Elias da Silva
Augusto Elias da Silva (Portugal, c. 1848[1] – Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1903), fotógrafo português radicado no Rio de Janeiro, pioneiro do Espiritismo no Brasil. Tendo emigrado para o Brasil, aportou no Rio de Janeiro em data ignorada. Na FotografiaNo Rio de Janeiro atuou como fotógrafo. Seu estúdio era situado à Rua da Carioca, 120, local onde residia e mantinha reuniões de viés religioso. Conservava os clichês fotográficos para eventuais reproduções de fotos de sua clientela, tendo sido premiado em diversas exposições fotográficas, o que era anunciado no verso de suas fotografias de gabinete. Causa espíritaElias da Silva veio a tornar-se membro ativo da Comissão Confraternizadora da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade. Fundou, a seguir, o Grupo Espírita Menezes, nome dado em homenagem a Antônio Carlos de Mendonça Furtado de Menezes, que fora um dos diretores da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, e cujo bondoso Espírito, desencarnado em 11 de dezembro de 1879, dirigia então os trabalhos do referido Grupo. Esta Sociedade, em 1885, fundiu-se à Federação Espírita Brasileira, para a qual se transferiram os seus sócios. À época, a divulgação dos fenômenos espíritas era alvo de tenaz resistência, principalmete por parte da religião oficial do Estado, o Catolicismo. Entre os ataques mais veementes destacaram-se, na Corte:
Com o apoio e o incentivo de sua sogra, D. Maria Baldina da Conceição Batista, e de sua esposa, D. Matilde Elias da Silva, com quem teve um filho (chamado de Augusto), ambas também espíritas, Elias da Silva lançou o jornal Reformador, a 21 de janeiro de 1883, às próprias expensas, instalando a redação e o prelo em seu atelier fotográfico à então rua da Carioca, 120 – 2º andar (ex-São Francisco de Assis) onde também residia com a família. A revista ReformadorPossuidor de caráter firme e sempre disposto a defender os menos afortunados, Elias da Silva sempre participou de movimentos altruísticos, como o protesto que encaminhou, em junho de 1883, ao Governo Imperial contra um ato de fanatismo praticado contra um pastor protestante, perseguido pela polícia da então Província da Paraíba, a mando de um padre católico. Na noite de 27 de dezembro desse mesmo ano[2] reuniu em sua residência, como de hábito, semanalmente, além da esposa e da sogra, os companheiros que mais de perto o auxiliavam na publicação do Reformador. Nesse encontro firmou-se entre os presentes o ideal de fundar-se uma nova Sociedade, que federasse os Grupos então existentes, através de "um programa equilibrado ou misto" e que difundisse por todos os meios o Espiritismo, principalmente pela imprensa e pelo livro. Fundação da FEBDesse modo, a 1 de janeiro de 1884, uma terça-feira, reunidos na residência de Elias da Silva alguns espíritas entre os quais Francisco Raimundo Ewerton Quadros, Manuel Fernandes Figueira, Francisco Antônio Xavier Pinheiro, João Francisco da Silveira Pinto, Romualdo Nunes Vitório, Pedro da Nóbrega, José Agostinho Marques Porto, era definitivamente instalada a Federação Espírita Brasileira. No princípio, as reuniões ordinárias da Diretoria, às quais compareciam também alguns sócios fundadores mais chegados, realizavam-se na residência do próprio Elias da Silva, e só a partir de 17 de dezembro de 1886 passaram a ser efetuadas na casa de Santos Moreira, numa sala gentilmente por ele cedida, já que Elias estava prestes a ausentar-se da Corte. Ainda por esse motivo foi que Elias, reeleito para o cargo de Tesoureiro em 2 de janeiro de 1885 e em 5 de janeiro de 1886, pediu aos amigos, em fins de 1886, que não o incluíssem na chapa para a eleição da nova Diretoria de 1887. Por essa razão, foi substituído nas funções da Tesouraria por F. A. Xavier Pinheiro. O Reformador, entretanto, continuou ainda à rua da Carioca, 120. O nome de Elias da Silva, que raramente deixava de figurar nas Atas das Sessões, não mais constou depois de 31 de dezembro de 1886. De volta à Corte, Elias da Silva voltou a ocupar o cargo de Tesoureiro nas eleições de 2 de março de 1888. Este foi o último ano em que exerceu funções na Diretoria da entidade, por sua própria deliberação, embora continuasse a freqüentar as sessões da FEB. Faleceu vítima de tuberculose pulmonar.[3] Defesa do idealCom relação à sua prática doutrinária, ele próprio descreveu o seu envolvimento com os fenômenos espíritas:
Elias da Silva e o Liceu de Artes e OfíciosO Liceu de Artes e Ofícios, instituição de ensino inaugurado em 1858 pelo arquiteto Francisco Joaquim Béthencourt da Silva, que também fundara, em 1856, a Sociedade Propagadora das Belas Artes, foi um tradicional centro de cultura do então Município da Corte. Reconhecendo a grande contribuição da instituição, Elias da Silva nela ingressou em 1892, como sócio remido, tendo sido proposto por A. J. F. da Costa Guimarães, um dos mais famosos fotógrafos do Rio à época. A diretoria da Sociedade Propagadora das Belas Artes, mantenedora do Liceu, ao ser cientificada, em 1903, do falecimento de Elias da Silva, que na ocasião era membro do seu Conselho Fiscal, mandou cerrar as portas do edifício e hastear, em luto, o seu pavilhão, decidindo ainda tomar parte em todas as manifestações fúnebres que se realizassem. Grupo Espírita Sete de MarçoFoi um centro espírita fundado em 1887 por Augusto Elias da Silva[5] em sua própria residência, à rua da Carioca, 120, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Foi criado em homenagem ao Dr. Alexandre José de Melo Morais, "médico da pobreza", historiador brasileiro, espírita desde 1877 e que falecera em 1882. O Grupo foi reaberto em 27 de abril de 1889 sob a presidência do fundador. O próprio Elias, ante a presença de vários sócios, entre os quais se destacavam Alfredo Pereira, Santos Moreira, Almeida Campos, Nelson de Faria, Almeida Reis, Pinheiro Guedes e Fernandes Figueira, historiou a vida do Grupo desde a sua fundação até à última sessão, em 23 de agosto de 1887, e demonstrou a evolução do espiritismo no Brasil até aquele momento. A Sociedade realizava sessões de estudos doutrinários e de desenvolvimento mediúnico, e nela se obtinham mensagens do mundo espiritual, que eram comentadas pelos presentes. Elias era um dos médiuns psicógrafos do Grupo. A instituição durou, pelo menos, até princípios de 1890[5] HomenagensA imprensa, ao noticiar o falecimento, referiu, entre outros trechos elogiosos:
Uma rua do Encantado, situada entre Piedade e Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tem o nome de Elias da Silva por sua homenagem. Notas
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