Guernésiais, também chamada Dgèrnésiais, Guernsey French, Francês Normando Guernsey , é uma variante da língua normanda falada em Guernsey. Muitas vezes é chamada de patuá (patois) na ilha. É uma das Oïl que tem raízes no Latim, mas sofreu muita influência tanto da língua nórdica antiga (Norse) como do inglês em diferentes épocas de sua história.
Há uma rica tradição poética da língua Guernsey. Há canções inspiradas pelo mar, por coloridas figuras de linguagem, pelo folclore tradicional, bem como pela bela natureza da ilha. O maior poeta de Guernsey foi Georges Métivier (1790–1881), contemporâneo de Victor Hugo, o qual influenciou e inspirou poetas locais para imprimir e publicar suas obras poéticas. Métivier utilizou nomes de localidades da ilha, de aves e outros animais, ditos populares e fragmentos de poesia local medieval para criar suas Rimes Guernesiaises (1831). Denys Corbet (1826–1910) foi considerado como "Último Poeta" do Francês de Guernsey e publicou muitos poemas de seu tempo na sua língua nativa no jornal da ilha e também de forma privada.
Um trecho da poesia de Métivier: Que l'lingo seit bouan ou mauvais / J'pâlron coum'nou pâlait autefais (Seja o “lingo” bom ou mau, eu vou falar como meu querido velho pai).
O mais recente dicionário do Guernésiais, chamado "Dictiounnaire Angllais-Guernesiais" (Inglês-Guernsey ) e publicado por “La Société Guernesiaise, Abril 1967 (edição revisada em1982), foi escrito por Marie de Garis (1910–2010). Em 1999 De Garis recebeu um Ordem do Império Britânico (MBE) por seu trabalho.
Situação hoje
O Censo de 2001 registrou 1.327 (dos quais 1.262 nascidos em Guernsey) ou 2% da população fala fluentemente a língua, enquanto 3% a entendem perfeitamente. Desses 1.327, 70% (934) têm mais de 64 anos. Dentre os jovens, somente um em cada mil conhece bem a língua. 14% da população de Guernsay diz entender um pouco a língua.
L'Assembllaïe d'Guernesiais, uma associação de falantes Dgernesiais, fundada em 1957, publicou um jornal, Les Ravigoteurs. Outra associação publicou um livro de histórias e uma fita cassete para crianças.
Forest School de Guernsey patrocina um concurso anual de conversação na língua entre crianças da escola fundamental (6º ano).
O encontro anual “Eisteddfod” promove performances na língua, notas em jornais em estações de rádio relacionadas.
Há algum ensino do idioma em classes voluntárias de Guernsey.
A Radio BBC de Guernsey]] e o jornal Guernsey Press ambos apresentam periodicamente lições da língua.
Um Oficial para desenvolvimento da língua de Guernsey foi indicado em janeiro de 2008.[1]
Há a pouca programação de Televisão e Rádio em Guernesiais, sendo a língua aí quase ignorada, havendo algumas apresentações curtas, mais para quem quer aprender a língua na BBC Radio Guernsey
Mesmo com um claro desenvolvimento das línguas normandas, muitos ainda acham que o Guernesiais não é uma realmente língua e a veem como um dialeto da língua francesa, pois, como a escrita do Dgèrnésiais baseia fortemente naquela do francês, os franceses podem entender muito do que se escreve em Dgèrnésiais.
Obras diversas
O poeta Guernsey poet, George Métivier (1790 - 1881) – chamado o Burns Guernsey , foi o primeiro a produzir um dicionário da língua normanda das Ilhas do Canal, o Dictionnaire Franco-Normand (1870). Isso veio a estabelecer uma primeira ortografia que mais tarde foi modificada e modernizada. Entre seus trabalhos poéticos são as Rimes Guernesiaises de 1831.
O príncipe Louis Lucien Bonaparte publicou uma tradução da Parable of the Sower para o Dgèrnésiais em 1863 como parte de sua pesquisa de filologia.
Assim como Métivier, Tam Lenfestey (1818 ~ 1885) publicou poesias em jornais de Guernsey e num livro.
Denys Corbet (1826 ~ 1909), que se descreveu como o Draïn Rimeux (último poeta), mas a produção literária continuou. Corbet é mais conhecido por seus poemas, em especial por sua poesia épica L'Touar de Guernesy, um “tour” picaresco pelas paróquias de Guernsey. Como editor do jornal (em língua francesa) Le Bailliage, ele também escreveu folhetins em Dgèrnésiais usando o cognome Badlagoule ("tagarela"). Em 2009 houve na ilha uma amostra especial na paróquia Forest sobre Corbet e seu trabalho, quando do centenário de sua morte, onde se mostrou um retrato do escritor pintado pelo artista Christian Corbet, seu primo..
Thomas Henry Mahy (1862 ~ 21 Abril 1936) escreveu Dires et Pensées du Courtil Poussin, uma coluna regular em La Gazette Officielle de Guernesey, desde 1916. Uma coletânea foi piblicada em libreto em 1922. Mahy publicou peças ocasionaisde prosa e poesia em Guernésiais até o início doas anos 30.
Thomas Alfred Grut (1852 ~ 1933) publicou Des lures guernesiaises em 1927, colunas de jornais, ele também traduziu para o Guernésiais histórias escritas em Jèrriais escritas por Philippe Le Sueur Mourant.
Marjorie Ozanne (1897 ~ 1973) escreveu histórias que foram publicadas no Guernsey Evening Press entre 1949 e 1965. Algumas de suas promeiras peças podem ser encontradas na La Gazette de Guernesey dos anos 20.
