Iauareté
Iauareté, ou Iauaretê, é um povoado do município brasileiro de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas. O nomeSeu nome, como o de várias outras dessa região de fronteira, é definido nas inúmeras narrativas míticas até hoje guardadas pela memória social dos povos indígenas da área. Iauareté é a "cachoeira das onças", local onde em um passado remoto viveu uma gente-onça, propensa à guerra e ao canibalismo, e cujo extermínio coube aos irmãos Diroá, personagens-deuses dos mitos indígenas, que legariam aos homens de hoje vários rituais e conhecimentos xamânicos. HistóriaIauaretê foi também uma povoação de grande importância durante a história mais recente de colonização da região. Situada no ponto de confluência dos rios Uaupés e Papuri, sub-regiões densamente povoadas pelos índios Tariano, Tukano, Pira-Tapuia, Wanano, Arapasso, Tuyuka e outros, serviu como ponto de referência para inúmeros viajantes que percorreram a área desde o final do século XVIII, para seringueiros e comerciantes que exploravam a mão-de-obra indígena e, finalmente, como base para os missionários salesianos que em 1930 implantaram ali uma grande missão dedicada à catequese dos índios. Em cinco décadas de funcionamento, seus internatos receberam centenas de alunos indígenas. No fim dos anos 1980, foram construídos em Iauaretê um pelotão do Exército e uma pista de pouso, no âmbito de um programa de defesa e colonização da fronteira norte-amazônica, o chamado Projeto Calha Norte. A população local é de cerca de 3 mil pessoas, e o aspecto do lugar é o de uma pequena cidade, com energia elétrica, telefonia, televisão, colégios e comércio. Geografia
Iauareté está localizado dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro, no extremo noroeste da Amazônia brasileira. A localidade é o ponto onde o rio Uaupés adentra o território brasileiro, após percorrer uma extensa zona desde suas nascentes na Colômbia e delimitar por largo trecho a fronteira entre os dois países. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1961 a 1990 e a partir de 1993, a menor temperatura registrada em Iauaretê foi de 15,8 ºC em 19 de julho de 1975,[2] e a maior atingiu 39,4 ºC em 13 de fevereiro de 2010.[3] O maior acumulado de precipitação em 24 horas atingiu 189,9 mm em 24 de abril de 2002. Outros grandes acumulados superiores a 150 mm foram 172,1 mm em 26 de setembro de 1999, 158,1 mm em 12 de maio de 1977 e 153,1 mm em 18 de dezembro de 2002.[1] O mês de maior precipitação foi maio de 1976, quando foram registrados 952,2 mm, seguido por janeiro de 1971 (934,6 mm), março de 1971 (849,7 mm) e janeiro de 1976 (705 mm).[4]
Patrimônio culturalA Cachoeira de ItaueretêDevido às mudanças no cenário e ao novo estilo de vida que os índios passaram a adotar, algumas das lideranças locais solicitaram ao IPHAN, em 2004, o registro da Cachoeira de Iauaretê como patrimônio imaterial no Livro de Lugares, dentro do contexto do Decreto 3551/2000, que dispõe sobre o registro e cria o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial. Atendendo à solicitação dessas lideranças, o IPHAN desenvolveu, entre 2004 e 2005, um extenso trabalho de documentação da cachoeira, que deu origem a um dossiê sobre os significados culturais do lugar e de seus diversos acidentes geográficos (rochas, pedrais, canais e ilhas que cristalizam os feitos dos seres criadores do começo dos tempos). Em agosto de 2006, o Conselho Consultivo daquele órgão aprovou o pedido de registro, baseando-se na documentação técnica produzida por técnicos do órgão e do ISA. A Cachoeira de Iauaretê é, agora, o primeiro bem cultural que figura do recém-aberto Livro dos Lugares, ato de reconhecimento pelo Estado que implica o desenvolvimento de outras ações de salvaguarda visando à conservação desse patrimônio cultural. A Serra do Bem-Te-ViPorém, no mesmo ano, a Aeronáutica anunciou planos para dinamitar o afloramento rochoso da Serra do Bem-Te-Vi, com vistas a aumentar a pista de pouso local. Tal serra tem importância local semelhante à da Cachoeira do Iauaretê, e os índios tarianos acreditam ser lá a morada espiritual de Kamewa Perisi, ancestral dos principais sibs[nota 1] dos grupos étnicos. Em resposta às manifestações, a Comissão de Aeroportos da Amazônia (COMARA) anunciou a suspensão das obras em outubro. Referências
Notas
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