Firmiano de Morais Pinto
Firmiano de Morais Pinto (Itu, 1861 — São Paulo, 1938) foi um político brasileiro. Foi deputado federal e prefeito de São Paulo de 16 de janeiro de 1920 a 15 de janeiro de 1926. HistóriaEm 4 de maio de 1861 nascia o filho de Francisca Emília de Morais e de Antônio José Pinto. Em Itu, no interior do estado de São Paulo, Firmiano de Morais Pinto veio ao Mundo, e sua linha familiar mais próxima era composta ainda pela irmã, chamada Albertina de Morais Pinto – que foi casada com Martinho da Silva Prado Júnior, um deputado federal paulista eleito em 1891. Era descendente de avós militares: o alfere Antônio Pinto e o capitão-mor Joaquim Vieira de Morais, de Itu e de Porto Feliz – respectivamente. [1] Firmiano passou a maior parte de sua vida na cidade de São Paulo, onde se formou bacharel em ciências jurídicas e sociais no ano de 1882 na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em 1886, aos 25 anos de idade, casou-se com Cândida de Arruda Botelho, que tinha 18 e era filha do Conde do Pinhal, Antônio Carlos de Arruda Botelho, membro da elite cafeeira da época. Em 1891, Firmiano assumiu a gerência do Banco União de São Carlos a pedido de seu sogro que havia fundado o banco. Ingressou na política como secretário de polícia do Conselheiro Francisco de Carvalho Soares Brandão, que na época presidia a província de São Paulo.[2] Sempre foi amante de cavalos e de hipismo, chegando inclusive a presidir o Jockey Club de São Paulo entre 1922 e 1925, enquanto também era prefeito da cidade de São Paulo.[3] Posteriormente, exercendo o cargo de juiz municipal em Limeira, se tornou o primeiro juiz do Brasil a colocar a Lei Áurea em execução – tornando livres todos os escravos do município.[2] Foi deputado federal por São Paulo e sucedeu seu grande amigo Washington Luís na prefeitura da Cidade de São Paulo entre 1920 e 1926, uma de suas grandes obras foi a abertura da Praça do Patriarca em abril de 1922 e posterior inauguração em 1925. Se tornou herói nacional, reconhecido pelo Supremo Tribunal, ao defender e se manter junto da população da cidade que governava durante o período conturbado da Revolta de 1924. Faleceu em 1938,[1] aos 77 anos, e recebeu diversos tipos de homenagens, como o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo, de Portugal, a 18 de dezembro de 1923.[4] PolíticaIngressou na política como secretário de polícia do Conselheiro Francisco de Carvalho Soares Brandão, que na época presidia a província de São Paulo. Posteriormente, exercendo o cargo de juiz municipal em Limeira, se tornou o primeiro juiz do Brasil a colocar a Lei Áurea em execução – tornando livres todos os escravos do município. Com a proclamação da República do Brasil, que ocorreu em 1889, os municípios passaram a ser administrados por intendências formadas por três membros[5] (essas intendências governaram São Paulo entre 1890 e 1899, quando então Antônio da Silva Prado, o primeiro prefeito de São Paulo, assumiu) segundo o decreto de 15 de janeiro de 1890.[6] Firmiano fez parte deste grupo que governou São Paulo em 1894, mas em 1986 elegeu-se como deputado federal. Porém, logo no início de sua legislatura – em 1987 – renunciou ao cargo para se tornar Secretário do estado de São Paulo, sob a administração do então presidente do Estado; Manuel Ferraz de Campos Sales (que posteriormente se tornou o quarto presidente da república, no período de 1898 a 1902). Em 1898, se tornou secretário da Agricultura e demonstrou esforço notável para a defesa de imigrantes no estado, principalmente italianos.[1] Voltou ao cargo de deputado federal em 1900 e se manteve na câmara dos deputados até meados de 1902. Em toda sua carreira política, Firmiano conseguiu manter boas relações com a Europa e isso acabou lhe rendendo mais um cargo diferente: foi designado comissário de São Paulo em Paris em 1912, permanecendo até 1916.[1] Em 1920, Washington Luís convidou-lhe para ser seu sucessor na Prefeitura de São Paulo, já que - de ali em diante - assumiria o cargo de governador. Firmiano aceitou o convite de Washington Luís, concorreu à Prefeitura de São Paulo e venceu com folga as eleições. Foi prefeito, então, de 1920 a 1926, cumprindo dois mandatos (sendo reeleito nas eleições de 1922). Foi um dos grandes responsáveis pela urbanização da cidade, principalmente da região da Penha, que se resumia - basicamente- à colina. Por meio da divisão de antigas propriedades rurais, criou propriedades menores com maior potencial econômico, que acabaram dando origem às Vilas Guaiuva, Guilhermina, Esperança, Matilde, entre outras. Sua gestão também é lembrada pela retomada das obras do Parque Dom Pedro II, em 1922, que haviam sido iniciadas em meados de 1918 para abrigar o Parque das Indústrias, mas havia sido paralisada por causa da epidemia de gripe que atingiu a cidade.