João de Sousa Ferraz
João de Sousa Ferraz (Jaú, 18 de setembro de 1903 — Limeira, 18 de setembro de 1988) foi um professor, jornalista, psicólogo, filósofo, tradutor, poeta e escritor brasileiro. BiografiaNascido em Jaú em 12 de junho de 1903, cursou as primeiras letras em sua cidade. Formou-se professor na Escola Normal de Campinas, onde foi redator-secretário da Gazeta de Campinas[1] e, junto com Germano Costa, fundou o jornal literário A Vanguarda.[2] Lecionou no magistério público secundário em várias escolas do estado,[1] ministrando as disciplinas de Pedagogia e Didática. Radicado em Limeira, lecionou Psicologia na Escola Normal e chefiou seu departamento educativo.[3][1] Foi presidente da Gazeta de Limeira[4] e fundou e manteve por mais de trinta anos o jornal literário Letras da Província, com patrocínio do Governo do Estado, considerado pelo crítico Aristeu Bulhões como trazendo "informação literária oportuna e atualizada",[5] e "pelo continuado apoio que tem dado aos escritores pátrios, constitui-se, sem dúvida, em elemento dinâmico de intercâmbio estético".[6] Representou Limeira no II Congresso Paulista de Escritores de 1948[7] e foi delegado ou conferencista em diversos congressos científicos internacionais.[8] Foi membro da comissão de Filosofia e Linguística da Associação Campineira de Imprensa,[9] da comissão de Intercâmbio Cultural do Clube de Poesia de São Paulo,[10] da diretoria da Associação Brasileira de Escritores,[11] conselheiro fiscal da Sociedade Paulista de Escritores,[12] membro do Instituto Brasileiro de Filosofia, saudado em sua posse como "luminar da cultura filosófica no interior paulista",[13] da Sociedade de Psicologia de São Paulo, da Academia Paulista de Educação e do Centro Cultural Argentino, e dirigiu a Biblioteca Municipal de Limeira, onde faleceu em 18 de setembro de 1988.[1] ObraDeixou uma obra variada, que transita entre a pedagogia, a psicologia e a filosofia, além de alguns trabalhos puramente literários. Traduziu obras de psicologia e filosofia para o português,[3] deu colaboração para a Enciclopédia Brasileira da Educação, publicada pela Editora Globo,[1] e suas obras Noções de Psicologia da Criança e Psicologia da Educação foram traduzidas para o espanhol e foram adotadas oficialmente por escolas normais e faculdades de filosofia de países sul-americanos.[14] José Cardoso, escrevendo para a Revista do Professor, disse que Ferráz era um "brilhante intelectual" que prestou "relevantes serviços às letras nacionais".[15] Menotti del Picchia disse que era um nome "do alto mundo cultural de São Paulo", elogiando Compreensão Fenomenológica das Emoções como "um ensaio lúcido e útil".[16] Segundo Adriano Furtado Holanda, professor da Universidade Federal do Paraná, Ferraz foi "um nome de grande relevância" no campo dos estudos da fenomenologia, destacando as obras Psicologia Humana (1945) e Compreensão Fenomenológica das Emoções (1950). "Em ambas as publicações, o autor marca sua importância a partir da discussão de questões psicológicas — presentes desde a obra de Brentano e do primeiro Husserl —, além de marcar referências a Merleau-Ponty e William James".[17] Também foi citado pela historiadora argentina Clara de Bertranou como um autor a ser lembrado na fenomenologia na América Latina, destacando sua obra Compreensão Fenomenológica das Emoções.[18] No campo educativo, Ana Laura Lima destacou sua obra Noções de Psicologia Educacional (1957), onde defendia a ideia de que o pouco rendimento dos alunos podia não se dever à preguiça ou falta de inteligência, mas a experiências difíceis vividas ou por exigências escolares inadequadas, e considerava os castigos contraproducentes.[19] Para o psicólogo argentino Italo Foradori, Ferraz foi um importante psicólogo brasileiro e cumpriu "uma obra de difusão psicológica de suma importância, dando a conhecer em idioma português os estudos mais importantes de psicologia, em especial de autores norte-americanos. [...] Depois de publicar Noções de Psicologia da Criança, Sousa Ferraz deu a conhecer Psicologia Humana, livro recomendável por mais de um mérito. Com um critério amplo, firme e maduro, não só estudou todos os aspectos da personalidade, mas abordou decididamente as próprias fases da psicologia. [...] Em Os Fundamentos da Psicologia, Souza Ferraz mostra acabadamente seu conhecimento psicológico. [...] Esses livros sinalizam Sousa Ferraz como um erudito da psicologia e como um expositor excepcional. [...] Não duvidamos que Sousa Ferraz contribuiu com seus livros para dar um vigoroso impulso para a cultura psicológica do continente".[3]
Sua produção literária abrange contos e um romance, com temas envolvendo o povo e a região do Vale do Ribeira.[20]
HomenagensÉ o fundador da Cadeira 33 da Academia Paulista de Educação.[1] Seu nome batiza a Biblioteca Municipal de Limeira.[21] A Escola Técnica Agrícola Estadual de 2º Grau, em Limeira, foi batizada com seu nome em 1989 pela Assembléia Legislativa de São Paulo.[22] Seu romance Aguapés Flutuam na Ribeira foi destacado com menção honrosa pelo Pen Club de São Paulo.[1] Referências
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