Luiz, o Visitante
Em 2014 ampliou sua notoriedade nacional com a canção "Bolsonaro, o Messias".[2][3][4] Após a canção gerar repercussão e polêmica na Internet como o primeiro rap de direita do Brasil, tornou-se a música mais executada durante os protestos contra o Governo Dilma Rousseff.[3] Em 2018, o artista alcançou o 6° lugar do chart "As 50 Virais - Brasil" do Spotify,[5] com a música "Meu Filho Vai Ser Bolsonarista"; canção que ficou amplamente conhecida durante as manifestações de extrema-direita, e a campanha presidencial de Jair Bolsonaro no ano de 2018.[6] Luiz também é conhecido por suas posições extremistas, e por declarações consideradas reacionárias.[7] A revista internacional europeia, El Confidencial, destacou Luiz como um dos mais influêntes entre a juventude apoiadora do direitismo no Brasil.[3] Segundo o jornal The Guardian, o artista também foi criador do subgênero do rap chamado "Destra rap", uma vertente do political hip hop voltado para causas direitistas e conservadoras, tendo sua ascensão entre 2016-2019.[6] Início da vidaLuiz Paulo nasceu em Pernambuco,[8] filho de uma dona-de-casa e de um falecido aposentado. Cresceu na zona norte do Recife, a área mais pobre da cidade.[1] Estudou durante a infância e adolescência em escola pública nas favelas e periferias da cidade, época que alegava ter sofrido bullying por ser branco, em uma escola majoritariamente mestiça e negra. Luiz ainda não completou o curso superior de Psicologia.[4] Carreira2009-2013: Início, Mr. GângsterIniciou sua carreira musical em 2009, lançando suas primeiras canções pela Internet.[1] Passou a ter seu trabalho reconhecido em 2012, após o lançamento de sua canção "Recomeço", que chegou a ser um dos raps mais ouvidos naquele ano.[1] Aproveitando a visibilidade obtida através de "Recomeço", lançou em 2013 seu primeiro álbum, também intitulado Recomeço. A canção homônima se tornou o primeiro single do álbum, que vendeu mais de 12 mil cópias em download digital e por auto-distribuição física.[1] Em 2013 lançou sua segunda música de trabalho, "Martelo dos Deuses", que se tornou o primeiro single do seu segundo álbum, a mixtape Feito em Marte.[1] 2014–atualmente: Subgênero Destra rap, Luiz, o VisitanteO dia 9 de agosto de 2014 marca o lançamento do primeiro rap de direita no Brasil.[4] Luiz, ainda com o nome artístico de Mr. Gângster,[9] lançou a canção "Bolsonaro, o Messias", sob forte crítica negativa dos demais rappers brasileiros, em razão do seu apoio a Jair Bolsonaro, comparando-o a um novo Messias — sendo que o segundo nome do homenageado também é Messias.[4][10] A canção foi lançada primeiramente no Facebook, na página de Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro, alcançando mais de 5 milhões de visualizações em pouco mais de um mês. Após o sucesso na Internet, "Bolsonaro, o Messias" tornou-se a canção mais executada durante as manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff, o que a tornou conhecida em âmbito nacional.[3][11][4] Idealizador do "Destra rap", um subgênero do rap, que aborda temas conservadores[12][13][6][14] e adota posições consideradas "reacionárias", Luiz tem tido grandes desavenças com outros rappers brasileiros,[4] sendo acusado por eles de apropriação cultural.[4][15] Acauam Oliveira, doutor em Literatura Brasileira, pela USP e estudioso da canção popular brasileira, considera a "destra rap" como "uma espécie de anomalia que surge no campo político e que passa para o campo da música, fruto da polarização ideológica que estamos acompanhando hoje". Segundo Oliveira, trata-se de "uma estratégia mais ou menos bem-sucedida da direita de parodiar estratégias e fenômenos da esquerda".[4] O destra rap, e o surgimento de rappers auto-declarados de direita e anti-revolucionários, tem sido alvo de críticas por boa parte do grupo midiático brasileiro.[16] O Jornal Opção se posicionou a respeito, afirmando que este fenômeno a ser revisto, é mais do que "um rapper branco, autodeclarado reacionário" [Luiz, o Visitante], mas que o "ascenso conservador, aliado a outros problemas político-culturais – apropriação cultural, racismo, falta de perspectiva emancipatória para os cidadãos da periferia –, teriam pavimentado a deglutição do rap pela direita, (...) e sua subtração do campo da esquerda."