José Antônio dos Reis
José Antônio dos Reis (São Paulo, 10 de junho de 1798 — Cuiabá, 11 de outubro de 1876), foi um bibliotecário e prelado da Igreja Católica brasileiro, bispo de Cuiabá. Cuidou da Biblioteca do Convento dos Franciscanos que foi anexada à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a mais antiga da universidade e, por isso, é considerado o primeiro bibliotecário público de São Paulo. Fez também parte da primeira turma da Academia de 1828.[1] BiografiaVida inicialNascido em São Paulo, seus pais eram Francisco Mendes de Oliveira e Ana Maria Franca.[2] Era mulato, ficando cedo órfão, tendo uma infância e adolescência de grande pobreza, chegando a ficar sem roupa, sem comida e sem cama para dormir.[3][4] Acabou sendo apoiado por Dom Mateus de Abreu Pereira e, ainda jovem, foi nomeado sacristão da Catedral da Sé.[4] Bibliotecário e padreFoi ordenado padre em 7 de abril de 1821.[5] Por ocasião da criação dos cursos jurídicos no Império, matriculou-se em 1828 no 1.º ano da Academia de São Paulo, formado bacharel em 1832. Durante seus estudos, visando se manter dignamente, trabalhou, além dos serviços religiosos, como fiscal da Câmara e como bibliotecário da Biblioteca Pública de São Paulo, onde fez um importante e minucioso trabalho de catálogo e categorização. Nessa mesma época, foi eleito para o Conselho Geral da Província de São Paulo.[6] EpiscopadoAinda estudante de Direito e bibliotecário, foi nomeado pela Regência Trina em nome do Imperador Dom Pedro II como bispo de Cuiabá, em 27 de agosto de 1831.[3][7] Foi enviada a apresentação à Santa Sé em 7 de janeiro de 1832 e o Papa Gregório XVI o confirmou em 2 de julho, sendo consagrado na Catedral da Sé, em 8 de dezembro do mesmo ano, por Dom Manuel Joaquim Gonçalves de Andrade, bispo de São Paulo.[5][7] Tomou posse da Diocese por meio de procuração ao cônego José da Silva Guimarães em 2 de junho de 1833. Por conta de sua nova função, demitiu-se da Biblioteca e partiu para Cuiabá, onde chegou em 27 de novembro de 1833. Apesar de já estar longe, foi eleito deputado nas 3ª e 4ª Legislaturas do Império.[7] Durante sua prelazia, atuou como o pacificador na Rusga, conflito estabelecido entre colonizadores portugueses e nativos de Cuiabá, salvando inúmeras vidas na luta armada entre 1833 e 1834; saía nas ruas carregando um grande crucifixo.[4][8][9] Esteve presente na coroação de Dom Pedro II do Brasil, na Capela Imperial da Corte, no dia 18 de julho de 1841.[7][8] Foi o primeiro bacharel em Direito formado no Brasil a ser elevado ao episcopado, e por sua formação, imprimiu um tom conciliador durante sua prelazia.[7][8] Foi o fundador do Seminário da Conceição, em 1858,[4] criando seus primeiros estatutos e reforçando, junto aos párocos locais, a necessidade de melhorar a qualidade de seus conhecimentos, tanto em filosofia, como em teologia dogmática e latim.[10] Durante a eclosão da Guerra do Paraguai, sua jurisdição eclesiástica foi afetada sobremaneira, com combates se desenrolando nas paróquias ao sul da Diocese.[10] Em 1864, era o decano entre os bispos no Império.[7] Durante o surto de varíola em 1867, transformou a casa paroquial e o Seminário em hospitais, além de acompanhar e realizar diversas extrema-unções.[9][10] Foi um abolicionista, tendo inclusive trocado correspondência com o então ministro da Agricultura, Teodoro Machado Freire Pereira da Silva, sobre a Lei do Ventre Livre.[10] Participou de uma cerimônia de concessão de liberdade a 62 escravos, em 29 de março de 1872.[10][11] Foi agraciado com a Imperial Ordem de Cristo.[4] Faleceu em Cuiabá em 11 de outubro de 1876, após 44 anos de episcopado, e foi sepultado na cripta da Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus.[12] Ordenações episcopaisDom José Antônio dos Reis foi o principal consagrante dos seguintes prelados:[5]
HomenagensDom José Antônio dos Reis é o patrono da Cadeira nº 9 da Academia Mato-Grossense de Letras.[13] Também empresta seu nome a uma rua em São Paulo[14] e a uma praça em Cuiabá.[15] Referências
Notas
Bibliografia
Ligações externas
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