Mandume ya Ndemufayo
Mandume ya Ndemufayo (Embulunganga, Reino Cuanhama, 1894 — Oihole, Reino Cuanhama, 6 de Fevereiro de 1917)[1] foi o 17º e último monarca do Reino Cuanhama ainda independente. Foi também, para todos os efeitos, o líder militar e político da Confederação dos Reinos Ovambos durante as batalhas do Sudoeste Africano, na Primeira Guerra Mundial. BiografiaPrimeiros anos e educaçãoMandume ya Ndemufayo nasceu em 1884 nas terras do Reino Cuanhama,[2] um estado nacional dos povos cuanhamas, do grupo etnolinguístico dos ovambos, do sul de Angola e norte da Namíbia.[3] Filho de Ndemufayo ya Haihambo e de Ndapona ya Shikende, irmã dos reis Ueyulu ya Hedimbi (1884-1904) e Nande ya Hedimbi (1904–1911), era, sob o sistema matrilinear do povo cuanhama, o terceiro na linha de sucessão ao trono do Reino Cuanhama. Por essa razão viveu com medo de ser assassinado desde muito jovem.[1] Mandume ya Ndemufayo foi escolarizado por missionários protestantes alemães, naquilo que na altura era o Sudoeste Africano Alemão, a Namíbia de hoje, território ao qual ficou integrado boa parte do Reino Cuanhama e da sua população. Poliglota, falava alemão, português, inglês e cuanhama.[2][4] Chegou ao poder em 1911 e seu reinado durou até 1917, coincidindo portanto com o período em que os poderes coloniais português, alemão, sul-africano e britânico[4] se concentraram na ocupação efectiva, pela força, dos territórios de Angola e da Namíbia, conforme exigido pelo "Princípio da Ocupação Efectiva" da Conferência de Berlim.[5]. Mandume ya Ndemufayo impôs aos europeus uma resistência tenaz, enfrentando ao mesmo tempo o avanço dos ocupantes alemães, sul-africanos e britânicos que vinham do sul, e dos portugueses que vinham do norte, nos confrontos que ficaram conhecidos como Campanha de Cubango-Cunene, parte da Campanha do Sudoeste da África.[2] Conseguiu a façanha de reunir consigo a maioria dos Estados ovambos, formando a Confederação dos Reinos Ovambos, composta pelos reinos Cuanhama e Cuamato, apoiados pelo Reino Evale, pelo Reino Cuambi e tropas do Humbe. As tropas sob seu comando foram as maiores sob a supervisão de um único homem na Campanha do Sudoeste da África, chegando a 50 mil homens.[6] Em relação aos alemães, adotou posição dúbia, recebendo armamentos no início do conflito, e lutando por sua expulsão no final da campanha militar. Tentou associar-se aos britânicos, porém acabou por receber um ultimato conjunto da Grã-Bretanha e de Portugal, da qual respondeu com uma máxima que tornou-se célebre:[2]
Face à superioridade militar tecnológica dos europeus, acabou vencido. Segundo a tradição oral ovambo, Mandume ya Ndemufayo, ao notar que já não tinha outra saída, preferiu suicidar-se ao ter que se render. O relato oficial sul-africano afirma no entanto que ele foi morto a tiros por um destacamento das forças britânicas-sul-africanas.[7][8] HomenagensEm 2002 foi inaugurado o Complexo Memorial do Rei Mandume, no município de Namacunde, no sul de Angola, no local onde o rei residia pouco antes de sua morte e onde se encontra sepultado. Nas proximidades de Vinduque, foi erguida uma lápide simbólica para ele no Panteão dos Heróis, um local onde enterram-se figuras importantes para a história dos povos da Namíbia. Em 2009, a universidade pública constituída no Lubango, a partir de faculdades anteriormente pertencentes à Universidade Agostinho Neto, recebeu o nome "Universidade Mandume ya Ndemufayo". Em 2015, o rapper brasileiro Emicida lançou a faixa “Mandume"[9] , incluída no álbum Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa..., após uma viagem de 20 dias a África que passou por Madagascar, Cabo Verde e Angola.[10] Referências
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