Luis Fernando Camacho Vaca (Santa Cruz da Serra, Bolívia; 15 de fevereiro de 1979) é um advogado, professor universitário,empresário, dirigente cívico e político boliviano. Presidiu o Comitê Cívico de Santa Cruz de fevereiro a novembro 2019.[2][3] É a principal liderança dos protestos que levaram o então presidente da Bolívia Evo Morales a convocar novas eleições presidenciais e, no mesmo dia, 10 de novembro de 2019, deram apoio ao golpe militar que derrubaria Evo, ganhando grande destaque entre outubro e novembro sob a liderança radical de Camacho.[4] No dia 10 de novembro de 2019, ainda quando Evo Morales era presidente, Camacho invadia o Palácio Quemado e colocou, de joelhos, uma biblia sobre a bandeira do país; Luis Camacho cumpria uma promessa que fez em um comicio no dia 4 do mesmo mês quando disse: "Não estou indo com as armas, vou com a minha fé e minha esperança. Com uma Bíblia na mão direita e sua carta de renúncia na minha mão esquerda".[5]
No dia 29 de novembro de 2019, Luis Camacho, anunciou a candidatura a presidência da Bolívia nas eleições de 2020, entregando ao Comitê Cívico de Santa Cruz sua carta de renúncia como presidente do comitê.[6][7][8] Alguns dias depois, Camacho formalizou um acordo com o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) para que o partido pudesse apoiar a sua candidatura a sua candidatura.[9] Ele também firmou um acordo para que o líder cívico Marco Pumari concorresse como seu vice-presidente.[10][11][11][12][13][14] Em 21 de janeiro de 2020, o MNR rompeu o acordo com Camacho alegando dificuldades na comunicação com o empresário.[15][16][17] Após a desistência do MNR, Camacho escolheu à Unidade Cívica Solidária (UCS) como partido para lançar-se na corrida presidencial de 2020. Além da UCS, o Partido Democrata Cristão (PDC) e a Ação Democrática Nacionalista (ADN) também apoiaram a candidatura de Camacho por meio da coligação Acreditamos.[18][19][20]
Em dezembro de 2022, foi detido acusado de “terrorismo”. É também acusado de envolvimento no processo que levou à destituição do ex-Presidente Evo Morales e à autoproclamação da então senadora Jeanine Áñez como chefe de Estado, em 2019.[21]
Crise e protestos na Bolivia
A insatisfação com o presidente Evo Morales se iniciou em 2017 após o Tribunal Constitucional da Bolivia autorizar Evo Morales a disputar reeleições indefinidamente, mesmo após a população decidir, por meio de um referendo realizado por partidarios de Morales, que o presidente deveria respeitar o limite de reeleições e não disputar a quarta reeleição.[22][23] O Tribunal Eleitoral Boliviano não respeitou o referendo, causando indignação de setores da população.[24][25] O que levou sindicalistas, mineiros, policiais, classe média, cocaleros e principalmente universitários e estudantes do secundário, a maioria na liderança do ativista, antes pouco conhecido, Luis Camacho.[26] No dia 9 de novembro, em um comicio, Camacho, que não exerce nenhum cargo público, deu 48 horas para Morales renunciar e convocou os militares do exercito para "ficarem do lado do povo" nas palavras de Camacho; dias depois o comandante do exercito orientou Morales a renunciar.[27][28][29]
Durante a apuração dos votos que iria decidir quem seria o próximo presidente da Bolivia, o Tribunal Superior Eleitoral suspendeu a transmição de apuração dos votos quando estavam 83% das urnas apuradas e indicava um segunto turno no país, a transmição só retornou no dia seguinte com 95% das urnas apuradas e indicando a vitória em primeiro turno de Evo Morales, essa situação aprofundou ainda mais as disconfianças de fraude.[30][31] Com o relatorio da OEA as manifestações tomaram maiores proporções e deixaram Evo em uma delicada situação.[32][33]
A essa altura Evo já não contava mais com o apoio dos principais setores da sociedade, incluindo a maior central sindical do país, que era umas das bases de sustentação do presidente.[34] A Central Operária Boliviana, maior sindicato do país, antes apoiadora de Evo Morales, afirmou em nota que o presidente deveria considerar a renuncia.[35] Nesse momento, protestos violentos já se alastrava por todo o país, levando manifestantes a invadirem e saquearem a casa de Morales e incendiarem a casa de sua irmã.[36] Luis Camacho já era a principal liderança das manifestações.[37][38]
Vida e educação
Luis Fernando Camacho nasceu o 15 de fevereiro de 1979 na cidade de Santa Cruz da Serra. Seu pai, Jose Luis Camacho Parada já ocupava o cargo de presidente do Comité Cívico Pró Santa Cruz, de 1981 até 1983, e presidente da Federação de Empresários Privados de Santa Cruz, de 1992 até 1994.[39][40]
Camacho estudou Direito na Universidade de Santa Cruz de la Sierra. Ele se formou em direito em 2003. Em 2005, ele concluiu o mestrado em Direito Financeiro e Tributário na Universidade de Barcelona, na Espanha.[41]
Camacho se casou com Gabriela Antelo Miranda em setembro de 2019.[42]
Em fevereiro de 2019, Luis Fernando Camacho foi eleito, por 234 votos, presidente do Comité Cívico de Santa Cruz para o período 2019-2021, em substituição do ex presidente Fernando Cuéllar Núñez. Porém, em 30 de novembro do mesmo ano renunciou ao cargo para disputar as eleições presidenciais de 2020.[43][44]
Ativismo
Em 2002, Camacho se juntou ao partido de direita Movimento Nacionalista Revolucionário de Santa Cruz de la Sierra. Atuou como vice-presidente da União da Juventude de extrema-direita de Santa Cruz entre 2002 e 2004.[45][46]
Camacho ficou inativo entre 2004 e 2013, quando se tornou o segundo vice-presidente dos Comitês Civis Provinciais da Cruceñidad, cargo que ocupou até 2015. Em 2017, assumiu o cargo de primeiro vice-presidente do Comitê Cívico, até que foi eleito para presidilo em 2019.[45][47]
Posições políticas
Por sua posição ideologica e constantes mensões religiosas em seu discurso, Camacho foi chamado de Bolsonaro boliviano por parte da imprensa.[48][49] Conhecido por ser uma figura católica conservadora, foi um crítico ferrenho do ex-presidente Evo Morales. Foi taxado de líder de extrema direita pelo Conselho de Assuntos Hemisféricos e de fascista cristão pela imprensa.[carece de fontes] Foi ainda vinculado ao político Branko Marinkovic, que é notável por sua crença em uma hierarquia racial que entende os indígenas como inferiores aos outros.[carece de fontes]
Camacho afirmou que as leis que permitem a agricultura de corte e queima aprovada pelo governo Morales causaram incêndios na Bolívia em agosto de 2019, o que realmente aconteceu e ajudou a prejuducar a imagem de Morales.[50][51]
Atividades no Panamá
Camacho foi apontado por documentos da Comissão Especial de Investigação da Asamblea Legislativa Plurinacional da Bolivia como responsável por ajudar empresas e indivíduos do Panamá a mover ativos financeiros para o exterior, e construir esquemas de sonegação de impostos e a lavagem de dinheiro. Ele foi revelado como acionista da empresa panamiana Navi International Holding S.A.[52]
Referências
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