Jack Smith (realizador)
Jack Smith (14 de novembro de 1932 - 18 de setembro de 1989) foi um cineasta, ator e pioneiro do cinema underground americano. É geralmente aclamado como o pai fundador da arte de performance americana e tem sido reconhecido pela crítica pela sua qualidade como fotógrafo, embora seus trabalhos fotográficos sejam raros e permaneçam em grande parte desconhecidos. Vida e carreiraSmith foi criado no Texas, onde fez seu primeiro filme, Buzzards over Baghdad,[1] em 1952. Mudou-se para Nova Iorque em 1953.[2] A mais famosa das produções de Smith é Flaming Creatures (1963), uma sátira aos filmes B de Hollywood e uma homenagem à atriz Maria Montez, que protagonizou muitas dessas produções. No entanto, as autoridades consideraram algumas cenas pornográficas e as cópias do filme foram confiscadas no dia da estreia e o filme foi posteriormente banido. Apesar de não ser possível vê-lo atualmente, o filme ganhou alguma notoriedade quando foram exibidas algumas cenas durante as audiências no Congresso dos EUA e Strom Thurmond, um político conservador, mencionou o filme nos seus discursos anti-pornografia. O filme seguinte de Smith, Normal Love, foi o único em toda a obra de Smith com uma duração quase convencional (120 minutos), e contou com várias estrelas underground, incluindo Mario Montez, Diane di Prima, Tiny Tim, Francis Francine, Beverly Grant, John Vaccaro e outros. Todas as suas outras produções são curtas-metragens, muitos delas nunca exibidas em cinemas, mas apresentadas em performances e constantemente reeditadas para se adequarem às necessidades do evento (incluindo Normal Love). Smith também trabalhou como ator, nos seus filmes e nos filmes de outros realizadores. Foi o protagonista do filme inacabado de Andy Warhol, Batman Drácula,[3] e no filme Blonde Cobra de Ken Jacobs, e fez parte do elenco de várias produções teatrais de Robert Wilson . Também trabalhou como fotógrafo e fundou o Hyperbole Photographic Studio em Nova Iorque. Em 1962, lançou The Beautiful Book, uma coleção de fotos de artistas de Nova Iorque, que foi republicada em fac-símile pela Granary Books em 2001. Depois do seu último filme, No President (1967), Smith foi autor de teatro experimental e de performance até à sua morte, em 25 de setembro de 1989, de pneumonia associada a SIDA.[4] EspólioEm 1989, Penny Arcade, um artista de performance novaiorquino, tentou salvar o trabalho de Smith do seu apartamento, após a sua longa luta contra a SIDA e subsequente morte. Arcade tentou preservar o apartamento para o transformar num museu dedicado a Jack Smith e à sua obra, porque Smith o tinha transformado num cenário elaborado para o seu filme épico Sinbad in a Rented World, que nunca viria a ser filmado, mas o seu esforço falhou. Até recentemente, o arquivo de Smith era co-administrado por Arcade, em conjunto com o historiador de cinema J. Hoberman, por intermédio da sua empresa, The Plaster Foundation, Inc. Dez anos após a morte de Smith, a fundação, funcionando apenas com donativos e boa vontade, restaurou todos os filmes de Smith, criou uma grande retrospectiva, com curadoria de Edward Leffingwell[2] no PS 1, o Contemporary Arts Museum, agora parte do MOMA, voltou a colocar os seus filmes no circuito de distribuição internacional e publicou vários livros sobre Jack Smith e seu trabalho. Em janeiro de 2004, o Tribunal de Justiça de Nova York ordenou a Hoberman e a Arcade que devolvessem o arquivo de Smith à sua herdeira legal, Sue Slater. Hoberman e Arcade argumentaram que Sue Slater tinha abandonado o apartamento de Jack e o seu conteúdo (a Fundação criou o arquivo e tomou posse da obra somente após 14 anos de tentativas repetidas e documentadas de comunicação com a herdeira). Num julgamento rápido, a juíza Eve Preminger rejeitou o argumento da fundação e entregou o arquivo a Sue Slater. Em outubro de 2006, a fundação ainda não tinha entregado o arquivo de Jack Smith, alegando a falta de pagamento de despesas associadas à preservação do mesmo, numa tentativa de que a obra de Smith fosse entretanto comprada por uma instituição pública que pudesse protegê-la e apresenta-la ao público. Segundo o curador Jerry Tartaglia, o diferendo foi resolvido em 2008, com a compra do espólio de Smith pela Gladstone Gallery. ImpactoSmith foi um dos primeiros defensores da estética que veio a ser conhecida como 'camp' e 'trash', usando meios de produção improvisados para criar um cosmos visual fortemente influenciado pelo kitsch de Hollywood e pelo orientalismo, e com o fime Flaming Creatures crou a cultura drag como é atualmente conhecida. Smith esteve fortemente envolvido com John Vaccaro, fundador de The Playhouse of the Ridiculous, cujo desprezo pela prática teatral convencional influenciou profundamente as ideias de Smith sobre a arte de performance. Por sua vez, Vaccaro foi profundamente influenciado pela estética de Smith. Foi Vaccaro quem introduziu Smith ao glitter e, em 1966 e 1967, Smith criou o guarda-roupa para o filme Playhouse of The Ridiculous de Vaccaro. O estilo de Smith influenciou o trabalho cinematográfico de Andy Warhol, bem como os primeiros trabalhos de John Waters. Apesar de os três fazerem parte do movimento de artes gay dos anos 1960, Vaccaro e Smith refutaram a ideia de que a sua orientação sexual era definidora da sua arte.[5] Filmografia selecionada
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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