O Forte de São João da Barra, também designado por Forte de São João Baptista e Forte da Conceição, localiza-se para leste da localidade de Cabanas de Tavira, numa pequena colina subjacente à Ria Formosa.
Os terrenos onde foi erigido o forte pertenciam às terras da Gomeira e o local onde mais tarde o forte foi erguido pensa-se que serviram de assento à Torre da Raposa, uma torre de menagem mourisca semelhante à Torre de Aires e que serviam de atalaia para vigia da costa, da qual apenas se conhece a sua existência por autores do século XVI[3][4].
Durante a 1ª invasão francesa de 1808, o forte foi tomado[8] pelo capitão Sebastião Martins Mestre, com o auxílio de populares, tendo em vista o auxílio de uma rebelião que se adivinhava no Algarve contra o jugo francês, veio a rebentar em Olhão. Martins Mestre ficou depois como governador do forte até 1819, quando se reformou.
A primeira Escola Oficial para rapazes da freguesia da Conceição[9] funcionou no forte desde 1857 até 1865, data da conclusão das obras do edifício da actual Escola do 1º Ciclo da Conceição.
Serviu de posto da Guarda fiscal de Cabanas até 1905, quando foi vendido a um particular, a troco do compromisso de construir um novo edifício para o dito posto mais próximo da povoação de Cabanas.[5]
Características
Apresenta planta quadrangular, em forma de estrela, com quatro baluartes em cada, com rampas de acesso a cada um. Possuía os aposentos do governador, capela dedicada a São João Baptista (os dois edifícios visíveis da face sul), aposentos da guarnição, estrebarias e armazém, para além de um poço.
A entrada apresenta duas lápides, uma referente à sua construção original, concluída em 1672 e a segunda referente à sua reedificação em 1793.
A primeira inscrição diz:
SENDO REGENTE DOS REINOS E SENHORIOS DE PORTUGAL O SERENÍSSIMO PRÍNCIPE DOM PEDRO O CONDE DE VALE DE REIS DOS CONSELHOS DE ESTADO E GUERRA CAPITÃO GERAL DESTE REINO ACHANDO ESTE SÍTIO CAPAZ MANDOU FAZER ESTA FORTALEZA DE PEDRA E CAL ESTANDO DESENHADA JÁ DE TERRA E FAXINA REINANDO O SENHOR REI DOM JOÃO O IV DA GLORIOSA MEMÓRIA NO ANO DE 1656 O MESMO CONDE DE VALE DE REIS MANDOU FAZER A PONTE DA CIDADE DE TAVIRA E GOVERNANDO ESTA FORTALEZA O SARGENTO MAIOR DOMINGOS DE CARPIÃO CASTANHEDA SE LHE ENCARREGOU A ADMINISTRAÇÃO DESTA OBRA A QUAL FEZ DAR PRINCÍPIO EM 19 DE DEZEMBRO DO ANO DE 1670.
Algumas individualidades patentes nesta inscrição:
Sereníssimo príncipe Dom Pedro, trata-se de Pedro II, em regência ainda em vida do reinado do irmão Afonso VI
FOI REEDIFICADA ESTA FORTALEZA POR SEU TERCEIRO NETO NUNO JOSÉ FULGÊNCIO DE MENDONÇA E MOURA CONDE DE VALE DE REIS GOVERNADOR E CAPITÃO GERAL DO DITO REINO GENTIL HOMEM DA CÂMARA DO PRÍNCIPE NOSSO SENHOR E DEPUTADO DA JUNTA DESTE REINANDO DONA MARIA I SENDO INSPECTOR DELA O DOUTOR JOSÉ CAETANO DE ANDRADE CASTRO ANO DE 1793.
↑Sarrão, Henrique Fernandes (1600). História do Reino do Algarve. [S.l.: s.n.]
↑Vaz, Adérito Fernandes (2006). O BRASÃO DOS VAZ E DOS VELHO E A LIGAÇÃO AOS CORTE REAIS NA HISTÓRIA DA CONCEIÇÃO DE TAVIRA. Tavira: próprio autor. 35 páginas
↑ abAnica, Arnaldo Casimiro (2011). Monografia da Freguesia de Cabanas de Tavira. Tavira: Junta de Freguesia das Cabanas de Tavira
↑Santana, Daniel; Maia, Manuel; Maia, Maria; Cavaco, Sandra (2005). Património Arquitectónico Militar de Tavira. Tavira: Câmara Municipal de Tavira. pp. 29–31
↑Aparece um "governador" Caetano Pereira no registo de Baptismo da sua filha Maria Hipólita na Freguesia da Conceição a 13 de Agosto de 1794. Ficheiro da imagem aqui [1]
↑Chagas, Ofir (2004). Tavira - Memórias de Uma cidade. Tavira: edição de autor