Quando olho para a minha infância ora me reconheço ora me ignoro. Nuca conseguirei saber as razões porque queria ser artista aos 5 anos... Mas a verdade é que a biografia dos meus primeiríssimos tempos poderia resumir-se assim: aos seis anos, queria ser artista, aos sete anos queria ser artista, etc. Etc. E, quando entrei para a Escola de Belas-Artes, vinte e quatro horas bastaram para trocar a pintura pela escultura. Porquê?
”
— Cristiano Lima, "Quando os artistas plásticos falam: Dorita de Castel-Branco".[3].
Entre 1962 e 1964 foi bolseira da Fundação Calouste-Gulbenkian e estuda em Paris, na École Supérieure de Beaux-Arts e na Academie du Feu entre 1963 e 1965. Neste período "de experimentação e assimilação de novas estéticas e novas expressões artísticas de escultura, terá contactado com os trabalhos de alguns protagonistas da renovação das linguagens, como Brancusi, Archipenko, Arp e H. Moore, referências seguras da escultura moderna europeia a que a sua obra não terá sido totalmente alheia". [1]
No início dos anos 70 é-lhe atribuído o Atelier Municipal nº 3 do recém criado Centro de Artes Plásticas dos Coruchéus, no Palácio dos Coruchéus em Lisboa, deixando o pequeno atelier onde anteriormente operava. [5][6][7]
Esteve representada na Exposição Artistas Portuguesas em 1977, organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa em colaboração com a Fundação Calouste-Gulbenkian que contou com uma primeira exibição em Janeiro e Fevereiro na sede da Fundação em Lisboa e uma segunda em Março e Abril no Centre Culturel Portugais, [1] em Paris, onde apresentou a obra Sculpture XIII.
"Em 1981, Dorita marcou o ano artístico graças à inauguração de duas importantes obras de sua autoria: o conjunto escultórico dedicado aos Emigrantes, no largo fronteiro à estação de Santa Apolónia, em Lisboa, e um grande monumento na ilha de Taipa, em Macau." [8] No mesmo ano, em cerimónia de 8 de Novembro, foi inaugurada a estátua de Afonso Costa em Seia, à qual presidiu o General António Ramalho Eanes, Presidente da República à época. A 20 de Dezembro de 1982 é inaugurada outra grande obra de Dorita Castel-Branco, o Monumento ao Centenário da Cidade da Figueira da Foz, na Rotunda do Centenário e pela mesma ocasião realizou também a medalha comemorativa dos 100 anos da cidade. Dorita de Castel-Branco foi "também medalhista – onde alcançou grande notoriedade trabalhando em numismática e ilustração."[9]
A sua obra está presente em espaços públicos, museus e colecções privadas, em Portugal e no estrangeiro. Só em matéria de escultura pública, contam-se 34 esculturas ou conjuntos escultóricos implantados em jardins, praças ou edifícios públicos por todo o país, no antigo território de Macau (Ilha da Taipa), no Brasil e na Venezuela. Está representada em diversas colecções, nomeadamente no Museu Nacional de Arte Moderna e Museu Antoniano em Lisboa, na Fundação Calouste-Gulbenkian de Lisboa e Paris na Biblioteca Nacional de Lisboa e no Museu Regional de Aveiro. [10][8]
"Para além da linguagem específica das formas (estilizadas, geometrizadas, muitas vezes exprimindo movimento) o que sobressai das obras da escultora lisboeta é uma grande força interior. De acordo com o Prof. José Fernandes Pereira (in Dicionário de Escultura Portuguesa, 2005), “A escultura de Dorita rejeita todos os elementos vinculados à escultura tradicional. Num trajecto que parte da figuração para a essencialidade da forma, o seu projecto artístico baseia-se num processo de simplificação gradual da figura, esquematizada e descaracterizada, até atingir uma síntese plástica não figurativa, inserindo-se numa tendência cada vez mais forte para a forma pura, perceptível e abstracta."[14]
A carreira de escultura foi dividida com a docência, tendo leccionado durante 34 anos em diversas escolas secundárias de Lisboa, entre elas, o Liceu Dona Leonor, a Escola Artística António Arroio, o Liceu Maria Amélia e a Escola Secundária Patrício Prazeres. [5]
Prémios e Reconhecimento
A escultora foi distinguida com diversos prémios no decorrer da sua carreira artística, entre eles:
Estoril — Salão de Arte Moderna, Medalha de Prata em Escultura.
Estoril — Salão de Arte Moderna, Medalha de Prata em Tapeçaria.
Estoril — Salão Antoniano, Medalha de Prata.
Estoril — Salão de Arte Moderna, 1º Prémio.
Madrid — II Bienal del Deporte, 1º Prémio.
Barcelona - 1º prémio da II Bienal Internacional del Deport en el arte, Barcelona (1969)
Lourenço Marques — Sociedade de Estudos, Condecoração de Grande Mérito.
Estocolmo — XX Congresso FIDEM, Menção Honrosa.
Estoril — 1º Prémio de Escultura "EDINFOR" (1993)
A Câmara Municipal de Sintra criou o Prémio Medalha Contemporânea Dorita Castel-Branco. [15][4][16]
↑Lima, Cristiano; "Quando os artistas plásticos falam: Dorita de Castel-Branco", Diário de Notícias. Lisboa: Diário de Notícias, 12 Junho 1969. in Garcia, Daniela; "Mulheres Escultoras em Portugal", Casal de Cambra: Caleidoscópio, 2016, P. 143.