F-Droid é uma loja de software para Android, tem uma função similar à da Google Play. O repositório principal, hospedado pelo projeto, contém apenas aplicativos livres e de código aberto.[1] Os aplicativos podem ser navegados, baixados e instalados a partir do site ou do F-Droid sem a necessidade de registro. As "anti-features" tais como publicidade, rastreamento de usuários ou dependência de software não livre são sinalizados nas descrições dos aplicativos.[4]
O site também oferece o código fonte dos aplicativos que hospeda e também o software que executa o servidor do F-Droid, permitindo que qualquer pessoa possa configurar seu próprio repositório de aplicativos.[5][6][7]
História
O F-Droid foi fundado por Ciaran Gultnieks em 2010. O cliente foi forkeado a partir do código fonte do Aptoide.[1][8] O projeto agora é administrado pela empresa inglesa sem fins lucrativos F-Droid Limited.[1]
Replicant, uma ROM Android com software totalmente livre, usa o F-Droid como sua loja de aplicativos padrão e recomendada.[9][10] O The Guardian Project, um conjunto de aplicativos Android gratuitos e seguros, começou a rodar seu próprio repositório F-Droid no início de 2012.[11] Em 2012, a Free Software Foundation Europe apresentou o F-Droid em sua campanha Free Your Android! para aumentar a conscientização sobre os riscos de privacidade e segurança do software proprietário.[12][13] O F-Droid foi escolhido como parte da iniciativa GNU a Day do Projeto GNU durante seu 30º aniversário para incentivar o uso de software livre.[14]
Em março de 2016 o F-Droid fez uma parceria com o The Guardian Project e CopperheadOS com o objetivo de criar "uma solução que pode ser comprovadamente confiável desde o sistema operacional, através da rede e serviços de rede, até as próprias lojas de aplicativos e aplicativos".[15]
Em 16 de julho de 2019, o projeto publicou uma "Declaração Pública sobre a Neutralidade do Software Livre". Esta declaração foi emitida para abordar a falha do projeto em prevenir "opressão ou assédio ... em seus canais de comunicação, incluindo seu fórum", a controvérsia em torno do site de midia social alt-tech "Gab, e para explicar como o Fediverse Tusky bloqueou o acesso a este site, enquanto o Fedilab permitiu que seus usuários escolhessem, era consistente com seus princípios.[16][17][18][19] Foram consideradas ações contra vários aplicativos, incluindo o Librem One da Purism, para excluí-las por permitir o acesso a sites como o Gab ou o spinster.xyz.[20][21][22]
Alcance do projeto
O site do F-Droid lista os aplicativos hospedados, mais de 3.800; o Google Play Store lista cerca de 3 milhões de aplicativos. O projeto incorpora vários subprojetos de software:
Cliente para pesquisa, download, verificação e atualização de aplicativos do android a partir de um repositório F-Droid.
fdroidserver - ferramenta para gerenciar os repositórios existentes e criar novos.
Gerador de sites baseado em Jekyll para um repositório.
O F-Droid constrói aplicativos a partir do código fonte disponível publicamente e livremente licenciado. O projeto diz que é executado inteiramente por voluntários e não tem processo formal de revisão de aplicativos[23], mas alguns contribuintes foram pagos por seu trabalho.[24][25][26] Os usuários ou os próprios desenvolvedores são responsáveis por adicionar novos aplicativos, garantindo que eles sejam livres de software proprietário.[27]
Cliente
O F-Droid não está disponível no Google Play. Para instalar o F-Droid, o usuário tem que permitir a instalação a partir de "Fontes desconhecidas" nas configurações do Android[28] e instalar o .apk do F-Droid a partir do site oficial.
O cliente foi projetado para ser resistente contra a vigilância, censura e conexões de Internet não confiáveis. Para promover o anonimato, ele suporta proxies HTTP e repositórios hospedados nos serviços do Tor. Os dispositivos do cliente podem funcionar como "lojas de aplicativos" improvisadas, distribuindo aplicativos baixados para outros dispositivos através do Wi-Fi local, Bluetooth e Android Beam.[29][30] O F-Droid oferece automaticamente atualizações para aplicativos instalados quando a extensão "F-Droid Privileged" é instalada, as atualizações também podem ser instaladas pelo próprio aplicativo em segundo plano.[31] Entretanto, as atualizações automáticas não são ativadas por padrão.[32] A extensão requer que o dispositivo tenha acesso root, ou que seja capaz de "flashear" um zip.[33]
Gerenciamento de chaves
O Android verifica se as atualizações são assinadas com a mesma chave, impedindo que outros distribuam atualizações que são assinadas por uma chave diferente.[34][35]
Originalmente, o Google Play exigia que os aplicativos fossem assinados pelo desenvolvedor do aplicativo, enquanto o F-Droid permitia apenas suas próprias chaves de assinatura. Assim, aplicativos instalados anteriormente de outra fonte têm que ser reinstalados para receber atualizações.[36]
Em setembro de 2017 o Google começou a oferecer aos desenvolvedores um serviço de chave de assinatura gerenciado pelo Google Play[37], oferecendo um serviço similar ao que o F-Droid oferecia desde 2011, e o F-Droid agora permite que os desenvolvedores usem suas próprias chaves através da reprodução de builds.[38]
Problemas de segurança
Em 2012, o F-Droid anunciou que havia removido um aplicativo devido a uma falha de segurança que poderia vazar informações pessoais.[39] Em 2017, o F-Droid declarou "Nenhum malware foi encontrado no f-droid.org em seus 7 anos de operação."[40] Em 2022, o F-Droid descobriu que mais de 20 aplicativos distribuídos continham "vulnerabilidades conhecidas".[41]
Recepção
Em agosto de 2019, Rae Hodge, da CNET, recomendou o F-Droid como forma de evitar malware de aplicativos do Google, o que, segundo o Google, era de baixo risco. Diz-se que as vantagens do F-Droid incluem melhores chances de segurança do software de código aberto, evitar rastreamento em aplicativos e um "processo de auditoria de segurança rigoroso", sem custos ocultos e maior personalização. As desvantagens seriam a falta de um sistema de classificação, apenas cerca de 2.600 aplicativos no F-Droid, contra mais de 2,5 milhões na Play Store, e um processo mais manual para atualização de aplicativos. Os editores alertaram que o F-Droid pode dar aos usuários mais controle e melhor privacidade e segurança, mas também exige mais diligência.[42]
Num artigo detalhado de abril de 2022 para o HowtoGeek, Joe Fedewa escreveu “A seleção de aplicativos é muito menor no F-Droid do que na Play Store, cerca de 3.000 em comparação com cerca de 3 milhões, mas isso é de se esperar. Se você deseja des-Google sua vida um pouco, ou apenas quer experimentar alguns aplicativos que tenham uma ética melhor, o F-Droid é um ótimo lugar para ir."[43]
Num artigo detalhado de dezembro de 2022 na Popular Science, Justin Pot escreveu "O F-Droid não substituirá a Google Play para a maioria das pessoas, mas é uma alternativa simples e agradável para encontrar aplicativos gratuitos e seguros antes de mergulhar no pântano que é a loja de aplicativos da Google."[44]
↑CiaraG (5 de novembro de 2013). «Client 0.54 released». F-droid.org (em inglês). Consultado em 31 de outubro de 2021. Arquivado do original em 26 de abril de 2015
↑CiaranG (14 de outubro de 2014). «Client 0.76 Released». F-Droid. Consultado em 31 de outubro de 2021. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2017