Andrônico I Comneno
Andrônico I Comneno (português brasileiro) ou Andrónico I Comneno (português europeu) (em grego: Ανδρόνικος Α’ Κομνηνός; romaniz.: Andronikos I Komnenos; c. 1118 – 12 de setembro de 1185) foi imperador bizantino entre 1183 e 1185. Era filho de Isaac Comneno e neto do imperador Aleixo I Comneno. BiografiaPrimeiros anosAndrônico nasceu por volta de 1118 e era considerado belo, eloquente, resiliente e corajoso, um grande general e um hábil político, mas também libertino.[2] Assim, passou sua juventude alternando entre os prazeres da vida e o serviço militar. Em 1141, foi capturado pelos turcos seljúcidas e permaneceu prisioneiro por um ano. Depois de ter seu resgate pago, foi para Constantinopla e passou a frequentar a corte de seu primo, o imperador Manuel I Comneno, de quem era um favorito. Lá, os encantos de sua sobrinha Eudóxia atraíram sua atenção e ela logo tornou-se sua amante.[2] Em 1152, na companhia dela, partiu para assumir um importante comando na Cilícia, mas teve que retornar depois de fracassar em sua missão principal, atacar Mopsuéstia, mas logo recebeu outra província para comandar. É provável que ele tenha abandonado este segundo posto depois de um breve intervalo, pois apareceu em Constantinopla novamente e escapou por pouco de morrer nas mãos dos irmãos de Eudóxia.[2] ExílioPor volta de 1153, uma conspiração contra o imperador da qual Andrônico era parte foi descoberta e ele foi preso. Depois de sucessivas tentativas, conseguiu finalmente escapar em 1165.[2] Depois de enfrentar inúmeros perigos, inclusive um período preso entre os valáquios, chegou a Quieve, onde seu primo, Jaroslau Osmomislo do Principado da Galícia mantinha sua corte. Sob a proteção dele, Andrônico se aliou ao imperador Manuel e, com um exército galício, juntou-se a ele numa invasão ao Reino da Hungria, ajudando a cercar Zemuno.[2] A campanha foi um sucesso e Andrônico retornou a Constantinopla com Manuel I em 1168. Um ano depois, porém, ele se recusou a jurar fidelidade ao futuro rei Bela III da Hungria, o pretenso sucessor de Manuel, acabou expulso da corte e fugiu para a província da Cilícia.[2] Ainda em desgraça perante o imperador, Andrônico fugiu novamente, desta vez para a corte de Raimundo, príncipe de Antioquia. Lá, se encantou com a bela filha do príncipe, Filipa, irmã da imperatriz Maria, o que enfureceu ainda mais o imperador que forçou Andrônico a fugir novamente.[2] Ele se refugiou com o rei Amalrico I de Jerusalém, cujas graças conquistou e que nomeou-o senhor de Beirute. Em Jerusalém, Andrônico viu Teodora Comnena, a bela viúva do rei Balduíno III e sobrinha de Manuel. Apesar de já ter 56 anos de idade, seu charme continuava o mesmo e Teodora logo foi seduzida.[2] Para evitar a vingança do imperador, ela fugiu com Andrônico para a corte de Noradine, sultão zênguida de Damasco. Sentindo-se em perigo lá, o casal continuou fugindo numa perigosa viagem através do Cáucaso e da Anatólia[2] até finalmente serem recebidos pelo rei Jorge III da Geórgia, cuja irmã de nome desconhecido provavelmente fora a primeira esposa de Andrônico. Andrônico recebeu propriedades na Caquécia, no leste da Geórgia. Em 1173 ou 1174, acompanhou o exército georgiano numa expedição até Xirvão, às margens Mar Cáspio, onde Jorge III capturou a fortaleza de Xabarã dos invasores de Derbente para seu irmão, o xá de Xirvão Aquecitã I.[3] Finalmente, Andrônico e Teodora se assentaram nas terras ancestrais dos Comnenos em Êneo (atual Ünye), às margens do Mar Negro entre Trebizonda e Sinope. No início da década de 1180, enquanto Andrônico realizava um de seus costumeiros raides em Trebizonda, seu castelo foi surpreendido pelo governador da província e Teodora e os dois filhos do casal foram presos e levados para Constantinopla. Para libertá-los, Andrônico finalmente se submeteu ao imperador, apresentando-se acorrentado perante o trono e implorando perdão. Manuel o perdoou e ele recebeu permissão para se exilar com Teodora em Êneo.[2] ImperadorEm 1180, o imperador Manuel morreu e foi sucedido por seu filho de dez anos de idade Aleixo II Comneno, que estava sob a guarda de sua mãe, a imperatriz Maria,[2] cujas origens e cultura latinas provocavam um profundo ressentimento entre seus súditos gregos. Eles se sentiam insultados pelas predileções ocidentalizadas de Manuel e serem governados por sua esposa ocidental aumentou as tensões até um ponto próximo de uma revolta. A situação deu a Andrônico a oportunidade de tomar para si a coroa. Deixando seu exílio em 1182, Andrônico avançou para Constantinopla à frente de um exército que, de acordo com fontes não-bizantinas, incluía contingentes muçulmanos.