Ernst Widmer
Ernst Widmer (Aarau, 25 de abril de 1927 - Aarau, 3 de janeiro de 1990) foi um compositor, regente, pianista, professor e pedagogo musical suíço-brasileiro BiografiaSeu pai, um artista plástico, pretendia que o jovem Ernst também se tornasse um pintor. Mas, graças ao avô, que acreditou no seu talento musical e pagou seus estudos, pôde se formar no Conservatório de Zurique (1947 - 1950). Ali, sob a orientação de Willy Burkhard (composição), Walter Frey (piano) e Paul Müller (instrumentação), graduou-se, no ano de 1950, em Piano, Composição e em Pedagogia de disciplinas teóricas e contraponto.[1] Nesse período, a obra recente de Bartók exerceu sobre ele uma forte influência, que se traduz em várias de suas composições.[2] Em 1955, casa-se com a soprano belgo-brasileira Sonia Born, que então cantava na Rádio de Lugano.[3] Na mesma época, conhece Hans-Joachim Koellreutter, que havia fundado, em 1954, os Seminários Internacionais de Música da Universidade da Bahia - atualmente Escola de Música da Universidade Federal da Bahia - e precisava de professores que assumissem suas propostas inovadoras. Convidado por Koellreutter, o jovem casal Widmer aceita o desafio e vem para a Bahia, em 1956.[4] Widmer sucederia Koellreutter na direção dos Seminários Livres de Música, em 1963.[2] Separa-se da primeira esposa e, em 1962, casa-se de novo, desta vez com a soprano Eunyldes Bispo, mais conhecida como Adriana Widmer, sua antiga aluna, com quem teve três filhos - René, Laura e Bárbara.[5][6] Em Salvador, onde passaria a metade da sua vida - até a sua aposentadoria, em 1987 - Widmer foi professor titular da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Lecionou composição, orquestração, improvisação, teoria, percepção e educação musical, regente do Madrigal da Universidade Federal da Bahia e professor. Widmer idealizou os Cursos de Música Nova e as Apresentações de Compositores da Bahia. Foi mestre de três gerações de regentes e compositores de distintas tendências, dentre os quais se incluem Benito Juarez, Lindembergue Cardoso, Fernando Barbosa de Cerqueira (n. 1941), Jamary Oliveira, Carlos Veiga (28 de março de 1940 - 26 de junho de 2011), Tom Zé, Marco Antônio Guimarães, Agnaldo Ribeiro, Paulo Costa Lima e muitos outros. Foi também o mentor de um importante movimento musical que, em 1966, deu origem ao Grupo de Compositores da Bahia.[7] Em 1965, naturalizou-se brasileiro.[8] Autor de uma vasta obra, Widmer interessou-se pelo folclore musical baiano, compreendendo-o, porém, de forma peculiar, conforme explicou, em 1983, por ocasião da gravação da sua obra Sertania: Sinfonia do Sertão opus 138 (para voz, violão e grande orquestra),[9] composta para o filme de animação Boi Aruá, de Francisco Liberato de Mattos, que conta a história do Boi Encantado e seus sete desafios: "Aproveitamento, adaptação e arranjo de material autóctone fatalmente o deturpam. Geralmente, o resultado é deprimente e, destituído de sua força original, o material apresenta-se estranhamente aguado ou adocicado. Tentei amenizar a inevitável deturpação, reforçando propositadamente asperezas, depurando a opulência do aparato sinfônico a uma ascese de escassez e estruturando a forma de tal modo que a Sinfonia possa tornar-se retrato fiel da intrepidez, do rigor, da essência do universo do sertão". A admiração que nutria por seu compatriota Anton Walter Smetak, notável inventor de instrumentos musicais, resultou na composição de peças como Busca e Rumos, especialmente concebidas para o instrumental criado por Smetak.[10] Em 1987, depois de se aposentar, Widmer passa a dividir residência entre Salvador e Belo Horizonte, enquanto escrevia sua Ópera da liberdade, op. 172, sobre o episódio da Inconfidência Mineira (libreto de Myriam Fraga), apoiado pela Sociedade Vitae (Bolsa de Artes), obra que ficaria inacabada.[11][12] Depois da aposentadoria, os laços com a terra natal se estreitaram. Uma prova dessa reaproximação foi o concerto comemorativo do seu 60º aniversário, organizado pela administração do Cantão de Aargau e realizado em 27 de junho de 1987, em sua cidade natal. No ano seguinte, fundava-se em Aarau a Sociedade Ernst Widmer (Ernst Widmer Gesellschaft[13]) com o objetivo de fomentar e promover sua obra na Suíça e no estrangeiro. Por desejo do compositor, essa sociedade mantém seus manuscritos autógrafos e detém seus direitos autorais.[11] Em 1988, o valor de sua obra artística e pedagógica, nacionalmente reconhecido, conduziu-o à cadeira nº 31 da Academia Brasileira de Música, cujo patrono foi o musicólogo baiano Guilherme de Mello. Em 1989, Ernst Widmer organizou um singular encontro entre afoxé e sinfonia, no Teatro Castro Alves, em Salvador, com a participação da Orquestra Sinfônica da Bahia e do Grupo de Afoxé Filhos de Gandhi, na execução da obra Possível Resposta de Canto em Canto 2, opus 169, inspirada, por sua vez, em A Pergunta Não-Respondida de Charles Ives. No campo da pedagogia musical, destaca-se sua obra Ludus Brasiliensis, centrada no desenvolvimento das possibilidades criativas do aluno.[14] No mesmo ano, Widmer vai para a Suíça, a fim de escrever uma grande peça para a comemoração dos setecentos anos da Confederação Helvética – um empreendimento que não conseguiu finalizar, pois, pouco depois de sua chegada, descobriria estar gravemente doente. Faleceu em janeiro de 1990, aos 62 anos, em decorrência de um câncer de pâncreas.[15][12] Sua produção artística chega ao opus 173 e abrange vários gêneros musicais (peças didáticas, religiosas, de concerto, ópera, balé, música para cinema e teatro) e enorme variedade de formações vocais e instrumentais. Foi membro da Academia Brasileira de Música, tendo ocupado a cadeira 31.[16] Por desejo do compositor, a Ernst Widmer Gesellschaft, de Aarau, mantém seus manuscritos autógrafos e detém seus direitos autorais.[11] Principais obras musicais
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Referências
Discografia
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