Furacão Alex (2016)

Furacão Alex
imagem ilustrativa de artigo Furacão Alex (2016)
Furacão Alex a 14 de janeiro de 2016
História meteorológica
Formação 12 de Janeiro de 2016
Extratropical 15 de janeiro de 2016
Dissipação 17 de janeiro de 2016
Ciclone tropical equivalente categoria 1
1-minuto sustentado (SSHWS)
Ventos mais fortes 140 km/h (85 mph)
Pressão mais baixa 981 hPa (mbar); 28.97 inHg
Efeitos gerais
Fatalidades 1 (indiretamente)
Danos Mínimos
Áreas afetadas Ilhas Bermudas, Ilhas dos Açores
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Parte da Temporada de furacões no Atlântico de 2016

O Furacão Alex foi o primeiro ciclone tropical atlântico a ocorrer em Janeiro desde o Furacão Alice em 1955, e o primeiro a se formar nesse mês desde 1938. Alex começou como ciclone extratropical perto das Bahamas a 7 de Janeiro de 2016. O sistema inicialmente deslocou-se para nordeste, passando pelas ilhas Bermudas a 8 de Janeiro, antes de virar para sudeste. Aprofundou-se depois, adquirindo ventos de força ciclónica pelo dia 10 de Janeiro. Seguiu-se um ligeiro enfraquecimento, e o sistema virou para este e nordeste à medida que adquiria características tropicais. A 13 de Janeiro desenvolveu-se em ciclone subtropical, bem a sul dos Açores, tornando-se o primeiro destes sistemas no Atlântico Norte desde 1978. Tirando vantagem das águas excepcionalmente quentes à medida que se movia para norte-nordeste, Alex desenvolveu-se em verdadeiro ciclone tropical a 14 de Janeiro, tornando-se um furacão. A tempestade atingiu o auge na Categoria 1 da Escala de furacões de Saffir-Simpson, com um vento máximo sustentado de 140 km/h, e pressão atmosférica de 981 milibares. Seguiu-se um ligeiro abrandamento, e no dia seguinte Alex fez landfall na Ilha Terceira como tempestade tropical. Ao mesmo tempo, Alex iniciou a transição para ciclone extratropical, completando-a pouco tempo após o landfall.

O furacão levou à emissão de alerta vermelho para os Açores, e ao encerramento de escolas e vários estabelecimentos. No dia 15 de janeiro Alex finalmente fez landfall sobre a Ilha Terceira, no Grupo Central dos Açores, à medida que enfraquecia para tempestade tropical. As rajadas de vento e chuva forte causaram poucos estragos ao longo do arquipélago, com resultados finais menos graves que os inicialmente esperados.

Alex é o primeiro furacão a formar-se no oceano Atlântico durante o mês de janeiro desde 1938. De acordo com o National Hurricane Center (EUA) é o primeiro a ocorrer neste mês desde o Alice, em 1955, e a quarta tempestade a formar-se nesse mês desde que se iniciaram os registos em 1851.[1] Alex é já o quarto furacão a atingir os Açores no século XXI, apesar do fenómeno ser considerado raro na região.[2] A 14 de Janeiro o Instituto Português do Mar e da Atmosfera atualizou o aviso vermelho, o mais grave de uma lista de quatro, para os Açores, prevendo que no grupo central do arquipélago as rajadas de vento possam atingir os 170 quilómetros/hora e o mar tenha ondas da ordem dos 14 metros, podendo atingir os 18 metros. [1] No mesmo dia o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, determinou o encerramento de todos os serviços e organismos regionais nas sete ilhas dos grupos Central e Oriental devido ao mau tempo, com excepção dos serviços considerados urgentes e essenciais, como hospitais, centros de saúde e serviços de protecção civil. Vários percursos rodoviários e terrestres foram também encerrados,[3] assim como a Universidade dos Açores, os tribunais e a Base Aérea das Lajes.[4]

Às 8 horas locais do dia 15 de Janeiro, Alex encontrava-se a 210 quilómetros a sul da Ilha Terceira, prevendo-se que esta ilha, juntamente com a Graciosa e São Jorge, todas do grupo central do arquipélago, fossem as mais atingidas. A meio do dia o presidente da região, Vasco Cordeiro, anunciou haver registo de pequenas derrocadas e transbordo de ribeiras nas ilhas do Pico e São Miguel, problemas entretanto solucionados, não havendo qualquer ocorrência significativa relacionada com a preia-mar, que se verificou por volta das 4:00/6:00.[5] O furacão passou a cerca de 20 quilómetros da Ilha Terceira pelas 12:30 horas locais,[6] tenho a protecção civil registado um total de 19 ocorrências.[7]