[2] Como prefeito, autorizou, também, a compra do terreno que pertencia a padres da Congregação da Paixão de Jesus Cristo para construir o Cemitério São Paulo. Estimulou, ainda, a divisão da Chácara Japão, que viria a se transformar no Jardim Europa e se tornar um dos bairros mais importantes da cidade. Foi um dos principais responsáveis pela canalização do Rio Tamanduateí por meio das obras da Avenida do Estado e do projeto de construção da Avenida Nove de Julho. Foi responsável também pela criação da Praça com o nome de José Bonifácio de Andrada e Silva, também conhecida como Praça do Patriarca. Foi o principal criador e desenvolvedor do projeto de construção do Mercado Municipal, também no centro da cidade, próximo ao Parque Dom Pedro II. Contribuiu e incentivou a Semana de Arte Moderna de 1922, liberando o uso do Theatro Municipal para a realização do evento. Apesar de todas as contribuições estruturais e urbanas, seu maior destaque como prefeito se deu em meio à Revolução de 1924, quando foi o único governante a não abandonar seu posto após a invasão das tropas do General Isidoro Lopes que viriam a formar a Coluna Prestes. Sem deixar a cidade em meio à bombardeios e invasões, Firmiano se manteve à frente da cidade e defendeu São Paulo e sua população de forma intransigente. Durante os 23 dias de Revolta, liderou diversos movimentos e Comissões de Emergência (Saúde, Transportes, Abastecimento, entre outras). Com a ajuda e as doações de recursos das mais poderosas e ilustres figuras da província, conseguiu manter um nível mínimo de ordem em São Paulo. É lembrado pelos casos do asfalto e da telefônica por ter viajado dia e noite, mesmo doente, para conseguir chegar em uma reunião onde se pôs favorável ao veto de um ato que, sob sua ótica, viria a prejudicar os munícipes e lesar seus interesses.[2] Ainda sob sua gestão, o Primeiro Centenário da Independência do Brasil foi comemorado, e Firmiano foi o anfitrião das comemorações e festas,[2] recebendo o Presidente da época, Epitácio Pessoa, e o Rei Alberto da Bélgica acompanhando de sua esposa, a Rainha Elizabeth, e outras pessoas ilustres. Na época, pensando nestas comemorações e eventos, concentrou as obras urbanísticas para a inauguração do Monumento do Ipiranga, que estava sendo executada pelo escultor Ettore Ximenes. Depois dos acontecimentos e dos atos heroicos em meio à revolta, foi acusado de cumplicidade às tropas do General Isidoro pelo Governo Federal[7] quando havia, corajosamente, enfrentado o chefe da revolta frente a frente de forma civilizada. Defendeu-se das acusações de forma brilhante e teve seu julgamento definido como ação benemérita por Sentença do Supremo Tribunal.[2] Após cumprir os dois mandatos como prefeito de São Paulo, retornou à câmara dos deputados em 1926 e permaneceu até dezembro de 1929. Se reelegeu novamente como deputado nas eleições de 1929, mas não cumpriu todo o mandato por causa da Revolução de 1930. Vida empresarial e socialFirmiano de Morais Pinto possuía propriedades rurais no interior do estado, próximas à região de Ibaté e era amante de hipismo. Foi um grande apoiador da construção da sede da Sociedade Hípica Paulista no quarteirão formado pelas ruas Pedroso de Moraes, Mourato Coelho, Arthur de Azevedo, e Teodoro Sampaio – onde antes se localizava o Sitio Capão.[2] Em 1904, figurou entre os fazendeiros de café que mais produziram em São Carlos, ficando na 7ª posição com 375.000 kg de café.[8] Pouco tempo depois de se juntar ao quadro associativo do Jockey Club de São Paulo,[3] se tornou um grande proprietário e criador. Ocupou também os cargos de Diretor e de Presidente do Clube entre 1922 e 1925, enquanto ainda era Prefeito de São Paulo. Frequentemente visitava, junto com seu grande amigo e ex-presidente da República, Washington Luís, o Hipódromo da Mooca na Rua Bresser – onde iam sempre acompanhados de suas esposas: Cândida de Arruda Botelho e Sofia Pais de Barros. HomenagensDepois de sua morte, em 1938, a Cidade de São Paulo ofereceu tributo por meio de uma herma[2] Nove anos após sua morte, um busto também foi feito em sua memória – desta vez executada pelo italiano Luiz Morrone. A obra foi inaugurada no dia 8 de fevereiro de 1947 como sinal de agradecimento por sua atuação heroica em meio aos dias difíceis da Revolução de 1924. O monumento foi imortalizado na Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis.[9][10] Em 4 de Maio de 1961 foi realizada, também, uma festa de comemoração pelo centenário do ex-prefeito e herói da cidade. Referências
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