Mega-duque ou grão-duque[1] (em grego: μέγας δούξ ou μεγαδούξ; romaniz.: Megas doux; em latim: megadux ou megaduke) era um dos títulos mais altos da hierarquia (sendo o quarto em importância depois do imperador[2]) do Império Bizantino Tardio, denotando o comandante-em-chefe da marinha bizantina (correspondente aos atuais almirantes navais[3]). A palavra grega δούξ é a forma helenizada da palavra latina dux (duque), que significa líder ou comandante.
História e funções
O ofício foi inicialmente criado por Aleixo I Comneno(r. 1081–1118), que reformou a abandonada marinha bizantina e amalgamou os restos dos vários esquadrões provinciais em uma força unificada sob o mega-duque. João Ducas, o cunhado do imperador, é geralmente considerado como tendo sido o primeiro a apossar-se do título, sendo elevado a ele em 1092, quando foi encarregado de suprimir os emir turco Tzachas. Há, todavia, um documento datado de 1085 onde um monge chamado Nicetas assinou como supervisor das propriedades de um mega-duque não nomeado.[4][5] O ofício de "duque da frota" (em grego: δούξ τοῦ στόλου), com responsabilidades semelhantes e, portanto, talvez um precursor do cargo de mega-duque, também é mencionado no período, sendo dado em ca. 1086 Manuel Butumita e em 1090 Constantino Dalasseno.[1][6]
João Ducas, o primeiro mega-duque conhecido, conduziu campanhas tanto por mar como por terra e foi responsável pelo restabelecimento do controle bizantino sobre o Egeu e as ilhas de Creta e Chipre nos anos 1092-1093 e sobre a Anatólia em 1097.[7][8][9] A partir deste momento ao mega-duque era também dado o controle geral dos temas de Hélade, Peloponeso e Creta, que principalmente forneceram homens e recursos para a frota bizantina.[10] Contudo, desde que o mega-duque era um oficial sênior do império, e estava principalmente envolvido com o governo central e várias campanhas militares, de facto o governança destas províncias repousou sobre um Pretor e vários líderes locais.[11] Durante o século XII, o posto foi dominado pela família Contostefano;[1] um destes membros, o mega-duque Andrónico Contostefano foi um dos mais importantes oficiais do imperador Manuel I Comneno(r. 1143–1180), ajudando-o a alcançar muitas vitórias navais e terrestres.
Com o virtual desaparecimento da frota bizantina após a Quarta Cruzada, o título foi mantido como um título honorífico do Império de Niceia, onde Miguel VIII Paleólogo(r. 1258–1261) assumiu o título quando ele se tornou regente de João IV Láscaris(r. 1258–1261).[12] Foi também usado pelo Império Latino: em 1207 o imperador latino deu a ilha de Lemnos e o título hereditário de megaduque (megadux) para o venezianoFilocalo Navigajoso ("imperiali privilegio Imperii Megaducha est effectus").[1] Seus descendentes herdaram o título e o estado de Lemnos até serem expulsos pelos bizantinos em 1278.
Futuro imperador Miguel VIII, assumiu o ofício após a morte de Jorge Muzalon, quando ele foi nomeado regente do jovem João IV. Ele foi logo após elevado a déspota e eventualmente a imperador.
Líder da mercenária Companhia Catalã. Renunciou ao posto em 1304 em favor de seu tenente, Berengário de Entença, e foi assassinato poucos meses depois.
Um dos principais partidários do jovem Andrônico III Paleólogo na Guerra civil bizantina de 1321-1328, desertou em nome de Andrônico II, que o recompensou com o ofício de mega-duque. Depois de conspirar contra ele também, ele foi preso.
Ex-partidário e protegido de João Cantacuzeno, Apocauco foi instrumental no início da Guerra civil bizantina de 1341-1347, e até seu assassinato em 1345 liderou a regência anti-cantacuzenista de João V.
Nomeado por ter liderado, com a fação dos escolários, a deposição de João III, filho de Miguel Comneno, e a libertação do último de seu cativeiro em Límnia. Foi preso pela população de Trebizonda em novembro de 1345, mas foi recolocado em sua posição por Miguel em 13 de dezembro de 1349, que manteve até sua prisão por Aleixo III em 1357.
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Megas doux», especificamente desta versão.
Bartusis, Mark C. (1997). The Late Byzantine Army: Arms and Society 1204–1453 (em inglês). Filadélfia, Pensilvânia: University of Pennsylvania Press. ISBN0-8122-1620-2
Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les institutions byzantines. 1. Berlim: Akademie-Verlag. ISBN0-8122-1620-2