O dicionário de Métivier foi superado pelo de Marie de Garis (n. 1910), Dictiounnaire Angllais-Guernésiais, cuja primeira edição foi em 1967, com suplementos em 1969, 1973, 3ª adição em 1982.
Quando as Ilhas do Canal foi invadida pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, a língua teve um ligeiro crescimento. Muitos das pessoas de Guernsey não queriam ser entendidas pelas forças de ocupação, dentre as quais havia quem entendesse inglês.
Victor Hugo incluiu a estranho nome Dgèrnésiais em alguns de seus romances sobre as Ilhas do Canal. Seu romance Les Travailleurs de la Mer (Les Travailleurs de la Mer) teria promovido a inclusão do termo pieuvre, Dgèrnésiais para polvo, na língua francesa, na qual polvo é poulpe.
Uma coletânea de histórias curtas, P'tites Lures Guernésiaises (em Guernésiais com tradução para o inglês), escritas por vários autores foram publicadas em 2006.[3]
Fonologia
A Metátese do /r/ é comum em Guernésiais, se comparamos com Sercquiais e Jèrriais.
Guernésiais
Sercquiais
Jèrriais
Francês
Português
kérouaïe
krwee
crouaix
croix
cruz
méquerdi
mekrëdi
Mêcrédi
mercredi
quarta-feira
Outros exemplos são pourmenade (passeio), persentaïr (presente), terpid (tripéd).
Verbos
aver – ter, haver (verbo auxiliar)
presente
pretérito
imperfeito
futuro
condicional
j'ai
j'aëus
j'avais
j'érai
j'érais
t'as
t'aëus
t'avais
t'éras
t'érais
il a
il aëut
il avait
il éra
il érait
all' a
all' aeut
all' avait
all' éra
all' érait
j'avaöns
j'eûnmes
j'avaëmes
j'éraöns
j'éraëmes
vous avaïz
vous aeutes
vous avaites
vous éraïz
vous éraites
il aönt
il aëurent
il avaient
il éraönt
il éraient
oimaïr -Amar (conjugação regular)
presente
pretérito
imperfeito
futuro
condicional
j'oime
j'oimis
j'oimais
j'oim'rai
j' oim'rais
t'oimes
t'oimis
t'oimais
t'oim'ras
t'oim'rais
il oime
il oimit
il oimait
il oim'ra
il oim'rait
all' oime
all' oimit
all' oimait
all' oim'ra
all' oim'rait
j'oimaöns
j'oimaëmes
j'oimaëmes
j'oim'rons
j' oim'raëmes
vous oimaïz
vous oimites
vous oimaites
vous oim'raïz
vous oim'raites
il' oiment
il' oimirent
il' oimaient
il' oim'raönt
il' oim'raient
Amostras de textos
Exemplos
Guernésiais (Pronúncia)
Português
Francês
Quaï temps qu’i fait?
Como está o tempo?
Quel temps fait-il ? Colloquial: Quel temps qu'il fait ?
I' fait caoud ogniet
Hoje está quente
Il fait chaud aujourd'hui
Tchi qu’est vote naom?
Qual é o teu nome?
Formal: Comment vous appellez-vous? Colloquial: Comment t'appelle tu? / Comment tu t'appelle? Quel est votre nom?
Coume tchi que l’affaire va? (kum chik la-fehr va)
Com vai você? Lit. Como vão seusnegócios?
Comment vont les affaires ? Coll: comment que vont les affaires ?
Quaï heure qu'il est?
Que horas são?
Quelle heure est-il ? Coll: Quelle heure qu'il est ?
Sarnia, chière patrie, bijou d'la maïr, Ile plloinne dé biautai, dans d'iaoue si cllaire Ta vouaix m'appeule terjous, mon tcheur plloin d'envie,
Et mon âme té crie en poine, mes iars voudraient t'veis. Quaend j'saonge, j'té vaie derchier, mesme comme t'étais d'vànt, Tes côtis si vaerts et ton sabllaon si bllànc, Tes bànques et tes rotchets. Ah! Dé toutes la pus belle. Mon réfuge et mon r'pos, chière île qu'est si belle.
Sarnia Chérie, ma chière patrie, D'l'île dé ma nèissance, mon tcheur a envie Ta vouaix m'appeule terjours, Et j'pense à té chaque jour. Ile plloinne dé biautai, Sarnia Chérie.
Sàns saver ta valeur, j'm'en fus en colère, Je v'yagis si llian, à l'aute but dé la terre. I m'dirent dé biaux pays, et j'm'en fus brâment Oueque la terre baillait à haut d'l'or et dé l'argent. Nous 'tait tous amis et i fit bal chaque jeur, Mais ta vouaix m'applait terjours, a m'déteurtait l'tcheur. Ch'est pourtchi qué j'm'en vians. Ah! té veis, la millaeure. Ma chière île dé répos, dé chenna j'sis saeure.
Sarnia Chérie, ma chière patrie, D'l'île dé ma nèissance, mon tcheur a envie Ta vouaix m'appeule terjours, Et j'pense à té chaque jour.
Ile plloinne dé biautai, Sarnia Chérie.
↑The Guernsey Norman French Translations of Thomas Martin: A Linguistic Study of an Unpublished Archive, Mari C. Jones, Leuven 2008, ISBN 978-90-429-2113-9
↑P'tites Lures Guernésiaises, edited Hazel Tomlinson, Jersey 2006, ISBN 1-903341-47-7
Bibliografia
Maria De Garis - Dictiounnaire Angllais-Guernésiais - Phillimore & Co Ltd – 05.11.1982 - Isbn=978-0-85033-462-3