Garcia Pires de Bragança
Garcia Pires I de Bragança, O Ledrão (antes de 1186 - depois de 1206)[1], foi senhor de Ledra, um rico-homem e cavaleiro medieval do reino de Portugal e ainda mordomo-mor de Afonso IX de Leão em 1196 [2]. Primeiros anosGarcia era filho primogénito do magnate Pedro Fernandes de Bragança e da sua esposa e "co-irmã", Fruilhe Sanches de Celanova, pertencendo desta forma a uma das mais notáveis linhagens do Reino de Portugal, os Bragançãos. Esta família reveste-se de especial importância, pois para além do seu domínio incontestável na atual região de Trás-os-Montes, que integrava os seus domínios fronteiriços, que podiam facilmente mudar a fação do reino que apoiava (entre Portugal e Leão), destacava-se a sua reputação de valentes guerreiros[3]. A acrescentar a estas qualidades, e a acreditar nos Livros de Linhagens, o seu trisavô, Fernão Mendes I, teria casado com uma infanta filha de Afonso VI de Leão, dando-lhe desta forma um poder equiparável ao do seu suposto cunhado Henrique de Borgonha. Na corteEm PortugalGarcia Pires terá aparecido na corte de Sancho I de Portugal pela primeira vez por volta de 1186[2]. Apesar de não ter desempenhado nenhum cargo curial, parece ter ganho rapidamente a confiança do monarca, pois dele recebeu várias doações, nomeadamente Castro, Algariz e Midões, vilas da freguesia de Suçães (Mirandela), e também em Ledra[2]. A rápida confiança que adquiriu não era de admirar, dado que poucos anos antes o seu pai fora Mordomo-mor de Afonso I de Portugal[4]. Note-se também que Pedro era ainda vivo e na altura em que Garcia entrou na corte o pai ainda a frequentava, não sendo de rejeitar a probabilidade de o senhor de Bragança poder estar por detrás da grande e prematura doação que o filho recebeu. O seu casamento foi também muito prestigianteː de facto, Gontinha Soares de Tougues[1] era filha de Elvira Gonçalves de Sousa, que, para além de ter sido dama de companhia da infanta Teresa, filha de Afonso I[5], era neta de Gonçalo Mendes de Sousa, amigo próximo daquele mesmo monarca e um poderoso magnate que, como o pai, também havia exercido a Mordomia. Em agosto de 1192, confirma, juntamente com o seu irmão Vasco Pires de Bragança, uma doação do rei de Portugal ao seu sobrinho, Fernão Fernandes de Bragança (filho do irmão de ambos, Fernão Pires de Bragança) e à respetiva esposa, Maria Pires, das vilas de Sezulfe, Vimioso[6] e Mascarenhas[6]. Entre Portugal e LeãoÀ semelhança do seu pai, é provável que em determinado momento tenha deixado a corte portuguesa para se instalar no reino vizinho, onde terá servido Afonso IX de Leão como Mordomo-mor, uma vez que surge com este mesmo cargo no Reino de Leão em 1196[7]. De qualquer forma, regressa pouco depois a Portugal, uma vez que surge na documentação da corte portuguesa até 1206, ano em que subitamente deixa de confirmar documentos, o que significa que abandonou a corte. Provavelmente, terá falecido pouco tempo depois. Papel fundiárioQuer por herança, quer por doações régias, é certo que os domínios de Garcia Pires se localizavam essencialmente nas terras de Mirandela e Ledra, onde o seu domínio deveria ser tão marcante que ficou cognominado como O Ledrão. Uma governação que parece até digna de nota, uma vez que não se encontram, nas Inquirições Gerais posteriores, qualquer menção a roubos ou violências da sua parte[2], fazendo dele um caso raro no historial familiar. Tal como os pais, foi também um grande beneficiador da Ordem do Hospital, fazendo-lhes largas doações nos seus domínios. Uma delas foi Guide, registada pelas Inquirições, de cuja vila a Ordem detinha dois terços[2]. Confusões no cognomeA designação de Ledrão, que por confusão foi inicialmente traduzida como Ladrão[8], não era uma alcunha pejorativa, mas parece estar mais relacionada com o simples facto de ter sido senhor incontestável da região de Ledra (Trás-os-Montes). A prova é que os seus familiares tiveram alcunhas similiaresː o avô e o pai, senhor de Bragança, eram conhecidos como O Braganção, e o seu irmão Vasco Pires tinha a alcunha O Veirão, relacionada com as suas prováveis posses na região da Beira. Matrimónio e descendênciaGarcia desposou, em data incerta, Gontinha Soares de Tougues, Carnes Más,[2] filha de Soeiro Mendes de Tougues e de Elvira Gonçalves de Sousa, de quem teve:
Referências
Bibliografia
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