Maçonaria AcadémicaA Maçonaria Académica era uma organização secreta, sem ligações organicas à Maçonaria Portuguesa ou a Obediências teve uma existência fugaz mas foi desta que saiu a Carbonária Portuguesa sendo extinta depois da fundação desta. Antecedentes e GéneseEm 1896, com a reorganização e o crescimento do Partido Republicano Português, é fundado o Grupo Republicano de Estudos Sociais que reunia um conjunto de aderentes onde predominavam diplomados e figuras de respeitabilidade inquestionável, este grupo surgiu com dois objectivos, revitalizar e dinamizar o movimento e a ideia republicana (sendo constituído por filiados e não filiados do Partido referido) e mostrar à opinião pública nacional e internacional que os republicanos portugueses não eram um grupo de agitadores e desordeiros mas sim uma alternativa credível à Monarquia. Depois de ser fundado este grupo recolheu apoios significativos entre os estudantes das Academias de Lisboa, Porto e Coimbra, embora de entre os promotores e fundadores do Grupo não houvesse nenhum estudante. Os jovens académicos de Lisboa que aderiram ao projecto começaram-se a movimentar e nos dias dois e quatorze Fevereiro de 1897 promoveram diversas reuniões com o objectivo de fundar uma associação denominada Grupo Académico Democrático, a mesma de vida efémera serviu no entanto para e através da mesma os estudantes lançarem diversas actividades. O objectivo imediato foi a redação imediata de um manifesto com propostas a curto prazo, que fosse simultaneamente uma declaração de princípios e um programa de ação, este documento denominado Manifesto Republicano Académico e publicado a 5 de Março de 1897, que teve como redactores Ponte e Sousa e João Gonçalves, foi assinado por quarenta e dois subscritores de entre estes destacam-se futuras figuras do futuro regime republicano, para além de João Gonçalves,[1] os futuros deputados às Constituintes de 1911 Henrique Caldeira Queirós, Carlos Amaro e Luz de Almeida, futuros ministros como Rodrigo Rodriques[2] e Rodolfo Xavier Silva[3] e outras figuras relevantes como José da Ponte e Sousa,[4] Artur Brou (médico) e José Teodóro Soares (diplomata). Este manifesto tinha uma forte toada antibritânica ou não estivéssemos no rescaldo do Ultimato inglês e recorria à História de Portugal mais recente para mostrar que a decadência nacional radicava, em última instância, nos monarcas que governavam o país, extratos do mesmo demonstram que as palavras usadas eram violentas e próprias de uma juventude ávida de mudança e já com pendor revolucionário:
No fim do mesmo referiam que o único meio encontrado para travar essa luta era a fundação de: um grémio, cujo principal objectivo será trabalhar pela República. Segundo Rodrigo Rodrigues[5] este Manifesto foi uma decorrência do estimulo que a criação Grupo Republicano de Estudos Sociais acarretou de entre o movimento estudantil académico. Em 6 de Março desse ano, o grupo dinamizador da iniciativa do Manifesto reuniu-se na sede do jornal O País na qual foi eleita uma comissão instaladora do Grémio Democrático Académico (também denominado Centro Democrático Académico), os meio de actuação seriam vários mas aqueles estabelecidos como prioritários eram[6]:
Para além destes objectivos prioritários alguns dos membros afectos ao Grémio decidiram fundar um jornal semanário intitulado A Rua(jornal republicano académico)[7] que tinha cinco redactores e um editor, Ilídio Analide da Costa,[8] o tom provocatório deste jornal não podia deixar as autoridades indiferentes e por esse motivo teve vida muito curta, o n.3 sofreu uma queixa na polícia e o seu editor foi intimado a apresentar as provas do mesmo e o n.º 4 (e último número) foi apreendido, os redactores e editor processados e submetidos a vigilância policial. O objecto dessa atitude era um artigo intitulado de O Rei (que podemos presumir que não foi nada simpático para o mesmo) mas tanto o editor como os cinco redactores recusaram-se a revelar o autor do artigo e por isso foram colectivamente responsabilizados, em 1 de Julho de 1897 foram julgados os cinco no Tribunal da Boa Hora, tendo assumido a sua defesa os advogados republicanos Manuel de Arriaga e João de Meneses, por se terem recusado a identificar o articulista do artigo os cinco levaram uma pena de vinte dias de prisão (acrescida de mais cinco dias por se terem recusado a pagar as custas e selos do processo) e o editor quarenta dias [com os mesmos cinco dias de acréscimo). A imprensa referiu que os jovens foram conduzidos para o Limoeiro em caleches cobertas por entre alas de colegas e populares que os aplaudiam.[9] As consequências mais importantes desta movimentação académica, ou que nesta influiram como dinamizadores fundamentais foi a fundação entre finais de 1896 ou inícios do ano seguinte pelo mesmo núcleo organizador do Grémio Republicano Académico de uma associação secreta designada como Maçonaria Académica. HistóriaA Maçonaria Académica como qualquer organização secreta tem poucas fontes, a única que encontramos tem a ver com um artigo do seu principal dinamizador e dirigente Luz de Almeida[10] em que refere com bastante detalhe certos pormenores como a sua fundação, organização e a metamorfose desta em Carbonária Portuguesa mas que é completamente omisso em datas.[11] Assim por volta dos finais de 1896, inícios de 1897,[12] a uma reunião de estudantes bastante participada em casa de Adolfo Bordalo (aluno da Escola de Agronomia e Veterinária) entre os quais se encontravam, João Gonçalves, José Cordeiro, Henrique Caldeira Queirós, João Gonçalves, Carlos Amaro, Emílio Costa, José Barroso, José Soares e Carlos Marques.[13] A estrutura desta organização era a seguinte, esta compunha-se por quatro Lojas, que tinham um Conselho Director, que era constituído pelos quatro Veneráveis das Lojas (Henrique Caldeira Queirós, José Cordeiro, Carlos da Silva Pestana e Ivo Salgueiro) e pelo seu Presidente, Luz de Almeida,[14] as Lojas denominavam-se Independência, Justiça, Pátria e Futuro.[15] Era uma estrutura para-maçónica "que não se tratava já de um simples grupo revolucionário, de carácter secreto, mas de uma organização secreta , com direcção estatutos, quotização, etc..."[16] e tinha como nome semi-legal na sociedade cívil de Junta Revolucionária Académica.[17] Esta organização passou a centralizar toda a actividade contestatária da Academia de Lisboa que era promovida por estes estudantes através de meios e grupos legais ou ilegais, de entre estas tivemos o exemplo do Jornal semanário A Rua, para além de que a agitação estudantil académica através de panfletos e comícios bem como a convocação e mobilização para comícios republicanos dos estudantes eram trabalhos comuns, é aliás através da representação por João Gonçalves, num grande comício republicano, por parte de um Grupo Revolucionário Académico[18] que temos a única demonstração pública e com registos históricos da tal organização. Entre finais de 1898 e seguramente antes de 1900[19] esta organização é extinta transformando-se na Carbonária Portuguesa. Ver tambémReferências
Bibliografia
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