Personalidade multifacetada – poeta, romancista, ensaísta, crítico, pintor –, Mário Dionísio teve uma ação cívica e cultural marcante no século XX português, com particular incidência nos domínios literário e artístico.[2]
Biografia
Mário Dionísio de Assis Monteiro nasceu em 16 de julho de 1916, em Lisboa.[3][4][5]
Enquanto artista plástico usou os pseudónimos de Leandro Gil e José Alfredo Chaves. Participou em diversas exposições colectivas, nomeadamente nas Exposições Gerais de Artes Plásticas de 1947, 48, 49, 50, 51 e 53. Realizou a sua primeira exposição individual de pintura em 1989.[8]
O neorrealismo
Mário Dionísio desempenhou um papel de relevo na teorização do neo-realismo português, "movimento literário que, nos anos de 1940 e 1950, à luz do materialismo histórico, valorizou a dimensão ideológica e social do texto literário, enquanto instrumento de intervenção e de consciencialização". No contexto das tentativas de reforma cultural encetada pelos intelectuais dessa corrente, através de palestras e outras ações culturais, "participou num esforço conjunto de aproximar a arte e o público, de que resultou, por exemplo, a obra A Paleta e o Mundo, constituída por uma série de lições sobre a arte moderna. Poeta e ficcionista empenhado, fiel ao «novo humanismo», atento à verdade do indivíduo, às suas dolorosas contradições, acolheu, na sua obra, o espírito de modernidade e as revoluções linguísticas e narrativas da arte contemporânea".[9]
Mário Dionísio morreu em 17 de novembro de 1993, em Lisboa, vítima de ataque cardíaco.[3][4]
Obras
Poesia
As solicitações e emboscadas : Poemas. S. l., s,d (Coimbra : Tipografia Atlântida).[10]
O riso dissonante : Poemas. Lisboa : Centro Bibliográfico, 1950.[11]
Memória dum pintor desconhecido. Lisboa : Portugália, 1965. Coleção Poetas de hoje, 19.[12]
O mundo dos outros : histórias e vagabundagens (prefácio). Lisboa : Dom Quixote, 2000. Coleção Biblioteca de Bolso, Literatura, 13. ISBN972-20-1879-5[16]
Poesia completa. Lisboa : Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2016. Coleção Plural. ISBN978-972-27-2450-0[17]
Prosa
O dia cinzento : contos. Coimbra : Coimbra Editora, 1954. Coleção Novos Prosadores.[18]
Não há morte nem princípio. Mem Martins : Europa-América, 1969. Coleção Obras de Mário Dionísio, 4.[19]
Monólogo a duas vozes : histórias. Lisboa : D. Quixote, 1986. Coleção Autores de Língua Portuguesa.[20]
A morte é para os outros. Lisboa : O Jornal, 1988. Coleção Dias de Prosa.[21]
Memórias
Autobiografia. Lisboa : O Jornal, 1987. Coleção Autobiografias, 3.[22]
Pintura
Vincent Van Gogh : estudo. S.l., s.n., 1947. Coleção Os Grandes Pintores e Escultores.[23]
A paleta e o mundo. Lisboa : Europa-América, 1956-1962, 3 vols.[24]
Conflito e unidade da arte contemporânea. Lisboa : Iniciativas Editoriais, 1958.[25]
Casa da Achada – Centro Mário Dionísio
Em setembro de 2009 abriu ao público a Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, fundada em Lisboa em setembro do ano anterior por mais de meia centena de familiares, amigos, ex-alunos, ex-assistentes, conhecedores e estudiosos da sua obra para a salvaguarda e divulgação do seu espólio.[26][27][28] A instituição possui ainda a biblioteca privada da mulher de Mário Dionísio, a professora Maria Letícia Clemente da Silva.[29][carece de fontes?]
Foi homenageado na toponímia de Lisboa, através da atribuição do seu nome a uma rua da freguesia do freguesia do Lumiar, por deliberação, de 20 de julho de 2005, e edital, de 1 de agosto do mesmo ano, da Câmara Municipal de Lisboa.[3][32] A rua Mário Dionísio foi inaugurada em 26 de outubro de 2016.[33]
DOURADO, Maria Inês Caneiras de Carvalho. O percurso teórico de Mário Dionísio em "A paleta e o mundo". Dissertação de mestrado em História da Arte Contemporânea apresentada, em setembro de 2012, à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.[36]
Lisboa : Biblioteca Museu República e Resistência. "Não há morte nem princípio" : a propósito da vida e obra de Mário Dionísio. Lisboa : Câmara Municipal, 1996.[37]
MESQUITA, Alberto; PITA, António Pedro; MASTERMAN, Morgane; ROQUE, Fátima Faria. Passageiro clandestino : Mário Dionísio 100 anos. Vila Franca de Xira : Câmara Municipal de Vila Franca de Xira : Museu do Neo-Realismo, 2016. ISBN978-989-98502-8-6[39]
↑«Mário Dionísio». &Escritas.org. Consultado em 12 de dezembro de 2021
↑Fernando Madaíl (23 de maio de 2009). «A faceta de pintor do mestre». Diário de Notícias. Consultado em 6 de janeiro de 2017
↑ abcCf. Deliberação n.º 443/CM/2005 (Proposta n.º 443/2005), publicada no 2.º suplemento ao Boletim Municipal de Lisboa n.º 597, de 28 de julho de 2005, pp. 1776(67)-(68), consultada em 4 de fevereiro de 2019.
↑ abFRANÇA, José Augusto (1999). «Mário Dionísio de Assis Monteiro». In: Barreto, António; Mónica, Maria Filomena (coords.). Dicionário de História de Portugal. VIII. Porto: Figueirinhas. p. 530. ISBN972-661-165-2. OCLC248607983
↑«Mário Dionísio». Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora. 2003–2013. Consultado em 26 de agosto de 2013
↑ADRIANO, António. Mário Dionísio : Escritor (1916-1993). Lisboa : Câmara Municipal de Lisboa : Comissão Municipal de Toponímia, 2016, p. 12, consultado em 4 de fevereiro de 2019.
↑Mário Dionísio dá nome a rua. Notícia publicada no sítio da Câmara Municipal de Lisboa, consultada em 4 de fevereiro de 2019.
«Biografia : Mário Dionísio». inDicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. IV, Lisboa, 1997 (via Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas)