John Banville
William John Banville (8 de dezembro de 1945), que assina como John Banville e às vezes com o pseudónimo Benjamin Black, é um escritor irlandês, romancista, adaptador de peças de teatro e guionista.[1] Reconhecido pelo seu estilo de prosa preciso, frio, forense, com uma inventividade Nabokoviana, e pelo humor negro dos seus geralmente maliciosos narradores, Banville é considerado "um dos romancistas literariamente mais imaginativos escrevendo na língua inglesa actual."[2] Ele tem sido descrito como o "herdeiro de Proust, via Nabokov."[3] Banville recebeu inúmeros prémios na sua carreira. O seu romance The Book of Evidence foi indicado para o Prémio Man Booker e recebeu o prémio Guinness Peat Aviation em 1989. O seu décimo quarto romance, The Sea (O Mar), ganhou o Prémio Man Booker em 2005. Em 2011, Banville foi galardoado com o Prémio Franz Kafka, e em 2013 ganhou o PEN Award irlandês e o Prémio de Estado de Literatura Europeia austríaco. Em 2014, recebeu o Prémio Príncipe de Astúrias de literatura [4] É considerado um candidato ao Prémio Nobel da Literatura.[5][6] A ambição declarada de Banville é dar à sua prosa "o tipo de densidade e a espessura que tem a poesia".[7] De 2006 a 2014, publicou oito romances policiais como Benjamin Black, em seis dos quais aparece a personagem Quirke, um patologista irlandês que é apresentado como vivendo em Dublin. BiografiaWilliam John Banville é filho de Agnes (de apelido Doran) e Martin Banville, um funcionário de uma garagem, em Wexford, Irlanda. É o mais novo de três irmãos; o seu irmão mais velho Vincent também é um romancista que escreve com o nome de Vincent Lawrence, além de com o próprio nome. A sua irmã Anne Veronica "Vonnie" Banville-Evans[8] escreveu um romance infantil e um livro de memórias[9] sobre a sua infância e juventude em Wexford. Banville fez a escola primária na CBS de Wexford, e depois estudou no St. Peter College também de Wexford. Apesar de ter pretendido ser pintor e arquitecto, não frequentou a Universidade.[10] Banville referiu-se a isto como "um grande erro. Eu deveria ter ido. Arrependo-me de não ter passado esses quatro anos para ficar bêbado e apaixonar-me. Mas eu queria ficar longe da minha família. Queria ser livre."[11] Por outro lado, declarou que a faculdade teria sido pouco benéfica para ele: "Não acho que teria aprendido muito mais, e acho que não teria tido a coragem de abordar algumas das coisas que eu abordei como jovem escritor se eu tivesse estado na universidade — eu teria sido calcado até me submeter pelos meus professores."[12] Após ter saído da escola, trabalhou na Aer Lingus, o que lhe permitiu viajar a preços com grande desconto, tendo tirado partido disso para viajar até à Grécia e Itália. Viveu nos Estados Unidos em 1968 e 1969. No seu regresso à Irlanda, foi vice-editor no The Irish Press, acabando por subir ao posto de chefe vice-editor. Desde 1990, Banville tem sido um colaborador regular do The New York Review of Books. Após o colapso do The Irish Press em 1995,[13] ele foi como vice-editor para o The Irish Times tendo, em 1998, sido nomeado editor literário. Este jornal também sofreu graves problemas financeiros e Banville foi forçado a sair. EscritaBanville publicou o seu primeiro livro, uma colectânea de contos intitulada Long Lankin, em 1970. Ele renegou o seu primeiro romance publicado, Nightspawn, descrevendo-o como "excêntrico, .., absurdamente pretensioso".[14] Banville escreveu três trilogias: a primeira, The Revolutions Trilogy, centra-se em grandes cientistas e engloba Dr. Copernicus (1976), Kepler (1981), e The Newton Letter (1982). Ele referiu que se interessou por Kepler e outros homens da ciência, após ter lido The Sleepwalkers de Arthur Koestler.[15] Compreendeu que, tal como ele, os cientistas estavam a tentar impor ordem no seu trabalho.[15] A segunda trilogia, às vezes referida coletivamente como Frames (Quadros), agrupa o The Book of Evidence (1989), em que vários dos seus personagens tinham aparecido em Ghosts (1993); Athena (1995) é a terceira em que aparece um narrador não-confiável e a explorar o poder das obras de arte. A terceira trilogia compreende Eclipse, Shroud e Ancient Light, em todas aparecendo as personagens Alexander e Cass Cleave. Tendo começado com Christine Falls, publicado em 2006, Banville tem escrito policiais sob o pseudónimo de Benjamin Black. Ele escreve as suas obras de ficção policial como Benjamin Black muito mais rapidamente do que compõe os seus romances literários.[16] Ele considera o seu trabalho como Black um ofício, e um artista como Banville. Ele considera o policial, nas suas próprias palavras, como sendo "ficção barata". Numa entrevista de julho de 2008 ao jornal argentino La Nacíón, a Banville perguntaram se os seus livros tinham sido traduzidos para o irlandês. Ele respondeu que ninguém os iria traduzir e que muitas vezes é referido pejorativamente como um West Brit (britânico ocidental).[17] Banville é fortemente cáustico com todo o seu trabalho, afirmando dos seus livros: "Odeio-os todos... Detesto-os. Eles são todos um embaraço permanente."[10] Em vez de se remeter ao passado, ele está continuamente a olhar em frente, "Tu tens que te pôr a mexer todas as manhãs e pensar sobre todas as coisas horríveis que fizeste ontem, e como podes compensar isso fazendo hoje melhor."[11] Não lê comentários sobre a sua obra pois já sabe – "melhor do que qualquer revisor" – os pontos em que residem as suas falhas.[18]
EstiloBanville é considerado pelos críticos como um mestre estilista de inglês, e sua escrita tem sido descrita como perfeitamente trabalhada, linda, deslumbrante.[20] David Mehegan do Boston Globe chama-lhe "um dos grandes estilistas a escrever em inglês actualmente", Don DeLillo descreve a sua escrita como "prosa perigosa e fluida", e Val Nolan no The Sunday Business Post apelida o seu estilo de "lírico, meticuloso e ocasionalmente hilariante";[21] The Observer descreve The Book of Evidence como "prosa fluindo na perfeição cujo lirismo, ironia patrícia e sentido doloroso de perda é uma reminiscência de Lolita." Banville afirmou que está "a tentar misturar poesia e ficção em alguma nova forma".[11] Ele é conhecido pelo seu humor negro e por uma sagacidade afiada e fria.[22] Em quatro romances como Banville (e um como Benjamin Black), ele tem usado o tropo dos olhos de uma personagem dardejando para frente e para trás "como um espectador em partida de ténis".[23] Em 2011, prometeu doar o seu cérebro ao The Little Museum of Dublin "para que os visitantes se pudessem maravilhar com a sua pequenez".[24] InfluênciasBanville disse numa entrevista à The Paris Review que gostava do estilo de Vladimir Nabokov; contudo, prosseguiu, "sempre achei que havia algo de estranho sobre o qual eu não conseguia pronunciar-me. Foi então que li uma entrevista em que ele admitiu que era surdo tonal."[12] Ele é fortemente influenciado por Heinrich von Kleist, tendo escrito as adaptações de três de suas peças (incluindo Amphitryon) e tendo usado Amphitryon como base para o seu romance The Infinities. Banville afirmou que imitou James Joyce como um aprendiz: "Após ter lido o Dubliners, e ter ficado impressionado com o modo como Joyce escreveu sobre a vida real, imediatamente comecei a escrever imitações ruins do Dubliners."