Os primeiros habitantes desta região cujo nome chegou aos nossos dias foram os panônios (panonii), um grupo de tribos indo-europeias aparentadas dos ilírios. A partir do século IV a.C., a região passou a sofrer constantes invasões de povos celtas. Pouco se sabe além disso até 35 a.C., quando seus habitantes, aliados dos dálmatas, foram atacados por Augusto, que conquistou e ocupou Siscia (Sisak). Contudo, a região não foi definitivamente subjugada até 9 a.C., quando todo o território foi incorporado à província de Ilírico, cuja fronteira se estendia até o Danúbio.
Período romano
Em 6 d.C., os panônios, juntamente com os dálmatas e outras tribos ilírias, iniciaram a chamada Grande Revolta Ilíria, mas acabaram sendo derrotados por Tibério e Germânico depois de uma dura campanha de três anos. Depois que a rebelião foi esmagada, em 9 d.C., a província de Ilírico foi abolida e seu território foi dividido entre as novas províncias da Panônia (no norte) e Dalmácia (no sul). A data da divisão é desconhecida, mas certamente ocorreu depois de 20 d.C. e antes de 50. A proximidade com perigosas tribos bárbaras ainda não subjugadas - como os quados e os marcomanos) - exigia a presença de uma grande quantidade de tropas na região (o número chegaria a sete legiões). Além disso, diversas fortalezas foram construídas às margens do Danúbio para impedir que elas cruzassem o rio.
Em algum momento entre 102 e 107, no intervalo em sua campanha dácia, Trajano dividiu a província da Panônia em Panônia Superior (porção ocidental, com capital em Carnunto) e Panônia Inferior (porção oriental, com capitais em Aquinco e Sírmio)[2]. De acordo com Ptolemeu, elas eram divididas por uma linha imaginária que ia de Arrabona, no norte, até Servício no sul; posteriormente, ela foi deslocada mais para o oriente. A região toda passou a ser chamada de Panônias (Pannoniae).
A Panônia Superior era governada por um consular (consularis), o mesmo que antes administrava a antiga província unificada, e controlava três legiões. A Panônia Inferior permaneceu a princípio sob o comando de um legado pretoriano e controlava apenas uma legião; posteriormente, Marco Aurélio elevou o posto a consular, mas não alterou a quantidade de legiões. A fronteira do Danúbio foi reforçada ainda com a fundação de duas novas colônias, Élia Múrsia e Élia Aquinco por Adriano.
Diocleciano também separou partes da moderna Eslovênia e incorporou-as na Nórica. Constantino aumentou a província em 324, deslocando suas fronteiras para o oriente e incorporando a ela as planícies que formam hoje a porção oriental da Hungria, o norte da Sérvia e a Romênia ocidental, chegando até o limes que ele acabara de criar, a Fronteira da Sarmácia.
A região foi novamente invadida na década de 560 pelos ávaros, eslavos, que chegaram na década de 480, mas tornaram-se importantes apenas a partir do século VII, e pelos francos, que criaram a Marca da Panônia no fim do século VIII. Termos como Baixa Panônia (ou "Inferior" ou "Menor") e Alta Panônia (ou "Superior" ou "Maior") foram utilizados no século IX para designar um principado eslavo e uma província franca respectivamente.
A região era uma grande produtora agrícola, especialmente depois que as grandes florestas foram derrubadas por Probo e Galério. Antes disso, madeira era um dos principais produtos de exportação da Panônia. Entre os produtos agrícolas cultivados na região estavam a aveia e a cevada, com a qual os panônios fermentavam um tipo de cerveja chamada sabaea. Videiras e oliveiras, comuns em outras províncias, eram raras. A Panônia era também famosa por seus cães de caça.
Os principais rios que cortavam a região era o Dravo, Savo e o Arrabo, além do Danúbio, para o qual seguem os três anteriores.
O antigo nome da Panônia persiste ainda hoje na denominação Planície Panônia.
↑Introdução à história do português: geografia da língua. Autor: Ivo Castro. Edições Colibri, 2004, pág. 55, ISBN 9789727725205 Adicionado em 10/04/2016.