Língua protomaiaA língua protomaia é o ancestral hipotético das línguas maias actualmente faladas bem como das já extintas, incluindo o maia clássico documentado nas inscrições hieroglíficas maias. FonologiaA língua protomaia tem os sons abaixo, de acordo com a reconstrução efectuada por Campbell e Kaufman (1985). Cinco vogais: a, e, i, o e u. Cada uma delas ocorre com uma versão curta e uma versão longa: aa, ee, ii, oo e uu,
Regras sonorasO seguinte conjunto de mudanças de sons do protomaia para as línguas modernas é usado como base da classificação das línguas maias. Cada mudança de som pode ser partilhada por várias línguas; um fundo cinzento indica que não ocorreu qualquer mudança.
DesenvolvimentosAs oclusivas palatalizadas [tʲ'] e [tʲ] não passaram para qualquer um dos grupos modernos. Pelo contrário, reflectem-se de modo diferente nos diferentes ramos permitindo uma reconstrução destes fonemas como oclusivas palatalizadas. No ramo oriental (Chujeano-Canjobalano e Cholano) reflectem-se como [ts] e [ts'] e no iucateco e quicheano como [ʧʰ] e [ʧ’].[1]
A líquida protomaia [r] reflecte-se como [j] nas línguas orientais (Chujeano-Canjobalano e Cholano), Huastecano e Iucatecano e como [ʧʰ] no Mameano e [r] no Quicheano e Pocom.[1]
A velar nasal protomaia *[ŋ] é reflectida como [x] no ramo ocidental (Quicheano, Mameano), como [n] em Canjobalano, Cholano e Iucatecano, e apenas conservado como [ŋ] em Chuj e Popti.[3] No Huastecano *[ŋ] é reflectido como [h].
O estatuto divergente do huasteco é revelado por várias inovações não partilhadas com outros grupos. O huasteco é o único ramo que substituiu o *[w] protomaia por [b]. O huasteco (mas não o chicomucelteco) é também a única língua maia que possui um fonema velar labializado, [kʷ]; porém, sabe-se que se trata de um desenvolvimento pós-colonial: comparando documentos da época colonial em huasteco com o huasteco moderno, pode ver-se que onde se encontra o [kʷ] moderno encontravam-se originalmente sequências de *[k] seguidas por uma vogal arredondada e um deslize. Por exemplo, a palavra "abutre", que em huasteco moderno se pronuncia [kʷiːʃ], escrevia-se <cuyx> no huasteco colonial, e pronunciava-se *[kuwiːʃ]. O agrupamento dos ramos cholano e iucatecano baseia-se parcialmente na inovadora mudança do *[a] curto para [ɨ]. Todas as línguas cholanas alteraram as vogais longas protomaias *[eː] e *[oː] para [i] e [u] respectivamente. O estatuto independente do iucatecano é evidenciado pelo facto de todas as línguas iucatecanas haverem substituído o *[t] protomaia por [ʧ] na posição final de palavra. As línguas quicheano-mameanas e canjobalanas, retiveram as paragens uvulares protomaias ([q] e [q’]); em todos os restantes ramos estes sons fundiram-se com [k] e [k’], respectivamente. Portanto, pode dizer-se que o agrupamento quicheano-mameano assenta sobretudo em retenções partilhadas em lugar de inovações. O mameano distingue-se do quicheano em larga medida por uma mudança em cadeia que alterou *[r] para [t], *[t] para [ʧ], *[ʧ] para [ʈʂ] e *[ʃ] para [ʂ]. Estas africadas e fricativas retroflexas estenderam-se mais tarde ao canjobal por contacto linguístico.[4] Dentro do ramo quicheano, o caqchiquel e o tsutuil diferem do quiché por terem mudado os *[w] e *[ɓ] finais protomaias para [j] e [ʔ] respectivamente em palavras polissilábicas.[5] Outras mudanças são gerais em toda a família maia. Por exemplo, a glotal fricativa protomaia *[h], que nenhuma língua reteve como tal, tem numerosos reflexos nas várias línguas filhas dependendo da sua posição na palavra. Em alguns casos alongou uma vogal precedente nas línguas que mantiveram a métrica das vogais. Noutras línguas tornou-se [w], [j], [ʔ], [x], ou desapareceu.[6] Outras inovações esporádicas ocorreram independentemente em vários ramos. Por exemplo, desapareceu a métrica distintiva das vogais no canjobalano-chujeano (excepto no mochó e acateco), caqchiquel e chol. Outras línguas transformaram a distinção da métrica numa de vogais tensas versus vogais relaxadas, perdendo mais tarde esta distinção, na maioria dos casos. No entanto, o caqchiquel manteve uma vogal tipo schwa centralizada e relaxada como reflexo do [a] protomaia.[7] Duas línguas, o iucateco e o uspanteco, além de um dialecto de tsotsil,[8] introduziram uma distinção tonal entre as vogais, com tons baixos e altos correspondendo à anterior métrica das vogais além de reflectir *[h] e *[ʔ]. Referências
Bibliografia
Ligações externas
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