Laudelina de Campos Melo
Laudelina de Campos Melo (Poços de Caldas, 12 de outubro de 1904 — Campinas, 12 de maio de 1991) foi uma brasileira militante do Partido Comunista Brasileiro, defensora dos direitos das mulheres e das empregadas domésticas, fundadora do primeiro sindicato daquela ocupação no Brasil.[1][2][3] Vida pessoalLaudelina nasceu em 12 de outubro de 1904, em Poços de Caldas, filha de pais alforriados pela Lei do Ventre Livre, em 1871.[4] Seu pai morreu quando Laudelina tinha doze anos, atingido por uma árvore que cortava com outros dois filhos.[2] Obrigada a trabalhar desde os sete anos de idade, abandonou a escola para cuidar dos cinco irmãos mais novos, enquanto a mãe trabalhava.[1][5][2][3]
Na adolescência, auxiliava a mãe na confecção de compotas, geleias e doces caseiros que eram vendidos na cidade para aumentar a renda.[3] Aos dezesseis anos foi eleita presidente do Clube 13 de Maio, que promovia atividades recreativas e políticas entre a população negra de sua cidade.[5] Entre dezesseis e dezessete anos começou a trabalhar como empregada doméstica e trabalhou na casa de Juscelino Kubitschek.[7] Mudou-se para a cidade de São Paulo aos dezoito anos e casou-se aos vinte anos, com Geremias Henrique Campos Mello. Em 1924 mudou-se para a cidade de Santos, onde teve seu primeiro filho.[1][4][2] MilitânciaJunto do marido, Laudelina participou da agremiação Saudade de Campinas, grupo que valorizava a cultura negra em Santos. O casal se separou em 1938, com dois filhos como resultado da união. Laudelina passou a atuar de forma mais intensa em movimentos populares, de cunho político e reivindicatório, especialmente depois de se filiar ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936.[4][2] Neste mesmo ano, Laudelina fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946.[1] Várias outras associações começaram a surgir na cidade de São Paulo, sob a coordenação do professor Geraldo de Campos Oliveira, presidente do Clube Cultural Recreativo do Negro e membro do partido Libertador.[6] Laudelina também trabalhou para a fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter trinta mil filiados ao longo da década de 1930.[1][4][2] Em 1948, a família para a qual Laudelina trabalhava a convidou para ser gerente do hotel fazenda que possuíam em Mogi das Cruzes, onde permaneceu por três anos. Com a morte da matriarca da família, Laudelina foi para Campinas, cidade que dava preferência às empregadas brancas, o que levou Laudelina a protestar junto do Correio Popular por veicular anúncios preconceituosos.[4][3] Integrou-se ao Movimento Negro de Campinas, participando de eventos que visavam levantar a autoestima da comunidade negra, com teatros e palestras, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.[6] Em 1961, obteve o apoio do Sindicato da Construção Civil de Campinas para fundar, em suas dependências, a associação de empregadas domésticas.[1][5][2] Associação Profissional BeneficenteA Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas esteve em diversas frentes e lutas, em especial contra o preconceito racial.[2][3] Mil e duzentas empregadas domésticas estiveram no ato da inauguração da associação, em 18 de maio de 1961.[1][5] No ano seguinte, foi convidada para participar da organização de diversos sindicatos da categoria em outros estados, participando também de movimentos negros e feministas.[5][2] Para que a associação não fechasse, devido ao Golpe de Estado de 1964, Laudelina aceitou abrigá-la na União Democrática Nacional (UDN).[5] A entidade acabou se dissociando, depois que Laudelina ficou doente em 1968, o que a levou a se desvincular do movimento de empregadas domésticas.[3] Voltou à direção em 1982, por insistência de suas antigas companheiras. Em 1988, a associação se tornou Sindicato das Empregadas Domésticas e continuou a lutar em favor do direito das empregadas domésticas, combatendo a discriminação da sociedade em relação às empregadas domésticas, exigindo melhor remuneração e igualdade de direitos sociais.[1][5][2] Morte e legadoLaudelina morreu em 12 de maio de 1991, aos oitenta e seis anos, em Campinas, deixando sua casa para o sindicato da cidade.[1][5][2] Em 1989, foi criada a organização não governamental Casa Laudelina de Campos Mello, dedicada a celebrar a atuação e militância de Laudelina, fundamentais para a conquista do direito à carteira de trabalho e à previdência social.[1][5][3] Em 2005, a memória de Laudelina foi homenageada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a adição à Ordem do Mérito do Trabalho no grau de Cavaleira post-mortem.[8] O documentário Laudelina: Lutas e Conquistas, produzido em 2015 numa parceria entre o Museu da Cidade e o Museu da Imagem e do Som (MIS), ambos de Campinas, celebra a história de vida da líder sindical. O filme combina a interpretação da atriz Olívia Araújo e trechos de uma entrevista com a ativista realizada em 1989.[9] Em 12 de outubro de 2020, Laudelina foi homenageada pelo Google com um Doodle.[10] Referências
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