François-André Danican Philidor
François-André Danican Philidor (Dreux, França, 7 de setembro de 1726 — Londres, Inglaterra, 31 de agosto de 1795) foi um compositor francês e também o melhor jogador de xadrez da sua época. Geralmente considerado como um dos criadores da opéra-comique francesa,[1][2] destacando-se Tom Jones e Le Maréchal-Ferrant. Além disso, compôs também a ópera Themistocle, uma tragédie lyrique. Na sua família, de origem escocesa e conhecida desde o século XVII, houve 14 instrumentistas, 9 dos quais eram também compositores. Philidor teve a sua carreira musical como um dos músicos da corte do rei Luís XV da França.[3] Entre os anos de 1750 e 1770, foi o principal compositor da França. Escreveu mais de 20 opéras comiques e duas tragédies-lyriques. Além disso, compôs música de câmara, cantatas e motetos seculares, um oratório. Musicou as Carmen seculare de Horácio e compôs um Te Deum que foi executado durante os funerais de Rameau. Em dezembro de 1792, no entanto, aos 65 anos de idade, Philidor precisou deixar definitivamente a França e partir para a Inglaterra. Fugia da Revolução Francesa (1789-1799), pois o seu nome figurava na lista de banimento. Provavelmente, isto não se deveu às suas ideias políticas, já que Philidor era bastante reservado sobre suas opiniões para além da música e do xadrez.[4] A família PhilidorFrançois-André Danican Philidor pertencia a uma extraordinária dinastia de músicos dos séculos XVII e XVIII. O nome da família era Danican ou D'Anican, de origem escocesa (Duncan). O nome Philidor, adicionado posteriormente, foi um apelido dado a Michel Danican por Luís XIII, devido ao toque do seu oboé, que lembrava um virtuose de Siena, chamado Filidori (afrancesado como Filidor e depois Philidor). Todos, a partir de Michel Danican, usaram a alcunha Philidor , dada por Luís XIII ao mais antigo deles, o oboísta Michel Danican, quando o rei, entusiasmado com seu virtuosismo, teria dito que ele lhe lembrava um talentoso músico italiano de outrora, chamado Filidoro - sobre o qual nada mais se sabe.[5] Dentre os mais destacados músicos da família estão:[6]
Carreira MusicalFrançois-André Philidor juntou-se ao coro real de Luís XV, em 1732, aos 6 anos de idade, e fez a sua primeira composição aos 11 anos. Dizia-se que o rei queria ouvir o coro quase todos os dias e os cantores, enquanto esperavam pelo soberano, jogavam xadrez, para aliviar o tédio, o que pode ter despertado o interesse de Philidor no jogo. Aos 10 anos, Philidor era pagem na capela real de Versailles, onde foi aluno de André Campra. Compôs o seu primeiro moteto aos 12 anos. Por volta de 1740, aos 14 anos, dava aulas de música em Paris e também trabalhava como intérprete e copista de música. Foi professor do compositor e pianista boêmio Ludwig Wenzel Lachnith. Nessa época, conheceu Diderot, que o chama Philidor o sutil, em O sobrinho de Rameau. Aos 18 anos, Philidor tem problemas com a polícia por suas declarações ousadas sobre liberdade de expressão, chegando mesmo a ser preso por duas semanas. Encontra Rameau, por quem tinha grande admiração, mas este último acusa-o de descaracterizar a música francesa com o uso de formas italianas. Já Rousseau, em 1745, solicita a colaboração de Philidor, para concluir sua ópera-balé Les Muses galantes.[7] Entre 1745 e 1754, Philidor passou a maior parte do tempo em Londres e, depois de uma turnê pelos Países Baixos, entra em colapso, mudando-se de lá como Samuel Johnson e Charles Burney. Retorna à capital francesa em 1754, embora, na França, a sua música fosse rotulada por alguns como demasiadamente italiana (resultado de suas viagens). No entanto, ele teve vários triunfos nos teatros, começando com Blaise le savetier, em 1759. As suas três óperas de maior sucesso foram Le sorcier (1764), Tom Jones, baseada no romance homônimo de Henry Fielding (1765), e Ernelinde, princesse de Norvège (1767).[8] Durante algum tempo, Philidor foi um dos principais compositores de ópera na França. Ao longo de sua carreira musical, produziu mais de 20 óperas cômicas e duas tragédias líricas. Também escreveu cantatas e motetos. XadrezEm 1744, Philidor frequentava o Café da Regência, em Paris, onde se reuniam os mais fortes jogadores da capital e pensadores como Voltaire e Rousseau.[3] Imediatamente adquiriu fama ao superar todos, culminando com sua vitória sobre Kermur de Legal, que era o campeão do clube[9] e havia sido o seu instrutor no jogo.[10] Dois anos mais tarde, viajou para a Holanda e Inglaterra, derrotando em Londres o sírio Stamma, que, com a saída de Greco, era considerado o enxadrista mais forte da época.[9] A partir daí, seu jogo era tão superior aos demais que Philidor sempre concedia algum tipo de vantagem aos oponentes, para dar interesse ao confronto. Outra circunstância que chamou muito a atenção do público foram as primeiras exibições simultâneas às cegas (quando o enxadrista enfrenta mais de um oponente, sem olhar para os tabuleiros);[9] na ocasião Philidor enfrentou dois jogadores em partidas distintas, o que nunca tinha sido visto na história até então.[10] Escreveu em 1749 Analyse du jeu des échecs (Análise do jogo de xadrez), um dos primeiros tratados sobre o jogo, o qual foi por mais de cem anos (com 70 edições) considerado como obra de referência no assunto. É dele a famosa frase «Les pions sont l'âme des échecs» (Os peões são a alma do xadrez).[11] Este livro foi traduzido para o inglês, alemão e italiano. Levam o seu nome no jogo uma abertura defensiva para as negras chamada de Defesa Philidor, estudos sobre situações de final de jogo, conhecidos como "Posições de Philidor", além do famoso "Mate de Philidor". Andrew Soltis escreveu que "Philidor foi o melhor jogador do mundo por 50 anos"; de fato, ele devia estar cerca de 200 pontos acima de qualquer pessoa no Rating ELO, separado pelos mistérios conceituais do jogo, os quais havia decifrado.[12] Também interessante é a opinião do Grande Mestre Boris Alterman sobre o jogo de Philidor:[13]
No mesmo artigo da web, analisando o jogo Bruehl vs Philidor, 0-1, Londres 1783, Alterman afirmou que Philidor entendia muito bem os conceitos modernos, como: poder de peões passados, peças boas e más de acordo com a posição; vantagem do domínio espacial; abertura de colunas; estrutura articulada de peões; importância do centro. Mais de um século após a sua morte, muitas de suas ideias[11] foram retomadas e aprimoradas, principalmente por outros dois excepcionais pensadores do xadrez, Wilhelm Steinitz e Aaron Nimzowitsch.[14] Jacques François Mouret, um dos melhores jogadores franceses do início do século XIX, era sobrinho de Philidor.[15] Partidas notáveis
Principais obrasÓperas
Outras obras musicais importantes
Livros
Referências
Ligações externas
|