Marcello Zaffiri Duarte Mathias OC • GCC • OIH • GCM (Lisboa, Santa Isabel, 8 de Dezembro de 1938) é um diplomata aposentado e escritor português. Na carreira diplomática entre 1970 e 2003, foi embaixador em Nova Delhi, Buenos Aires e na UNESCO.
Biografia
Marcello Zaffiri Duarte Mathias, filho do diplomata Marcello Gonçalves Nunes Duarte Mathias e de sua mulher Fedora Charles Zaffiri, de nacionalidade Grega.[1][2][3] É irmão do diplomata Leonardo Mathias.
Fez todo o ensino secundário no Liceu Janson-de-Sailly, em Paris.
Frequentou a Universidade de Oxford (New College), 1957-1959, tendo-se posteriormente licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Residente na Abuxarda, concelho de Cascais é casado com Anne-Marie Vaultier. Dois filhos, Nuno e Marcelo, ambos diplomatas.
Atividades profissionais
Ingressou na carreira diplomática em 1970.
Esteve colocado na Embaixada em Brasília de 1973 a 1977, e na Missão Permanente junto das Comunidades Europeias em Bruxelas de 1977 a 1983, no período anterior à adesão de Portugal à CEE.
Regressa em 1983 ao Ministério dos Negócios Estrangeiros MNE), onde permanece até 1991. Quando em Lisboa, chefiou a repartição dos Organismos Económicos Internacionais (EOI); tendo sido posteriormente director de Serviços dos Assuntos Multilaterais (políticos e económicos - SAM). No exercício destas funções, integrou diversas delegações portuguesas ao estrangeiro, tendo participado em reuniões no plano multilateral, nomeadamente no Conselho da Europa em Estrasburgo em organizações internacionais em Genebra e nas Assembleias Gerais das Nações Unidas em Nova Iorque integrou a Comissão Nacional da Língua Portuguesa, como representante do MNE; dirigiu o Gabinete da Comunicação Social, após o que foi nomeado porta-voz do governo quando da primeira Guerra do Golfo em 1991, assumindo ulteriormente a chefia dos Serviços de Informação e Imprensa.
Foi Cônsul-geral em Nova Iorque de 1991 a 1993.
Foil Embaixador de Portugal em Nova Delhi, na Índia, de 1993 a 1997, acreditado simultaneamente como Embaixador não-residente no Nepal, no Sri-Lanka e no Bangladesh, e Embaixador de Portugal em Buenos Aires, na Argentina, de 1997 a 2000.[2][3]
Representante Permanente junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, UNESCO, de 2001 a 2003, sendo, ao mesmo tempo, Representante Permanente junto da União Latina, cuja sede é igualmente em Paris.
Foi Sócio Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, tendo passado à condição de supranumerário nos termos dos Estatutos da Academia.[4] É membro do PEN Clube Português.
Pertenceu ao Conselho Consultivo do Observatório da Língua Portuguesa, de que foi membro fundador[5].
Obras Publicadas
Para além de colaborar regularmente no Jornal de Letras na revista Colóquio[6] da Fundação Gulbenkian é autor de uma dezena de obras de índole diversa, entre a ficção, o ensaio e a diarística, a saber:
- A Felicidade em Albert Camus – aproximação à sua obra, Lisboa, 1978. Distinguido com o Prémio de Ensaio da Academia das Ciências em 1979. Uma nova edição revista e ampliada foi editada em Maio de 2013 por ocasião do centenário do nascimento de Albert Camus.
- No Devagar Depressa dos Tempos – Diários[7]:
- Mas é no rosto e no porte altivo do rosto – sobre um desenho de Fernand Khnopff, pintor simbolista belga. Prefácio de Antonio Tabucchi, Difel, 1983.
- Lembrar de raízes e outras coisas mais, Quetzal e editores, 1988
- O último lance, novela, Quetzal editores, 1997.
- Encontro em Capri ou o diário italiano de Gorki, novela, Oceanos, 2008[10].
- Brevíssimo Inventário – aforismos, Dom Quixote, 2010.
Ensaios e crónicas
- A Memória dos Outros I, Gótica, 2001. Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus (ex-aequo); Prémio de Ensaio Jacinto Prado Coelho[11].
- A Memória dos Outros II, edições Dom Quixote, a publicar em Abril de 2017, Lisboa.
Edições estrangeiras
- Albert Camus, aproximação à sua obra, Edições Tempo Brasileiro, 1975.
- No Devagar Depressa dos Tempos, notas de um diário 1962-1969, editora Bertrand-Brasil, Rio de Janeiro, 1988.
- O Destino Velado, Editora Bertrand-Brasil, 1988.
- Ma è nel volto e nella sua pose altera, prefácio de Antonio Tabucchi intitulado Un Quadro di Parole, tradução de Elisabetta Kelescian, edições Il Melangolo, Genova, 1988.
- À Contre-Jour, Journaux, 1962-2008, tradução de Catherine Dumas, edições La Différence, Paris, 2009[12].
Referências
- ↑ «Anuário Diplomático e Consular Português. Volume LXXV» (pdf). Ministério dos Negócios Estrangeiros. 15 de outubro de 2007. p. 233
- ↑ a b "Costados", D. Gonçalo de Mesquita da Silveira de Vasconcelos e Sousa, Livraria Esquina, 1.ª Edição, Porto, 1997, N.º 73
- ↑ a b "Anuário da Nobreza de Portugal - 1985", Direção de Manuel de Mello Corrêa, Instituto Português de Heráldica, 1.ª Edição, Lisboa, 1985, Tomo I, p. 521
- ↑ Site da Academia das Ciências de Lisboa
- ↑ «Artigo do Tribuna de Macau»
- ↑ «Colóquio»
- ↑ Andreeva, Yana. «O Tempo e o espaço na obra diacrítica de Marcello Duarte Mathias» (PDF)
- ↑ Francisco Seixas da Costa. «Duas ou três coisas»
- ↑ «Marcello Mathias vence Grande Prémio da APE para literatura biográfica». Público. 1 de outubro de 2016
- ↑ «Revista Negócios Estrangeiros, nº. 14». Abril de 2009
- ↑ «Pregos no Prato - O politicamente incorrecto na net». 11 de março de 2009
- ↑ «Catherine Dumas»
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Marcelo Zaffiri Duarte Mathias". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 4 de janeiro de 2019
Outras referências
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1.ª Secção — Literatura e Estudos Literários | | |
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2.ª Secção — Filologia e Linguística | |
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3.ª Secção — Filosofia, Psicologia e Ciências da Educação | |
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4.ª Secção — História | |
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5.ª Secção — Direito | |
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6.ª Secção — Economia e Finanças | |
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7.ª Secção — Ciências Sociais e Políticas | |
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8.ª Secção — Geografia e Ordenamento do Território | |
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9.ª Secção — Comunicação e Artes | |
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