[16] No dia 25 de setembro de 2015 hackers invadiram por três vezes o site oficial da Câmara de Vereadores de Concórdia, para publicar um grande texto enaltecendo o deputado federal Jair Bolsonaro e deixando no topo da página a letra da canção "Bolsonaro, o Messias". Não se sabe se o ato foi comandado pelo cantor.[9] Em 2016 o rapper mudou seu nome artístico para "Luiz, o Visitante", e lançou outra das suas canções polêmicas "Se Essa Rua Fosse Minha", baseada na tradicional cantiga de roda homônima.[4][11][17][5] "Se Essa Rua Fosse Minha" homenageia o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932 – 2015), comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo, de 1970 a 1974, e o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça brasileira, como responsável pela prática de tortura a prisioneiros políticos, durante o regime militar (1964–1985).[18][19] Devido as ações da ala intelectual progressista em apresentar uma denúncia ao ministério público, pedindo a proibição da canção "Se Essa Rua Fosse Minha", por exaltar Ustra;[7][20] o rapper instiga ainda mais a revolta dos internautas que tiveram parentes presos ou torturados na Ditadura, com a canção lançada em seguida "Ustra Vive (Um Rap Reaça)".[4] Diferentemente da primeira canção que subliminarmente cita o Coronel Ustra, esta o cita de forma explicita, "as crianças são Ustra, as mulheres são Ustra, somos todos Ustra".[5][4] Após o lançamento de "Ustra Vive (Um Rap Reaça)", o rapper também provocou a fúria de muitos rappers brasileiros ao exclamar "Viva ao regime militar!", em sua canção,[11] mas logo se justificou afirmando:
No mesmo ano, Visitante lançou o single "O Velho Olavo Tem Razão!", canção que compara Olavo de Carvalho a Noé e nega a dívida histórica da escravidão no Brasil, afirmando que pessoas afrodescendentes são a maioria da população carcerária por escolha.[21] A canção também afirma que feministas cometem crime de atentado violento ao pudor, por protestos com seios de fora, e intitula o combate aos progressistas de "luta de paz".[21] Numa entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo em 2017, Luiz conta que chegou a ser agredido fisicamente, na rua, por pessoas insatisfeitas com o conteúdo de suas canções.[4] Ainda no mesmo ano, o rapper lança "Super-heróis", e "Super-heróis (Remix)" com PapaMike. As canções são homenagens a polícia militar brasileira, que nega os abusos policiais, o racismo, e os tratam como heróis.[5] Um discurso inédito na cultura do rap, que gerou bastante revolta dos amantes da cultura hip hop. Um dos principais motivos foi o trecho de sua letra, peço desculpa a PM, pelo rap nacional. Muitos artistas não gostaram do rapper agir como porta-voz do rap, e alguns chegaram lhe atacar com canções diss, como no caso a canção "Carta ao Visitante" de Rica Silveira.[22][23] Em 2018, numa demonstração de apoio à candidatura de Jair Bolsonaro, o rapper lança "Meu Filho Vai Ser Bolsonarista",[24] que entrou na tabela das 50 músicas virais do Spotify, na 6° colocação, e tornou-se uma das canções mais executadas durante as manifestações de direita e campanha presidencial que ocorreram naquele ano.[5] Em um livro lançado em 2021, Guerra cultural e retórica do ódio: Crônicas de um Brasil pós-político,[25] o autor João Cezar de Castro Rocha cita as canções do rapper, "Meu Filho Vai Ser Bolsonarista", "O Velho Olavo Tem Razão", e "Se Essa Rua Fosse Minha", como uma forma resumida do discurso de ódio olavista, e que trazem discursos violentos de "eliminação do inimigo" do livro Orvil, — o livro secreto feito pelos militares da Ditadura de 1964.[17] E também criticou o rapper, que segundo o autor, não possui propriedades para exaltar o regime militar de 1964, pois não viveu a época.[17] O autor também se mostrou indignado com a canção "Se Essa Rua Fosse Minha", tratando o estilo destra rap como uma apropriação cultural propondo um "rap híbrido", também o comparando a rap gospel com fundamentalismo religioso.[17] Castro Rocha, em seu livro, também aponta "audácia" do rapper em reformular uma inocente cantiga de roda.[17] O autor classificou Luiz, o Visitante como um extremista, por ter propagado a ideia de, Carlos Alberto Brilhante Ustra, um torturador, ser um herói.[17] DiscografiaMixtapesÁlbuns de estúdio
Coletâneas
Singles
Notas
Referências
Bibliografia
Ligações Externas
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