Grande Prêmio da Hungria de 1988
Resultados do Grande Prêmio da Hungria de Fórmula 1 realizado em Hungaroring em 7 de agosto de 1988.[2] Décima etapa do campeonato, foi vencido pelo brasileiro Ayrton Senna, que subiu ao pódio junto a Alain Prost numa dobradinha da McLaren-Honda, com Thierry Boutsen em terceiro pela Benetton-Ford.[3][4] ResumoAlain Prost ainda lideraNelson Piquet venceu o Grande Prêmio da Hungria em 1986 e 1987, mas seu nome não constava estava entre os favoritos para a edição seguinte[5][6] dada a tibieza da Lotus. Por outro lado Ayrton Senna chegou a Hungaroring de olho na liderança do certame, preferencialmente vencendo a etapa húngara em novo duelo com Alain Prost. Para tanto ele deveria fazer a pole position num circuito de baixa velocidade, estreito, travado e com poucas opções de ultrapassagem. Sair em primeiro, entretanto, seria uma vantagem relativaː "A primeira curva está a favor do pole, mas em compensação ele larga no lado sujo da pista",[7] afirmou Senna antes de iniciados os treinos. A cautela do brasileiro têm razão de ser, afinal o traçado do circuito húngaro é ideal para os motores aspirados superarem os turbos.[8] "Preciso ser o pole position do Grande Prêmio da Hungria. Tenho ainda mais motivos para isso do que em Silverstone ou em Hockenheim; em Budapeste, há poucos pontos de ultrapassagem e chegamos ao momento mais importante do campeonato, pois o Prost está muito pressionado e as Ferrari podem voltar a surpreender. A corrida vale a liderança".[9] Ao afirmar o óbvio, o piloto brasileiro refreou a empolgação de parte da imprensa brasileira para quem é Ayrton Senna quem lidera o campeonato mundial de pilotos por ter cinco vitórias no bolso do macacão ante as quatro de Alain Prost, embora o critério objetivo da pontuação assinale 60 pontos do francês contra 57 pontos de seu companheiro de equipe e de acordo com o regulamento da Fórmula 1 será esta contagem a definir o campeão de 1988. Caso triunfe na Hungria com Prost em segundo, a liderança será de Senna pois ele e seu contendor estariam no topo da tabela com 66 pontos. Até mesmo um abandono de Prost seria benéfico a Senna, desde que este termine pelo menos em quarto lugar igualando os atuais 60 pontos do líder do campeonatoː nos dois casos a quantidade de vitórias favorecia ao brasileiro,[9] mas nem assim os pontos colhidos até o momento devem ser desconsiderados. Uma pole difícilChoveu na sexta pela manhã e por isso o treino da tarde ocorreu com o piso molhado, mas no fim da sessão o asfalto húngaro já estava seco devido ao sol forte e nele Alain Prost foi o mais veloz com sua McLaren deixando Ayrton Senna em quinto lugar, subjugado por três bólidos aspiradosː a Benetton de Alessandro Nanini e as Williams de Nigel Mansell e Riccardo Patrese.[10] Num circuito travado e quase sem pontos de ultrapassagem, o bom desempenho da concorrência obrigou a equipe de Ron Dennis a trabalhar durante a noite a fim de ajustar-se às características de Hungaroring extraindo o máximo dos turbos fornecidos pela Honda,[11] uma medida necessária, pois no treino de sábado a pole provisória esteve ao alcance de Mansell durante 55 minutos quando a McLaren de Senna ascendeu ao primeiro lugar em sua derradeira tentativa, superando o britânico da Williams por um décimo de segundo enquanto Alain Prost terminou em sétimo (queixando-se do tráfego, para variar) e Nelson Piquet em décimo terceiro após lidar com um problema nos freios.[8][12] Sob o ponto de vista estatístico, Ayrton Senna atingiu sua oitava pole position no ano e a vigésima quarta de sua carreira, número este igual ao dos tricampeões Niki Lauda e Nelson Piquet,[13] mas o valor dessa conquista reside num fato inusitadoː Nigel Mansell vendeu caro sua derrota ante o primor da McLaren e o talento de Ayrton Senna, pois o "leão" da Williams extraiu o máximo de si, mesmo vitimado pelo sarampo.