[11] Contudo, relata o The Guardian: "O próprio Banville reconheceu que todos os escritores irlandeses são seguidores ou de Joyce ou de Beckett - colocando-se ele no campo de Beckett."[22] Ele também reconheceu outras influências. Em 2011, numa entrevista no The Charlie Rose Show, Rose perguntou, "O modelo sempre foi Henry James?" e Banville respondeu, "Eu penso que sim; as pessoas dizem, você sabe, que tenho sido influenciado por Beckett ou Nabokov, mas sempre foi o Henry James [...] de modo que quis segui-lo, eu queria ser um Jamesiano."[25] Vida PrivadaBanville casou com a artista têxtil norteamericana Janet Dunham com quem teve dois filhos que agora são adultos, mas o casal separou-se entretanto. Conheceram-se durante a sua visita a San Francisco, em 1968, onde ela era uma estudante da Universidade da Califórnia, Berkeley. Dunham descreveu-o durante o processo de escrita como sendo "um assassino que acabou de voltar de uma matança particularmente sangrenta".[26] Banville vive com Patricia Quinn, ex-chefe do Conselho das Artes da Irlanda com quem tem duas filhas. Prémios e homenagens
Prémio Man Booker, 2005Banville ganhou o Prémio Man Booker em 2005, depois de ter estado na lista final em 1989. O seu último trabalho teve como concorrentes as obras de Kazuo Ishiguro, Julian Barnes, Ali Smith, Sebastian Barry e Zadie Smith.[26] O voto dos juízes dividiu-se entre Banville e Ishiguro, tendo o presidente de juízes, John Sutherland, dado o voto de qualidade a favor de Banville.[26] No início daquele ano, Sutherland tinha escrito elogiosamente sobre o romance de Ian McEwan Saturday, tendo Banville criticado fortemente esta obra no The New York Review of Books. Banville admitiu mais tarde que, ao ler a carta de Sutherland em resposta à sua revisão, pensou: "Bem, posso dizer adeus ao Booker. Não tenho sido a pessoa mais popular nos círculos literários de Londres no último meio ano. E acho que Sutherland foi soberbo ao dar o seu voto decisivo a meu favor."[26] Banville evidenciou-se por ter escrito uma carta em 1981 ao The Guardian, solicitando que o Prémio Man Booker, ao qual ele era concorrente "à lista final de candidatos", lhe fosse dado para que ele usasse o dinheiro para comprar na Irlanda todas as cópias dos livros da lista inicial do prémio e as doasse a bibliotecas, "garantindo assim que os livros não apenas seriam comprados mas também lidos — o que seria certamente um caso único."[38][39] Quando o seu The Book of Evidence ficou na lista final do Prémio Booker de 1989, contou um amigo de Banville (amigo que este descreveu como "um cavalheiro das corridas"), que o escritor lhe tinha ordenado "para apostar nos outros cinco escritores da lista final, dizendo que era uma aposta segura, pois se ganhasse o prémio teria o dinheiro do prémio, e se perdesse um dos outros iria ganhar...Mas a coisa confundiu-me e eu nunca concretizei as apostas. Agora duvido que vá visitar a casa de apostas a breve prazo".[5] Prémio Kafka, 2011Em 2011, Banville recebeu o Prêmio Franz Kafka.[40] Marcel Reich-Ranicki e John Calder faziam parte do júri.[41] Banville descreveu o prémio como "um daqueles a que qualquer um quer realmente chegar. É um prémio ao estilo antigo e, sendo um velho excêntrico, é perfeito para mim... Estive em luta com Kafka desde que eu era adolescente", e agora a sua estatueta de bronze "irá fitar-me pousada na lareira".[42] Lista de obrasTrilogia The Revolutions
Trilogia Freddie Montgomery
Trilogia Alexander e Cass Cleave
Outros romances
Colectânea de contos
Teatro
Não-ficção
Como "Benjamin Black"Série Quirke
Outros
Guião de filmes
Referências
Leituras Adicionais
Ligações Externas
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