o pseudónimo de Tia Filomena, era responsável pelas respostas do correio sentimental da Modas & Bordados.[4] O nome do suplemento foi também alterado para Modas & Bordados. Vida Feminina, procurando aproximar-se e abordar problemas reais das mulheres portuguesas.[3]

Com a demissão de Maria Lamas, foi Etelvina Lopes de Almeida quem assumiu a direção da revista, em 1947. A fase de direção de Etelvina Lopes de Almeida foi sobretudo marcada por uma mudança no tipo e na forma como a publicidade era apresentada. Surgiu na revista, por exemplo, publicidade a automóveis e anúncios no âmbito da higiene feminina.[3]

Em 1974, a publicação passou a integrar a Empresa Pública dos Jornais Século e Popular. No ano seguinte foi Maria Antónia Fiadeiro quem assumiu a sua direção. A publicação passou por diversas mudanças quer a nível temático, quer no próprio nome, passando a ser Mulher, Modas e Bordados.[3]

Nos dois anos seguintes, até ao encerramento definitivo da revista, foram apresentados artigos sobre a condição social da mulher, abordando temas como o aborto ou a contraceção e entrevistas a mulheres da política nacional.[6]

A 6 de fevereiro de 1977, Manuel Alegre, Secretário de Estado para a Comunicação  Social, decretou a suspensão da revista devido à falta de lucros satisfatórios.[3]

Personalidades

A revista deu a conhecer o trabalho da poetisa Florbela Espanca quando, em março de 1916, publicou o soneto Crisântemos. A partir dessa data, Florbela colaborou frequentemente com a revista, oferecendo sonetos para publicação.[7]

Referências

  1. Agostinho, Andreia (2007). «A sociedade feminina do século XX vista através de Modas & Bordados» (PDF). Revista JJ. Consultado em 15 de março de 2020 
  2. a b Alvim, Maria Helena (2005). Do Tempo e da Moda - A Moda e a Beleza Feminina através das Páginas de um Jornal. Lisboa: Livros Horizonte 
  3. a b c d e f g Rodrigues, Mariline Direito (2016). Mulheres e cidadania na revista Modas & Bordados. Representação de um percurso de mudança entre 1928-1947. Lisboa: Escola Superior de Comunicação Social. Consultado em 15 de março de 2020 
  4. a b Portugal, Rádio e Televisão de. «Maria Lamas, a escritora-jornalista, que lutava pelos direitos das mulheres» 
  5. Brandão, Lucas (12 de junho de 2019). «Os testemunhos de Irene Lisboa e de Maria Lamas num Portugal oprimido» 
  6. Moura, Catarina. «Moda, feminismo e bom sexo: uma história das primeiras revistas femininas» 
  7. «Florbela Espanca: modas e bordados»