[14] Hungria em dois atosO prenúncio de que o domingo não seria fácil para Ayrton Senna veio no momento da largada quando ele valeu-se do potente motor Honda para manter a McLaren na liderança ao contornar a primeira curva adiante de Nigel Mansell,[8] cuja Williams manteve-se próxima ao brasileiro durante onze voltas. Graças a um chassis bem adaptado ao circuito húngaro e ao bom rendimento dos motores aspirados, Mansell aproveitava as curvas para encostar em Senna, mas quando cruzavam a reta o brasileiro sustentava a liderança.[15] Mesmo alquebrado pelo sarampo, Mansell aproveitou a presença de Riccardo Patrese em terceiro com a outra Williams para insistir na caça a Senna até a abertura da décima segunda volta, quando tocou a roda dianteira direita na grama ao contornar uma curva,[15] obrigando o britânico a "domar" o carro e voltar à pista em quarto lugar atrás de Senna, Patrese e Boutsen, mas à frente de Prost. Como a vantagem sobre Riccardo Patrese oscilava entre um e dois segundos, Ayrton Senna não pôde poupar seu equipamento da forma como gostaria, de modo a compensar o desgaste sofrido com Nigel Mansell. Por outro lado, Alain Prost empreendeu uma corrida mais tranquila, pois embora tenha caído para nono durante a largada, superou as March de Ivan Capelli e Maurício Gugelmin em apenas duas voltas. Algum tempo depois, o francês chegou à zona de pontuação ao ultrapassar Gerhard Berger, da Ferrari e Alessandro Nannini, da Benetton. Para chegar ao pódio seria preciso duelar com as Williams e nisso Prost reduziu a diferença que o separava de Mansell até suplantá-lo na volta vinte e oito. Quanto a Riccardo Patrese, seu bólido perdeu rendimento até cair para o sexto lugar,[4] e quanto a Nigel Mansell, este abandonaria a disputa na sexagésima volta por falta de condições físicas.[15] Ainda em primeiro lugar, Ayrton Senna foi obrigado a acelerar e distanciar-se da briga, iniciada na volta trinta e dois, onde Alain Prost tomou a segunda posição de Thierry Boutsen na quadragésima sétima passagem. Nesse momento, os bólidos da McLaren estavam a três segundos de distância, pulverizados por Prost dois giros mais tarde quando o francês enquadrou o rival a curta distância. Quando Senna reduziu a velocidade a fim de ultrapassar os retardatários Gabriele Tarquini, da Coloni, e Philippe Alliot, da Lola, Prost foi ladino e mergulhou por dentro e mesmo expondo-se a um toque por falta de espaço, assumiu a liderança na volta 49, mas a beleza do duelo veio alguns metros adianteː ele deixou o carro escapar na aproximação de uma curva e tomou o contragolpe de Senna também pelo lado interno da pista.[4] Como permaneceu fora do traçado ideal, o piloto francês sujou os pneus e perdeu aderência, além de sofrer com vibrações intensas na dianteira do carro,[15] permitindo ao seu adversário abrir quase sete segundos de vantagem a dez voltas para o fim da contenda.[4] Decidido a vencer, Prost reduziu a diferença, mas Senna resistiu ao ataque e cruzou a linha de chegada em primeiro lugar,[3] meio segundo adiante de seu companheiro de equipe e a mais de trinta segundos da Benetton de Thierry Boutsen, sendo que Gerhard Berger (Ferrari), Maurício Gugelmin (March) e Riccardo Patrese (Williams) completaram a zona de pontuação.[8][16] Em tempoː Ayrton Senna tornou-se o primeiro piloto de Fórmula 1 a vencer três corridas consecutivas no mesmo ano desde os triunfos de Alan Jones com a Williams na Alemanha, Áustria e Países Baixos em 1979.[17][18][19] Num fim de semana onde os rivais eclipsaram seu protagonismo em algum momento, Ayrton Senna conseguiu a vitória mais difícil do ano e graças ao empate em 66 pontos com Alain Prost, a McLaren ficou a um passo do mundial de construtores com 132 pontos.[1] A partir destes números, a consagração de Senna depende de três vitórias nas seis provas restantes, independente dos resultados de Prost. Sem liderar o mundial de Fórmula 1 desde o Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 1987, as chances de o brasileiro chegar ao título são de 68% sob as regras vigentes.[20] Conforme a matemática, já não é mais apenas uma questão de torcida... ClassificaçãoPré-classificação
Treinos classificatórios
CorridaTabela do campeonato após a corrida
Notas
Referências
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