Nota: Se procura o militar e político brasileiro, consulte Jacinto Jorge dos Anjos Correia
Jorge dos Anjos (Ouro Preto, 30 de abril de 1957) é um artista plástico do estado brasileiro de Minas Gerais.
Envolvido com a gravura e escultura, coleciona prêmios em salões nacionais de arte. Tornou-se ao longo da carreira um dos nomes mais expressivos da arte mineira contemporânea.
Seu nome também está vinculado à participação e colaboração em festivais de arte negra.
Vida
Jorge dos Anjos viveu a infância e juventude em Ouro Preto, onde, de 1970 a 1976, estudou na Fundação de Arte de Ouro Preto (Faop).[1]
A inspiração para a arte veio da própria cidade e seu cenário barroco, bem como pelas cores de Nello Nuno, do qual foi aluno,[1] e estruturas tridimensionais de Amílcar de Castro.[2]
Em 1984, ao viajar para a Bahia, passou a ter mais proximidade com elementos do candomblé e os agregou em sua arte.[3]
Em 1987, Jorge dos Anjos passou a criar projetos em papelão para esculturas.[4]
Em 1989, mudou-se para Belo Horizonte para ampliar as possibilidades de trabalho.[4]
Em 29 de junho de 2010, foi lançado o livro Risco, Recorte, Percurso composto pela cronologia artística e análise da produção de Jorge dos Anjos.[5] O livro conta com a adesão de nomes consagrados na cena artística mineira com prefácio do historiador Roberto Conduru, análise crítica de Márcio Sampaio e Joëlle busca, poemas de Gustavo Penna, Ricardo Aleixo e Tavinho Moura, além de projeto gráfico de Marconi e Marcelo Drummond.[5]
Outras obras do artistas estão presentes nos livros Revue Noire- Brésil Afro-brasileiro (1996), Um século de História das Artes Plásticas de Belo Horizonte (1997) e Visagens (1998).[6]
Estilo e recepção crítica
As esculturas de Jorge dos Anjos são produzidas em ferro, pedra-sabão e madeira a partir dos desenhos elaborados pelo artista. Por isso, suas peças são originais, de grandes ou pequenas dimensões, influenciadas pelo imaginário africano[7] e marcadas pelas dobras, volumes e recortes.[8]
O jornalista e ex-prefeito de Ouro Preto Angelo Oswaldo de Araújo Santos classifica a produção do artista como um "balé das silhuetas".[9]
Desde a década de 70, o artista pesquisa e desenvolve várias possibilidades expressivas das artes visuais – linha, cor, aço, pedra, madeira, marcas do ferro na tela e fogo no feltro.[2]
Segundo a historiadora Marília Andres Ribeiro, os registros no feltro são "marcas de violência" que "são purificadas nos rituais performáticos realizados pelo artista no chão".[2]
Segundo o historiador de arte Roberto Conduru, as obras de Jorge dos Anjos acentuam a dimensão abstrata do confronto de signos construtivos e religiosos, além de explorar a geometria da simbologia religiosa e a estrutura do plástico.[10]
A obra Portal da Memória está instalada na Lagoa da Pampulha, um dos símbolos da capital de Minas Gerais,[11] e tem a finalidade de proteger o espaço dedicado a Iemanjá.[2]
Outra produção é o Monumento Zumbi Liberdade e Resistência - 300 anos, instalada na Avenida Brasil, em Belo Horizonte.[6]
Outras obras estão espalhadas em todo o País em prédios públicos, museus, galerias e coleções[8] e são marcadas pela simbologia e estética afrodescendente.[12]
Suas experiências também incluem o uso da pólvora, cola e fogo sobre o plástico para marcar o desenho.[2]
Referências
- ↑ a b Caleidoscópio. Jorge dos Anjos-Pintura, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ a b c d e Ribeiro, Marília Andrés. (setembro de 2009). A transversalidade nas poéticas de Gego e Jorge dos Anjos. UFMG. 18º Encontro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas Transversalidades nas Artes Visuais, Salvador, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ Mendonça, Adriana Aparecida. Laróyè - Exu na obra de Mario Cravo Neto. Dissertação (Mestrado). UFG, Goiânia, 2008.
- ↑ a b Pacheco, Daniela Paiva. Jorge dos Anjos. Papel Assinado, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ a b Barbosa, Daniel. (29 de junho de 2010). Jorge dos Anjos lança livro que compila sua produção. O Tempo, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ a b PUC-MG. (19 de maio de 2006). 3º Festival de Arte Negra- Mostra de Jorge dos Anjos na Praça da Estação. Arte e Cultura, n.45, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ Itaú Cultural (24 de maio de 2022). «Jorge dos Anjos. ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.». Consultado em 12 de fevereiro de 2023
- ↑ a b Universidade Federal de Ouro Preto. (3 de maio de 2007). Casa dos Contos de Ouro Preto expõe esculturas de Jorge dos Anjos, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ Santos, Angelo Oswaldo de Araújo. (1995). Jorge dos Anjos. Catálogo da exposição Jorge dos Anjos - Esculturas: Rio de Janeiro, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ Conduru, Roberto. Arte Afro-brasileira. Belo Horizonte: C/Arte, 2007, p.40
- ↑ Câmara Municipal de Belo Horizonte. (1 de maio de 2010). Projeto Água em Fogo, acesso em 29 de junho de 2010
- ↑ Estado de Minas. (16 de outubro de 2009). Jorge dos Anjos apresenta suas novas pesquisas na mostra Gravadura, acesso em 29 de junho de 2010