Os comentários incluem a data de criação e dissolução de cada legião, a causa do desaparecimento se relevante, e o responsável ( fundador) pela criação original de cada uma das legiões e os seus emblemas.
Legiões do final do período republicano
Até as reformas de Mário de 107 a.C., as legiões republicanas eram formadas pelo alistamento compulsório de cidadãos romanos que atingiam os critérios mínimos e eram formadas sempre que necessário. Geralmente, a formação era autorizada pelo senado e, finda a sua utilizada, eram desfeitas.
As reformas de Caio Mário transformaram as legiões em unidades permanentes, podendo existir por diversos anos ou décadas, algo necessário para que o agora vasto império fosse todo guarnecido.
As legiões incluídas na lista a seguir tiveram uma história longa o suficiente para serem consideradas notáveis. A maioria delas foi instituída por Júlio César e foram, posteriormente, incorporadas no exército de Otaviano, sendo que umas poucas foram também obra de Marco Antônio ou Augusto:
* Observação: Base principal. Início em 31 a.C., se não especificada.
Legenda
Número e cognome
A numeração das legiões é confusa. Diversas compartilharam o mesmo número entre si. Augusto (e outros) numerava as legiões que fundou partindo do I, mas também herdou outras já numeradas de seus predecessores. Porém, mesmo esta prática não era consistentemente seguida: Vespasiano mantinha os mesmos números das legiões que ele formava a partir de unidades debandadas. Já a primeira legião de Trajano era a XXX, pois já existiam então vinte e nove outras quando ela foi formada, ainda que a segunda tenha sido numerada II. Os números XVII, XVIII e XIX, as legiões aniquiladas na Batalha da Floresta de Teutoburgo, nunca mais foram utilizados (e estas legiões não têm o cognome conhecido, o que sugere que após terem sido desgraçadas, os títulos foram deliberadamente esquecidos ou deixaram de ser mencionados). Como resultado desta evolução algo caótica, é fundamental a utilização do título da legião para identificá-la.
É comum também encontrar legiões com mais de um número, arrebatados em campanhas, normalmente por determinação do imperador. Apenas os números mais comuns e estabelecidos são mostrados na tabela. Para os demais, veja o artigo individual de cada uma.
Os títulos geográficos indicam:
a) O país em que a legião foi originalmente recrutada, como Italica: da Itália ou
b) povos que a legião conquistou, como Parthica: vitoriosa sobre o Império Parta
As legiões que levam o nome de um imperador ou de sua gens (clã) (ex.: Augusta, Flavia) foram ou fundadas por ele ou foram agraciadas com o nome como prova de um apreço especial.
Esta coluna mostra o castro onde a legião passou o período mais longo. Legiões muitas vezes compartilhavam entre si a mesma base. Subdivisões de tamanhos variados de uma legião frequentemente passavam tempo considerável em outras bases ou em outras províncias, conforme a necessidade.
Emblema
As legiões frequentemente mantinham mais de um emblema ao mesmo tempo e, ocasionalmente, os trocavam. As legiões formadas por Júlio César geralmente mantinham o Touro como emblema, enquanto que as de Augusto mantinham o Capricórnio.
Data final
Para as legiões que estão documentadas no século IV e depois, não sabemos ao certo onde e nem como elas acabaram. Para as legiões que desapareceram antes de 284 d.C., a razão (certa ou provável) está indicada como:
XX = Aniquilada em uma batalha;
DD = Desgraçada e desonrada;
FD = Fim desconhecido;
Castra legionaria
Indica as bases (castra) e/ou províncias por onde a legião passou durante a sua história.
Observações
Pontos de interesse, incluindo a explicação dos títulos e detalhes sobre o destino de cada uma.
Nomes de províncias e as suas fronteiras são assumidas no artigo como em 107 a.C., durante o reinado de Trajano, e após a anexação da Dácia e da Arábia Pétrea. O mapa mostra as províncias no final do reinado dele, em 117 d.C., que é quase o mesmo de 107 d.C., exceto que a Armênia e a Mesopotâmia tinham sido anexadas (e abandonadas logo após a morte de Trajano); e a Panônia tinha sido dividida em duas (o que ocorreu por volta de 107 mesmo). O fato de as províncias e fronteiras terem mudado diversas vezes no período entre 30 a.C. e 284 d.C. explica a discrepância entre as fontes sobre a localização de uma particular legião numa data qualquer.
Legiões do final do império
Diocleciano reorganizou o exército romano para conseguir lidar melhor com a ameaça dos bárbaros do norte da Europa e do Império Parta do oriente. O exército foi dividido em unidades de "fronteira" e de "campo".
As unidades de fronteira (limítanes) ocupavam os limes, as fortificações nas fronteiras do império, e eram formadas por soldados profissionais com um treinamento de pior qualidade.
As unidades de campo ficavam bem atrás da fronteira e deveriam se mover rapidamente para onde quer que fosse necessárias, com papéis ofensivos e defensivos. As unidades de campo eram formadas por soldados de elite, com um excelente treinamento e armas de boa qualidade. Elas, por sua vez, se subdividiam em :
Palatinae: "tropas palacianas" eram as unidades mais graduadas, criadas também por Constantino após ele ter debandado a guarda pretoriana e eram compostas inicialmente por antigos guardas;
Comitatenses: unidades regulares de campo, algumas recém-formadas enquanto outras já tinham longa história desde o início do império;
pseudocomitatenses: eram unidades limítanes absorvidas pelos exércitos de campo e mantidas lá com frequência. Algumas das legiões do início do império se tornaram unidades pseudocomitatenses;
Estas unidades tinham geralmente entre 300 e 2.000 soldados e algumas mantinham a numeração original. A principal fonte para estas legiões é a Notitia Dignitatum, um documento do final do século IV contendo todos os cargos civis e militares das duas metades do Império Romano (revisada em 420 d.C. para o ocidente):
I Flavia Constantia ("Confiável Flaviana"): unidade comitatenses sob o comando do mestre dos soldados do Oriente (magister militum per Orientem)
I Flavia Gallicana Constantia (Confiável Flaviana da Gália): unidade pseudocomitatense sob o comando do mestre da infantaria da Gália (Magister Peditum per Gallias)
I Flavia Martis ("Flaviana dedicada à Marte"): pseudocomitatense