[4] A deserção do comandante da marinha bizantina, o mega-duque Andrônico Contostefano, e do general Andrônico Ângelo, tiveram um papel fundamental ao permitir que as forças rebeldes conseguissem superar as poderosas defesas de Constantinopla.[5] À chegada de Andrônico logo se sucedeu o infame massacre da população latina da cidade,[2] que controlava praticamente toda sua economia, resultando na morte de milhares de ocidentais. Acredita-se que Andrônico tenha conspirado ainda para envenenar a irmã mais velha de Aleixo II, Maria Porfirogênita, e seu marido, Rainério de Monferrato, embora a própria Maria o tenha incentivado neste caso. Logo depois, Andrônico mandou prender a imperatriz Maria e a assassinou — forçando o jovem imperador Aleixo II a mandar matar sua própria mãe — pelas mãos do eunuco Pterigeonita, suspeito de ter sido o envenenador no caso anterior, e o heteriarca Constantino Trípsico. Aleixo II foi depois compelido a reconhecer Andrônico como co-imperador perante uma multidão no terraço da Igreja de Cristo Calcita e assassinado logo em seguida, desta vez por Trípsico, Teodoro Dadibreno e Estêvão Hagiocristoforita.[6] O reinado de Andrônico foi caracterizado por medidas duras. Ele estava convencido a suprimir quaisquer abusos, mas, acima de tudo, a conter o feudalismo e limitar o poder dos nobres, que eram seus rivais pelo trono. O povo, que sentia diretamente a severidade de suas leis, reconhecia a justiça dessas medidas e se viu protegido da voracidade de seus superiores,[2] corrompidos durante o período de segurança e opulência de Manuel I. Andrônico, contudo, foi se tornando cada vez mais violento e paranoico: em 1185, ele ordenou a execução de todos os prisioneiros, exilados e suas famílias por suspeita de traição com os invasores. Os aristocratas ficaram furiosos e provocaram inúmeras revoltas.[2] A confusão levaram a uma invasão do rei Guilherme, dos normandos da Sicília,[2] que desembarcou em Epiro com uma poderosa força de 200 navios e 80 000 homens, incluindo 5 000 cavaleiros e marchou até Salonica, que saqueou e pilhou cruelmente, levanto à morte 7 000 habitantes.[2] Andrônico apressadamente juntou cinco diferentes exércitos para frear o avanço do exército siciliano em marcha para sua capital, mas suas forças não foram suficientes e acabaram recuando para as colinas próximas. Ele também juntou uma frota de 100 navios para tentar evitar que frota normanda invadisse o Mar de Mármara. Os invasores foram finalmente expulsos em 1186 pelo seu sucessor, Isaac II Ângelo. MortePelos relatos, Andrônico parece ter se decidido por eliminar completamente a aristocracia e seus planos quase deram certo. Mas, em 11 de setembro de 1185, durante uma de suas ausências da capital,[2] Estêvão Hagiocristoforita, seu segundo no comando, tentou prender Isaac Ângelo, de cuja lealdade suspeitava, que acabou assassinando-o e se refugiou na Igreja de Santa Sofia. De lá, apelou para a população e um grande tumulto rapidamente se espalhou pela cidade.[2] Quando Andrônico voltou e viu que Isaac havia se auto-proclamado imperador,[2] tentou escapar, mas foi capturado. Isaac o entregou à multidão e o imperador deposto se sujeitou à fúria e ao ressentimento da população[2] preso num poste e constantemente surrado. Sua mão direita foi cortada e seus dentes, cabelos e o seu olho direito foram arrancados. Entre outras torturas, água fervente foi atirada no seu rosto, uma punição provavelmente associada com sua beleza e sua vida libertina. Finalmente, Andrônico foi levado até o hipódromo e pendurado pelos pés entre dois pilares. Em seguida, dois soldados latinos competiram para constatar qual deles conseguiria penetrar seu corpo mais profundamente com sua espada e o pobre imperador acabou, de acordo com os relatos, estraçalhado.[7] A data era 12 de setembro de 1185.[2] Ao saber da morte do imperador, seu filho e co-imperador, João, foi assassinado por suas próprias tropas na Trácia. Andrônico I foi o último dos Comnenos a governar Constantinopla, mas seus netos, Aleixo e David, fundaram o Império de Trebizonda em 1204 depois do saque de Constantinopla pela Quarta Cruzada, um ramo da dinastia conhecida como "Grandes Comnenos" ("Megaskomnenoi").[8] FamíliaAndrônico I Comneno se casou duas vezes e teve inúmeras amantes. De sua primeira esposa, cujo nome é desconhecido, teve três filhos:
Com sua amante Teodora Comnena, Andrônico I teve os seguintes filhos:
Ver tambémReferências
Atribuição
Bibliografia
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