Holocausto Brasileiro
Holocausto Brasileiro é um livro-reportagem da jornalista Daniela Arbex, lançado em 2013, que denuncia os maus-tratos ocorridos no Hospital Colônia de Barbacena a partir de depoimentos de sobreviventes, ex-funcionários e pessoas diretamente envolvidas na rotina do maior hospício do Brasil. O Colônia foi responsável pela morte de 60 mil pessoas e chegou a arrecadar pelo menos 600 mil reais com a venda de corpos.[1] No prefácio, o nome "Holocausto Brasileiro" é justificado:
O livro foi bem recebido pela crítica. Em um editorial da Revista Época, é descrito como "um excelente começo para uma reflexão não apenas sobre o passado, mas sobre o presente."[2] Foi eleito Melhor Livro-Reportagem do Ano pela Associação Paulista de Críticos de Arte (2013) e segundo melhor Livro-Reportagem no Prêmio Jabuti (2014). Um documentário inspirado pelo relato foi lançado pela HBO em 2016; levando o mesmo nome do livro, foi dirigido pela própria Arbex.[3] O livro também ganhou uma adaptação para a televisão com a série Colônia, da Globoplay, lançada em 2021.[4] ConcepçãoA ideia da obra surgiu em 2009, quando Arbex viu as fotografias tiradas pelo jornalista e fotógrafo Luiz Alfredo para a extinta revista O Cruzeiro, em 1961. Após uma pausa, Daniela retomou o projeto em 2011, quando buscou conhecer os 190 sobreviventes do hospital. Entre 20 e 27 de novembro do mesmo ano, como resultado dessas investigações, uma série de matérias intutuladas "Holocausto Brasileiro" foram veiculadas no jornal Tribuna de Minas, onde Arbex trabalhava.[4] LançamentoO lançamento ocorreu em 6 de julho de 2013, em Belo Horizonte, durante uma sessão de autógrafos com a autora.[5] Em março de 2019, ganhou uma nova edição pela Editora Intrínseca.[6] Violência do hospital e de uma épocaPor se passar principalmente na primeira metade do século XX e no começo da segunda, o livro acaba por revelar os costumes de então. Exemplo disso é o tratamento dispensado às mulheres, especialmente as negras e pobres, como nos casos expostos a seguir.[7]
Outro caso é de Geralda, uma menina de 14 anos, nascida em 1950, que trabalhava de empregada na casa de um advogado que a estuprou. Mais tarde, após outro abuso, a menina engravidou. Foi mandada, com a ajuda de duas freiras, ao hospital, com o objetivo de abafar o caso.[nota 1] Antes, ao buscar ajuda, recebeu uma resposta típica:
De modo geral, o hospício não abrigava apenas "loucos", mas pessoas consideradas divergentes pela sociedade. Como observa o diretor André Ristum: "Eram as pessoas de que a sociedade queria se livrar, e hoje vemos que esses mesmos grupos ainda buscam espaço. Que falta de humanidade é essa que manda sumir alguém a partir de preconceito e afins? Há os arquétipos dos indesejáveis em uma sociedade que era e é machista, patriarcal, racista e homofóbica".[8] Ver também
Notas
Referências
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