Antecedentes

Mapa demarcando o percurso e intensidade da tempestade, de acordo com a escala de furacões de Saffir-Simpson
Chave mapa
     Depressão tropical (≤62 km/h, ≤38 mph)
     Tempestade tropical (63–118 km/h, 39–73 mph)
     Categoria 1 (119–153 km/h, 74–95 mph)
     Categoria 2 (154–177 km/h, 96–110 mph)
     Categoria 3 (178–208 km/h, 111–129 mph)
     Categoria 4 (209–251 km/h, 130–156 mph)
     Categoria 5 (≥252 km/h, ≥157 mph)
     Desconhecido
Tipo tempestade
triangle Ciclone extratropical, baixa remanescente, distúrbio tropical, ou depressão monsonal

A temporada de furacões atlânticos actual é definida pelo período entre 1 de Junho e 30 de Novembro, janela temporal na qual os ciclones tropicais são mais prováveis de se desenvolver através da bacia oceânica. Ocasionalmente, estes sistemas desenvolvem-se fora da temporada,[8] com maior frequência em Maio ou Dezembro.[9] A actividade em Janeiro é considerada extremamente rara, com apenas cinco outras ocorrências conhecidas desde 1851: um furacão em 1938, uma tempestade tropical em 1951, o Furacão Alice em 1954-55, uma tempestade em 1978 e a Tempestade Tropical Zeta em 2005-2006.[10] Uma vez que Alice formou-se em Dezembro de 1954, Alex é somente o segundo furacão a desenvolver-se apenas em Janeiro desde a tempestade de 1938.[10][11] De acordo com o Dr. Jeff Masters do serviço meteorológico Weather Underground, a formação de Alex foi favorecida devido ao aquecimento global. Segundo o especialista, o recorde de altas temperaturas em 2015 causou uma temperatura da superfície do mar excepcionalmente quente, que alimentou o Alex; as temperaturas habituais desta estação provavelmente não teriam sustentado a transição de Alex de ciclone extratropical para tropical.[10]

Sem relação com o Alex, o Furacão Pali desenvolveu-se sobre o Pacífico Central no início de Janeiro, mantendo-se durante a formação de Alex. Esta foi a primeira ocorrência conhecida de ciclones tropicais simultâneos em Janeiro nas duas bacias oceânicas.[10]

Furacão Alex a 14 de Janeiro de 2016, às 15:30 UTC sobre o Oceano Atlântico Central. A imagem mostra um olho e bandas visíveis de tempestades espiralando sobre o centro de circulação inferior

Ver também

Referências

  1. a b Group, Global Media. «Mau Tempo - Açores começaram a sentir efeitos do furacão no fim da noite - Sociedade - DN». DN. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  2. Group, Global Media. «Furacão - Alex fecha creches, escolas e tribunais nos Açores - Sociedade - DN». DN. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  3. Renascença. «Furacão "Alex" encerra serviços públicos em sete ilhas dos Açores - Renascença». Renascença. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  4. «Mau tempo: Base das Lajes, universidade e tribunais encerrados nos Açores na sexta-feira». Observador. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  5. Group, Global Media. «Furacão - Graciosa, S.Jorge e Terceira com maior probabilidade de serem atingidas - Sociedade - DN». DN. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  6. Group, Global Media. «Furacão "Alex" passou cerca de 20 quilómetros a leste da Terceira - JN». JN. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  7. Group, Global Media. «Proteção Civil regista 19 ocorrências causadas pelo furacão - JN». JN. Consultado em 15 de janeiro de 2016 
  8. Laboratório Oceanográfico e Meteorológico do Atlântico, Hurricane Research Division. «Frequently Asked Questions: When is hurricane season?» (em inglês). National Oceanic and Atmospheric Administration. Consultado em 14 de janeiro de 2016. Cópia arquivada em 18 de julho de 2006 
  9. National Hurricane Center; Hurricane Research Division (4 de junho de 2015). «Atlantic hurricane best track (HURDAT version 2)» (em inglês). United States National Oceanic and Atmospheric Administration. Consultado em 14 de janeiro de 2016 
  10. a b c d Jeff Masters (13 de janeiro de 2016). «Unprecedented: Simultaneous January Named Storms in the Atlantic and Central Pacific» (em inglês). Weather Underground. Consultado em 14 de janeiro de 2016 
  11. Richard Pasch (14 de janeiro de 2016). Hurricane Alex Discussion Number 4 (Relatório) (em inglês). Miami, Florida: National Hurricane Center. Consultado em 14 de janeiro de 2016