Irmãos Campana
Os irmãos Campana são uma dupla de designers brasileiros formada por Humberto Piva Campana (Rio Claro, 17 de março de 1953) e Fernando Piva Campana (Brotas, 19 de maio de 1961 — São Paulo, 16 de novembro de 2022), reconhecidos internacionalmente por seus trabalhos de Design-Arte, cuja temática discute elementos do cotidiano ou simplesmente produtos sem nenhum valor comercial ou simbólico, que são transformados em peças de caráter artísticos, com uma linguagem única e de uso possível.[1] Os Campana são uns dos poucos profissionais brasileiros com peças no acervo do MoMA, em Nova Iorque.[2][3] BiografiaNascidos de um pai engenheiro agrônomo e de uma mãe professora primária, os irmãos Campana passaram toda sua infância em Brotas, no interior paulista. [4]Desde cedo, os irmãos mostraram aptidão com trabalhos manuais, pois criavam seus próprios brinquedos e até mesmo casas na árvore.[5][6] Início da carreira como designersHumberto Campana ingressou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1972, e concluiu seu bacharelado em 1977. Após um tempo trabalhando em um escritório de advocacia, Humberto tomou a decisão de largar tudo e se mudou para Ilhéus, na Bahia. Lá, aprendeu a fazer molduras de mosaicos e espelhos com conchas e terracota, e continuou praticando o artesanato até retornar a São Paulo em 1979. Após seu retorno, Humberto começou a frequentar cursos livres de escultura e metal em argila na Fundação Armando Alvares Penteado, e de joalheria, com o joalheiro Rodrigo Camargo.[6][4] Já Fernando Campana ingressou no curso de arquitetura da Faculdade de Belas Artes de São Paulo, no final da década de 1970. Após concluir a sua graduação, Fernando começa a se aprofundar nas artes plásticas, com que já tinha contato dentro da faculdade. Também começa a frequentar o curso de formação de monitores da Bienal de São Paulo, vivenciando a montagem da exposição internacional.[4] O primeiro trabalho dos irmãos se deu com Humberto chamando Fernando para ajudá-lo a fazer algumas entregas de pedidos de natal. A partir daí, os irmãos começaram a trabalhar juntos, na Campana Objetos de Arte, uma oficina de artesanato.[6][4] Obras e exposiçõesAs obras dos irmãos Campana podem ser caracterizadas por possuírem um viés de sustentabilidade, reutilizando diversos materiais e objetos descartados em sua composição, como plástico, borracha, cordas, tijolos, bichos de pelúcia, entre outros. Ao dar um novo uso a esses materiais, eles acabam ressignificando esses objetos.[1] DesconfortáveisA primeira coleção de móveis dos irmãos foi apresentada em 1989, em uma exposição organizada pela empresa A Arquitetura da Luz, em São Paulo. A exposição, que foi nomeada de Desconfortáveis, fazendo alusão à falta de preocupação funcional e ergonômica dos objetos, trazia as cadeiras Positivo, Negativo, Hate1 e Hate2. A exposição propunha uma oposição ao funcionalismo, tendência na época devido à influência da Bauhaus. Em 1993, a revista italiana Domus publicou uma matéria falando sobre a exposição, propulsionando os irmãos internacionalmente.[4][6][7] Poltrona FavelaA poltrona Favela foi construída originalmente em 1991, em dois exemplares, tendo sua produção assumida pela Edra em 2003. A poltrona busca imitar as técnicas e métodos utilizados nas construções de habitantes de baixa renda.[4] Os exemplares originais foram feitos utilizando peças de madeira descartada, coladas numa estrutura metálica.[8] Cadeira VermelhaEm 1998 os irmãos Campana realizariam uma exposição retrospectiva no MoMa, trazendo com eles a Cadeira Vermelha, obra que se tornaria uma das mais importantes e famosas dos irmãos, e que os ajudou a deslanchar como designers. Fazendo parte de um trio de cadeiras, a coleção surgiu do desejo dos irmãos de criar cadeiras confortáveis. Apesar do sucesso da Cadeira Vermelha, poucos exemplares foram comercializados.[7][6][4] Foco no designEm 1999, os irmãos passaram a dar mais atenção às características de design das peças, preocupando-se com a funcionalidade, ergonomia e produção em escala industrial, a fim de baratear os produtos. Apesar dessa mudança de fase, as obras mantêm seu estilo de arte conceitual, que é uma marca da dupla.[6] Essa mudança de fase trouxe também a entrada dos irmãos no mundo da moda, fazendo uma parceria com a marca Melissa, para o lançamento de uma marca de sandálias. Também houve colaborações com a Lacoste, Louis Vuitton e com a São Paulo Fashion Week de 2013, onde ficaram encarregados da decoração.[6] Instituto CampanaEm 2009, os irmãos fundaram o Instituto Campana, que tem como objetivo manter e divulgar o patrimônio histórico da dupla, assegurar a conservação e sobrevivência de técnicas artesanais brasileiras e mundiais, e o desenvolvimento da inclusão e da educação como meio de melhorar a vida das pessoas, por meio de programas educativos de arte e design, palestras e exposições.[6] Com esses objetivos em mente, o instituto já realizou diversas parcerias com empresas e outras instituições, entre elas o Projeto Arrastão, onde foram realizados workshops para confecção de artesanatos utilizando calças jeans.[9] Prêmios da Dupla
Ver tambémReferências
Ligações externas
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